15 MAI 2024 | ATUALIZADO 23:16
MOSSORÓ
Da redação
03/11/2016 08:00
Atualizado
14/12/2018 09:00

Com cirurgias suspensas e UTI paralisada, Centro de Oncologia de Mossoró demite funcionários

COHM enfrenta dificuldades financeiras em virtude da falta de regularidade dos repasses do Poder Público. Diretor também denuncia tratamento diferenciado recebido pela unidade em relação à Natal.
Cezar Alves/MH
O Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró continua enfrentando sérias dificuldades para manter o atendimento à população. O diretor técnico do COHM, Cure Medeiros, relatou que as cirurgias estão suspensas há cerca de um mês, bem como foi paralisada a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele acrescenta que funcionários de vários setores estão sendo demitidos, uma vez que manter a folha de pagamento em dia tem sido praticamente inviável.
 
“É horrível demitir funcionários, mas isso já vem acontecendo há algum tempo. Estamos enxugando a folha ao máximo, pois não há condições de mantê-la em dia com as dificuldades que estamos enfrentando atualmente”, destaca Cure Medeiros, complementando que a intenção é readmitir esses servidores no futuro.
 
Ainda segundo o diretor, as medidas de contenção de gastos vêm sendo adotadas em virtude das dificuldades financeiras enfrentadas pelo Centro de Oncologia devido à falta de regularidade nos repasses do Poder Público. “Além disso, o tratamento diferenciado que recebemos em relação à Natal é outro agravante. É impossível manter uma UTI por R$ 450 em Mossoró, enquanto Natal recebe R$ 1,5 mil”, lamenta Cure Medeiros.
 
O COHM tem deixado de realizar cerca de 200 cirurgias por mês. A cidade também conta agora 10 leitos de UTI a menos. “Os anestesistas estão há quatro meses sem receber o plus, que vinha sendo pago, em 100%, por nós, mas não temos mais condições de manter esse pagamento. Para se ter uma ideia, além do Poder Público, até mesmo os Planos de Saúde estão atrasando os repasses”, revela Cure Medeiros.
 
A expectativa é que os serviços suspensos sejam retomados após um novo repasse da Prefeitura de Mossoró, de aproximadamente R$ 320 mil. “Mas é importante frisar que não é somente com esse dinheiro da Prefeitura e do Governo que vamos resolver a situação. Parece muito, mas não é, se levarmos em consideração a estrutura do serviço que temos em Mossoró. É preciso que haja uma união de forças”, pontua o diretor.
 
Cure relata que a situação seria amenizada com o pagamento do plus a Mossoró e ainda com uma pactuação entre os municípios que encaminham pacientes para o COHM e Hospital da Solidariedade. “A prestação da nossa máquina de radioterapia é de R$ 120 mil. Se cada um dos 64 municípios atendidos em Mossoró repasse R$ 1 mil já teríamos metade do valor da prestação”, explica
 
Por fim, o diretor pede que a classe política potiguar se una em busca de uma solução para os problemas enfrentadas pelo setor de oncologia na cidade. “Eu tenho esperança que as coisas irão melhorar. Sabemos que a crise é na oncologia em todo o Brasil. Fico feliz em saber que Mossoró hoje conta com um serviço de qualidade e estruturado, mas precisamos do apoio de todos, do Governo Federal, municípios. Essa luta deve ser de todos”, concluiu.
 
Cooperação

 
Para tentar resolver os problemas da oncologia, uma das ações previstas é assinatura de um Termo de Contratação Entre Entes Públicos (TCEEP), entre a Secretaria de Estado da Saúde Pública e a Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró.
 
Com isso, o Governo poderá contratar os serviços de oncologia em Mossoró (internação, tratamento, cirurgia) pelos mesmos valores que são contratados em Natal.
 
Na prática, o termo corrige uma distorção nos valores praticados na capital e no segundo maior município do Rio Grande do Norte, o que também poderia ser solucionado com o pagamento, pelo Governo, do plus salarial aos profissionais médicos, o que já acontece em Natal.
 
As reuniões para assinatura do TCEEP já estão acontecendo, com a expectativa do quanto antes o termo ser assinado.
 
Números
 
O setor de oncologia em Mossoró atende hoje cerca de 3 mil pacientes, por mês, sendo 800 em tratamento de quimioterapia e 80 pacientes/dia na radioterapia.
 
 

Notas

Publicidades

Outras Notícias

Deixe seu comentário