28 MAR 2024 | ATUALIZADO 18:35
ECONOMIA
Da redação
01/08/2016 05:41
Atualizado
14/12/2018 04:44

Petróleo: mais 184 anos de exploração em Mossoró

Sindipetro afirma que região possui ainda capacidade para produzir 4 bilhões de barris em quase 200 anos.

O desmonte da Petrobras no Rio Grande do Norte tem gerado discussões por todos os lados. Enquanto uns defendem a sua permanência como fonte de emprego, renda e desenvolvimento, outros dizem que o Estado não possui mais capacidade de produzir a mesma quantidade de petróleo do que há 20 anos.

O fato é que todas as consequências recaem sobre o trabalhador. Dados mostram que mais de oito mil pessoas que trabalhavam na área ficaram desempregadas no período de um ano.

Entretanto, contra os argumentos apresentados pelo Governo Federal, o Sindicato dos Petroleiros do RN (Sindipetro) afirma que a crise vivenciada atualmente é momentânea e está ligada diretamente ao preço do barril, que já está se recuperando. Sobre a situação de Mossoró, a entidade destaca que o município possui petróleo para mais 184 anos de exploração.

A informação foi repassada com exclusividade ao jornal MOSSORÓ HOJE pelo coordenador-geral do Sindicato, José Araújo. Ele destaca que parte desse petróleo está em campos que ainda não foram explorados, mas que são viáveis.

“A Petrobras aqui em Mossoró possui uma produção de 26 mil barris de petróleo por dia. É uma produção significativa e que vem se estabilizando. Ela chega ao final de um ano com quase 1 milhão de barris de petróleo. O que está sendo dito para a população sobre crise é uma história mentirosa, vergonhosa, e nós não podemos aceitar isso”, desabafou.

Araújo revela que em 46 anos, a estatal extraiu cerca de um bilhão de barris na região de Mossoró. Este número não é ínfimo quando comparado ao que ainda está por extrair. São cerca de 4 bilhões a serem produzidos. Quantidade suficiente para 184 anos de extração. “É uma crise momentânea que não justifica a retirada da Petrobras”, acrescenta o sindicalista.

Caso prossiga na venda de campos petrolíferos e sua saída do Rio Grande do Norte, a Petrobras vai gerar um cenário de crise e caos, relata José Araújo.

“O fechamento de poços vai trazer desemprego, redução de royalties, redução de ISS, problemas nos movimentos sociais, problemas nos programas sociais e nos programas de geração de emprego e renda. São pessoas que vão ficar na sarjeta, desempregadas, ocupando o poder público, o que já não tem a menor condição de atender dignamente as nossas famílias”, explica o coordenador.

É o caso do paraibano Antônio Oliveira, que trabalha como terceirizado há 12 anos. Ele conta que a situação está cada vez mais difícil. Seu contrato com a empresa termina em agosto e a perspectiva de debandada da Petrobras traz preocupações para ele e sua família.

“Tá complicado. Não temos mais perspectivas. Trabalho com isso há 12 anos e se for demitido não sei o que eu vou fazer”, declarou.

Para José Araújo, a causa da crise é a falta de investimentos. “A crise é passageira e temos que investir para superá-la. Com a retomada dos investimentos aumenta a produção de petróleo, aumenta a produção de gás e, consequentemente, aumenta a geração de emprego”, explica.

Ele revela que o mercado estima uma recuperação do barril de petróleo ainda neste ano. A expectativa é que até o ano que vem, o barril de petróleo chegue ao valor de US$ 75, um patamar considerado equilibrado e lucrativo.

 

“Projeto de Beto Rosado é uma grande mentira”, diz coordenador do Sindicato

Durante entrevista ao jornal MOSSORÓ HOJE, José Araújo criticou o projeto do deputado federal Beto Rosado (PP), que prevê a devolução pela Petrobras à União de campos com reservas inferiores a 50 milhões de barris e produção inferior a 15 mil barris por dia.

Em tese, a venda dos campos maduros para as pequenas empresas seria uma forma de compensar a retirada dos investimentos que a Petrobras promoveu nos últimos anos, mas para o sindicalista o projeto é uma mentira.

“O que o projeto diz é que vão aumentar as receitas dos municípios com os royalties, mas é mentira. Hoje a Petrobras paga entre 5% e 10% de royalties às prefeituras e ao Estado. O projeto do Beto Rosado reduz os royalties para 1%”, destaca José Araújo.

“Outra coisa que eles dizem é que triplicarão os empregos. Mentira. O que eles querem é reduzir empregos, reduzir salários. Inclusive esse projeto está alinhado a outro projeto que é o da terceirização”, acrescenta.

O coordenador do Sindipetro/RN afirma que o projeto do deputado também reduz os direitos dos trabalhadores e promove o caos contra o povo brasileiro. “O projeto é uma grande mentira, retira a Petrobras de todos os campos e os entrega a iniciativa privada”, conclui José Araújo.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa de Beto Rosado, cobrando a sua versão acerca do projeto e das acusações, entretanto nenhuma resposta foi recebida até o fechamento desta matéria.

Procurada através de sua assessoria no Rio Grande do Norte, a Petrobras também não respondeu aos pedidos de informações sobre a situação atual da estatal em Mossoró e no Estado.

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