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MOSSORÓ
Maricelio Almeida
11/10/2016 09:47
Atualizado
13/12/2018 14:05

“Câncer não espera”, afirma paciente sobre paralisação do Hospital da Solidariedade e COHM

Mobilização na Câmara de Mossoró chamou atenção para atraso de repasses do Governo do Estado e Prefeitura às unidades que prestam atendimento à população. Dívidas totalizam mais de R$ 2,2 milhões
Bruno Martins
"Câncer não espera. Fiz quimioterapia, radioterapia, cirurgia, e estou na preocupação com medicação, mas se eu parar, ele pode voltar, e se voltar vem sem controle, o médico mesmo já me falou, e aí não tem mais jeito". A declaração de Marilene Félix resume o sentimento de angústia que vive hoje os pacientes atendidos pelo Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró (COHM) e Hospital da Solidariedade.

Na manhã desta terça-feira, 11, pacientes, funcionários e demais representantes da sociedade mossoroense promoveram uma mobilização na Câmara Municipal cobrando a resolução dos problemas enfrentados pelo COHM e Hospital da Solidariedade, quanto ao atraso nos repasses do Governo do Estado e Prefeitura. Marilene Félix foi a idealizadora do protesto.

"Só recebi o remédio para esse mês, para o próximo não tem mais e se continuar assim as portas irão fechar, porque a gente vai ter que se deslocar daqui para Natal e o sofrimento vai ser grande. A gente está atrás de uma solução e a solução está aqui", afirmou a paciente, que há quatro anos descobriu um tumor na mama e desde então é atendida pela Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer.



As dívidas do Governo e Prefeitura com o Centro de Oncologia totalizam R$ 2.202.015,61, referente aos meses de julho e agosto, sendo 757.000,44 da Prefeitura de Mossoró e 1.445.015,17 do Governo do Rio Grande do Norte. Com o débito, ficou inviável o funcionamento do COHM e também do Hospital da Solidariedade. O Governo deve ainda valores do mês de dezembro de 2015, no total de R$ 116.090,51.

"Diante desses atrasos a gente precisou suspender, há duas semanas, a quimioterapia, por falta de medicamentos. A UTI também está funcionando somente para pacientes de convênios e particulares. Estamos com médicos e funcionários em atraso", detalha a diretora do COHM, Michele Rosado.



Ela explica ainda que, juntos, o Centro de Oncologia e o Hospital da Solidariedade atendem cerca de 3 mil pacientes por mês. "A gente sempre tá voltando aqui para cobrar os valores que já produzimos, já foram auditados, já eram para ter sido pagos, porque essa verba vem direto do Ministério da Saúde. Aguardamos ansiosamente por um posicionamento dos gestores públicos para que possamos voltar a trabalhar", acrescenta Michele.

"Não é só por mim"

A paciente Marilene Félix reforça que o protesto desta manhã na Câmara não é algo individual, mas sim uma indignação coletiva, que busca a resolução de um problema que atinge pessoas não só de Mossoró, mas também de outros municípios atendidos pela Liga.

Confira depoimento completo de Marilene:
 

"Essa é a segunda vez que estou na Câmara, a primeira vez vim sozinha, em 22 de outubro de 2013, mas graças a Deus resolvemos. Apenas as cirurgias estavam suspensas. Agora é para fechar as portas, espero que eles se reúnem e resolvam o nosso problema, junto com o Estado. Há muitas crianças que fazem tratamento, mães que me ligaram, me deram forças pedindo que eu viesse, eu disse iria fazer o que pudesse, eu não vou parar, se ninguém quiser me acompanhar, venho sozinha, não é só por mim, mas pela população das cidades atendidas", enfatizou.

Encontro

Após a sessão, uma comissão de vereadores se reuniu com os pacientes e funcionários do COHM e Hospital da Solidariedade, buscando a alternativa mais viável para cobrar do Poder Público o pagamento dos débitos em aberto. Ficou decidido que haverá uma reunião com o Governo do Estado e a Prefeitura de Mossoró. O encontro foi agendado para próxima quinta-feira (13), às 8h, na Câmara, antes da audiência pública sobre o Hospital da Mulher, que será realizada às 9h, também na Casa. A reunião foi agendada após contato com o secretário da Estadual de Saúde, George Antunes, e contará com a presença de vereadores e representantes da oncologia de Mossoró.
 
Pagamento

Por meio da assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde, a Prefeitura de Mossoró informou que está fazendo nesta terça, 11, o pagamento referente ao mês de julho. Já os valores de agosto ainda serão auditados para posterior repasse.
 
Em nota enviada ao Mossoró Hoje na semana passada, o Governo do Estado que já estava em fase de conclusão o processo de pagamento relativo à competência do mês de julho, que até agora não foi finalizado.

Atualizada às 13h49
 
 

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