Os números do Observatório da Violência do Rio Grande do Norte nos primeiros nove meses de 2016 revelam um quadro sangrento. Ao todo, já foram registrados 172 Crimes Violentos Letais e Intencionais. Não existe uma estatista precisa das outras ocorrências.
É evidente necessidade de políticas públicas para reduzir a violência, de forma sustentável e continuada. Entretanto, poucos ou quase nenhum candidato a cargo eletivo tem demostrado, em seus discursos pedindo votos nas ruas de Mossoró, projeto neste sentido.
O caminho para reduzir a violência de forma sustentável, conforme explica o especialista em segurança pública Ivênio Hermes, é investir numa cadeia de serviços, que começa em políticas públicas para fortalecer a família, que atualmente está esfacelada.
O segundo passo, conforme Ivênio Hermes, é a Prefeitura Municipal de Mossoró construir escolas em locais amplos e com toda a estrutura de laboratório de capacitação profissional, estrutura para atividades culturais e principalmente para práticas esportivas.
Com estes investimentos, segundo Ivênio Hermes, os jovens sairiam de uma situação de alto risco nas ruas, do computador, da TV e colocaria num ambiente sadio, com amplas possibilidades de evoluir nas práticas de esportes, culturais e profissionais.
O especialista fala também em apoio as instituições de capacitação profissional e também religiosas atuando fortemente junto aos jovens e as famílias. “Paralelo a este trabalho, é igualmente urgente combater exemplarmente os criminosos nas ruas”, destaca.
Entre dezenas de propostas de vereadores analisadas, apenas um aponta neste sentido. É do candidato Paulo Nascimento, que é agente da Polícia Federal. Nascimento é graduado em Letras e especialista em Segurança Pública pela Academia Nacional da Polícia Federal.
Além de tudo isto, Paulo Nascimento fala em levar conscientização dos jovens nas escolas, buscar reforçar o trabalho repreensivo e ostensivo nas ruas, assim como propor a privatização dos presídios e/ou transforma-los em indústrias ou fábricas.
Apesar da gravidade revelada pelos números do Observatório da Violência do Rio Grande do Norte, é notório a falta de discurso coerente e aplicável dos candidatos quanto a segurança pública. Ao longo dos anos, o debate sobre segurança pública se quer é colocado à mesa.
Quando muito fazem, segundo Ivênio Hermes, é atacar um setor, deixando todos os outros sem qualquer investimento. A consequência natural é o crescimento da violência homicida, que aparentemente a população está incorporando em seu dia a dia e ficando inerte.
Para o especialista em segurança pública, estruturar a cadeia de serviços que resulta num cenário de paz no RN, passa essencialmente pelo interesse da população, que é quem escolhe seus gestores, seus legisladores, e tem o dever de fiscalizar e cobrar resultados.