17 MAI 2024 | ATUALIZADO 18:16
Luz Espírita
11/07/2016 07:52
Atualizado
14/12/2018 10:13

O mal está na riqueza?

O mal está na riqueza?

CARTAS DO CAMINHO

 

“É mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma agulha, do que entrar um rico no Reino dos Céus”. Esta conhecida passagem bíblica, historicamente, tem sido objeto de interpretações equivocadas, fazendo com que muitos de nós enxerguemos a riqueza com maus olhos, com vergonha, ou mesmo com que vejamos os ricos como pessoas impuras ou distantes de Deus.

Com absoluto respeito aos pensamentos contrários, a Doutrina Espírita vem nos esclarecer, com toda a coerência que lhe é peculiar, que referida “condenação” dos ricos é apenas mais uma ideia imatura que se faz a partir de uma leitura literal da bíblia, sem considerar o momento em que foi escrita, o idioma, a realização de diversas traduções, bem como, a falibilidade das ações e pensamentos humanos.

A bem da verdade, como elucida o Evangelho Segundo o Espiritismo, codificado por Allan Kardec, a prova da riqueza é muito mais perigosa e arriscada do que a da miséria. Ela coloca os mais abastados financeiramente numa posição muito próxima do orgulho, da ambição, da vaidade, do egoísmo e da vida sensual.

Exatamente pela fascinação que provoca e por tornar tão evidentes os prazeres da carne, é que tantas vezes o ser humano sucumbe, aprisiona-se cada vez mais à matéria e inebria-se pelas tentações do prazer exclusivamente material, acreditando ser autosuficiente, poderoso e indiferente à proteção de Deus.

E aí mora o comum engano de se atribuir à riqueza a culpa pelos males mundanos, quando deve ser atribuída ao ser humano que dela abusa, assim como abusa da maioria dos dons que Deus dá.

Ao contrário do que se prega, a riqueza é extremamente necessária à evolução da humanidade e está em total consonância com a Lei Moral do Progresso, tratada no Livro dos Espíritos, igualmente codificada por Kardec.

Nos dizeres do Evangelho, o homem torna pernicioso o que lhe poderia ser de maior utilidade. É a consequência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual.

E sobre a desigualdade das riquezas, quando muitos questionam os motivos de não serem igualmente ricos todos os homens, o Evangelho assevera: não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.

Aliás, a própria matemática serviria para demonstrar que, caso a riqueza fosse repartida igualmente, seria insuficiente, além de não promover o estímulo dos homens ao engrandecimento e evolução do planeta. Sem falar que, ainda que fosse distribuída igualmente, em pouco tempo o equilíbrio estaria desfeito, pela diversidade das características e aptidões das pessoas, a exemplo da disposição ao trabalho, inteligência e capacidade de esforçar-se.

Outra grande indagação que especialmente os descrentes fazem, diante do péssimo uso que algumas pessoas fazem da riqueza, é no sentido de compreender o porquê de Deus conferi-la justamente a tais criaturas tão ignóbeis ou deploráveis.

O Evangelho sabiamente esclarece que, se o homem só tivesse uma única existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens da Terra; se, entretanto, não tivermos em vista apenas a vida atual e, ao contrário, considerarmos o conjunto das existências, veremos que tudo se equilibra com justiça.

E nesse sentido, a pergunta 815 do Livro dos Espíritos questiona: Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria? E os espíritos respondem: Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência.

Assim, a pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação, e o melhor emprego que pode se dar a esta última se resume nessa máxima: “Amai-vos uns aos outros”. Eis a solução.

Meus irmãos, a mensagem de Jesus vem nos presentear com valiosas lições para que possamos percorrer com sabedoria e resignação o caminho de nossa evolução espiritual, ensinando que o problema não está na coisa, mas no emprego que conferimos a ela, esclarecendo, ainda, que nada obsta que se valorize ou zele os bens materiais, devendo sim o fazê-lo, mas que jamais o seja em detrimento do verdadeiro tesouro que se pode adquirir: as virtudes morais.

 

Fernanda Lucena

Casa do Caminho de Mossoró

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