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SAÚDE
Da redação
19/09/2016 05:22
Atualizado
13/12/2018 13:35

Morrer é o fim?

Quem de nós está preparado para a morte? Ou ainda, quem de nós está preparado para o desencarne de um ente amado?
Reprodução/Internet
Cartas do Caminho

Quem de nós está preparado para a morte? Ou ainda, quem de nós está preparado para o desencarne de um ente amado? Independente da crença, ninguém está. Ainda que se tente. A dor é inevitável. Toma conta da razão. Faz fraquejar a fé. Dilacera sentimentos, por vezes, irrecuperáveis durante uma vida inteira.

Costumeiramente, há quem nem queira ouvir falar sobre ela. É quase um assunto proibido. Como se fosse algo sobrenatural e não fizesse parte da vida. Acredito que se pensássemos mais sobre o assunto, seríamos pessoas melhores. Mais previdentes, mais humanos.

Ocorre que, quando a morte chega na nossa casa, perto de nós, vem acompanhada de sofrimento e, muitas vezes, de incompreensão e, então, somos obrigados a enfrentá-la. Mas parando para buscar entendê-la um pouco, que sentido ela tem? Porque atinge a todos indistintamente? Ao branco, ao negro, ao pobre, ao rico, ao doente, ao plenamente são, aos maus, e frequentemente, aos bons. Até nos acostumamos a ouvir: “se fosse um homem de bem, teria morrido”.

Para os que creem na existência, na bondade e no amor de Deus, a morte do corpo é uma incontestável prova da imortalidade da alma. Explica-se: Não há sentido para um Pai amoroso e justo fazer distinção entre seus filhos, permitindo, por exemplo, que uma inocente criança ou um generoso adulto percam sua vida, e, por outro lado, livre um assassino, poupando-o da morte em uma emboscada preparada por seus algozes.

Quão pequeno nós somos! O Evangelho segundo o Espiritismo, codificado por Kardec e baseado nos ensinamentos morais de Jesus, nos dá uma sublime lição sobre a nossa ilusória pretensão de querer sempre medir as coisas do mundo pela nossa régua. O item que versa sobre a perda de pessoas amadas e sobre as mortes prematuras, presente no capítulo intitulado “Bem-aventurados os aflitos”, elucida:

“Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis?”

É de se indagar ainda, por qual razão, no momento da criação, Deus condenaria uns filhos ao sofrimento, outros à miséria, ao passo que presentearia, por exemplo, um inescrupuloso ser humano com a riqueza ou a saúde plena? Repito: não faz sentido algum. Um Pai de amor não condena a penas eternas, nem absolve sem mérito qualquer de seus filhos. Não castiga. Educa-os, atribuindo-lhes responsabilidades por seus atos e dá a cada um o que é seu, segundo as causas e seus efeitos, a partir do exercício do livre-arbítrio.

Da mesma forma, não se pode pensar em justiça divina sem pensar em reencarnação. Ora, se tivéssemos mesmo apenas uma vida, que razão existiria para sermos melhores, para buscarmos o progresso? Se o espírito fosse criado ao mesmo do corpo físico, por qual motivo seria condenado a uma deficiência mental, a uma enfermidade incurável, a uma tetraplegia ou mesmo a morrer prematuramente de maneira trágica?

Que explicação minimamente compreensível haveria para justificar terríveis sofrimentos impostos aos bons ou as constantes vitórias dos maus? Que critério equânime existiria para um Pai julgar seus filhos, elegendo-os merecedores de viverem por todo o sempre no “céu” ou condenando-os à pena eterna do sofrível “inferno”?

Todos esses questionamentos feitos por grande parte da humanidade nos remetem a outras lições da Doutrina Espírita, como a que revela que viver uma única vez na Terra somente seria admissível se todos os homens estivessem exatamente no mesmo nível intelectual e moral, o que se sabe não ocorrer. E complementa:

“As diferenças que há entre eles, desde o selvagem ao homem civilizado, mostram quais os degraus que têm de subir. A reencarnação, aliás, precisa ter um fim útil. Ora, qual seria o das encarnações efêmeras das crianças que morrem em tenra idade? Teria sofrido sem proveito para si, nem para outrem. Deus, cujas leis todas são soberanamente sábias, nada faz de inútil”.

Meus irmãos, a dor de “perder” alguém que amamos é absolutamente inevitável. E não haveria como não sê-la, já que o próprio Jesus nos ensina que devemos amar e valorizar a nossa vida e a de nossos semelhantes tal qual o mais valioso bem que podemos ter, no entanto, os ensinamentos do Espiritismo aliviam o sofrimento e consolam o coração, além de nos conferir a benção do entendimento, sem afastar a saudade, porém, fechando as portas para a revolta e para o desespero.

De toda sorte, “habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender e crede que Deus é justo em todas as coisas (...). Tão limitadas, no entanto, são as vossas faculdades, que o conjunto do grande todo não o apreendem os vossos sentidos obtusos”.

Incontáveis são os motivos para se ter certeza de que a morte não é o fim e de que a reencarnação é um abençoado presente que somente um Pai soberanamente justo e bom seria capaz de dar aos seus filhos, permitindo-os reparar seus erros quantas vezes forem necessárias, trilhando temporariamente pelo caminho da dor, até que refeitos, conscientes e modificados para o bem, possuam condições de caminhar unicamente pela estrada do amor.
 
Fernanda Lucena
Casa do Caminho Mossoró

 

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