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MUNDO
Da redação
26/11/2016 10:39
Atualizado
14/12/2018 08:31

Líder revolucionário ou ditador? O que a história tem a dizer de Fidel Castro

Ex-presidente e líder da revolução cubana, Fidel Castro, morreu anos 90 anos de idade, neste sábado, 26. Jornais internacionais e brasileiros dividem opiniões
O ex-presidente e líder da revolução cubana, Fidel Castro, morreu anos 90 anos de idade, confirmou na madrugada de hoje (26) seu irmão e sucessor, Raúl Castro. 

Em um anúncio na televisão, Raúl disse que era "com profunda dor" que confirmava a "morte do comandante Fidel Castro Ruz", falecido às 22h29 de Havana do dia 25 de novembro de 2016.

"Em cumprimento da expressa vontade do companheiro Fidel, seus restos mortais serão cremados", afirmou Raúl, demonstrando emoção ao ler o breve comunicado.

Fidel Castro é considerado herói histórico da esquerda moderna, o homem que mais desafiou os Estados Unidos. Mas, na opinião de líderes de centro-direita, Fidel era um ditador sanguinário e o culpado por isolar a ilha de Cuba por quase 60 anos de todo o mundo.

Conhecido como "Comandante" pelos cubanos, Fidel era personagem de várias histórias e boatos. "Ele não dorme", "ele não esquece de nada", "é capaz de te penetrar com o olhar e descobrir quem você é".

Fidel sempre teve uma saúde de ferro, até quando enfrentou uma hemorragia intestinal durante uma viagem à Argentina aos 80 anos de idade. Em 31 de julho de 2006, os problemas de saúde provocados pelo avanço da idade o fizeram delegar temporariamente o poder a seu irmão Raúl.

Em fevereiro de 2008, Fidel renunciou oficialmente ao cargo de presidente cubano e, desde então, era o principal conselheiro do Partido Comunista e do novo governo.

A era Fidel Castro vem se dissolvendo pouco a pouco, enquanto uma nova Cuba surge devido a uma série de reformas econômicas e da retomada das relações bilaterais com os Estados Unidos, rompidas há mais de meio século.

Fidel assistia a tudo isso de longe, mas não deixava de fazer suas análises em artigos publicados no jornal oficial cubano Granma. A fragilidade da sua saúde já tinha provocado boatos sobre sua morte várias vezes nas redes sociais.

Regime socialista começou em 1959

As histórias da revolução cubana e de Fidel Castro, que morreu aos 90 anos, misturam-se em Cuba. Em 1959, Fidel e um grupo de revolucionários - incluindo Raúl Castro, seu irmão, e Che Guevara - instauraram o regime socialista na ilha. Em 2008, por estar com o estado de saúde abalado, Fidel se afastou definitivamente da Presidência da República de Cuba, passando o cargo a seu irmão Raúl.

Mas, manteve-se no comando do Partido Comunista de Cuba. Além de prestar orientações ao governo do irmão, continuou sendo a maior liderança do país.

Oficialmente, não houve justificativas para o afastamento de Fidel do poder e sua substituição por Raúl. Mas informações não oficiais confirmavam que o estado de saúde do líder era frágil, agravado por um câncer no intestino.

Ao longo de quase meio século no comando de Cuba, Fidel consolidou a imagem de força, resistência e crítica aos Estados Unidos, caracterizado por ele como “império capitalista”.

Nos anos 2000, durante reunião de chefes de Estado das Américas, no Rio de Janeiro, Fidel desapareceu no exato momento da foto oficial, na qual também estava prevista a participação de George W. Bush – ex-presidente dos Estados Unidos. Ao ser perguntado sobre as razões de não estar presente na fotografia, Fidel foi preciso na resposta: “Estava no banheiro e me demorei lavando as mãos”. Em seguida, soltou uma gargalhada.

Embargo dos EUA dificultou vida dos cubanos 

A população cubana vive situação delicada. Desde o fim da União Soviética (1991), o país passou a enfrentar dificuldades econômicas agravadas pelo embargo imposto pelos Estados Unidos (1962).

A maior parte da economia cubana é sustentada por cidadãos do país que vivem no exterior e enviam dinheiro para parentes. A situação econômica em Cuba é difícil devido às dificuldades para importação de bens básicos de consumo.

A comunidade internacional não poupa críticas aos irmãos Castro. Para parte dos líderes internacionais, o regime cubano é fechado, autoritário e com sinais de transgressão à democracia e de violação aos direitos humanos. Uma das críticas é em relação à liberdade política e de expressão. Os adversários dos Castro dizem que são perseguidos politicamente.

O governo de Fidel foi responsável por montar um imenso aparato estatal em Cuba. Para implementar a reforma agrária foi criado o Instituto Nacional de Reforma Agrária. O fim do analfabetismo no país foi obtido por uma campanha maciça envolvendo os chefes de família e de forma impositiva. Para estimular a cultura, foram criadas instituições, como a Imprensa Nacional de Cuba e o Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica.

Fidel e Brasil

A relação de Fidel com o Brasil foi registrada ao longo da história com encontros com os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. As relações entre os governos do Brasil e de Cuba se aproximaram com a assunção ao poder dos governos petistas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Foram firmados vários acordos em diversas áreas, inclusive com vinda de médicos cubanos para integrar o Programa Mais Médicos.

Cuba e EUA

As relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, que eram das piores, começaram a ser reatadas há poucos anos. Com a interferência do papa Francisco, os presidentes Barack Obama e Raúl Castro se falaram depois de 55 anos de relações rompidas.

Em dezembro de 2014, os presidentes dos Estados Unidos e de Cuba foram à televisão anunciar que iriam restabelecer as relações diplomáticas que estavam rompidas. Hoje, os dois países mantêm relações diplomáticas.


Imprensa internacional lembra influência e polêmicas na trajetória de Fidel

A imprensa internacional repercute com destaque a morte do líder cubano Fidel Castro, aos 90 anos. A rede de televisão ABC News disse que Fidel colocou Cuba no cenário mundial e se tornou um ator de grande destaque mundial. Mas a emissora lembrou também que o líder cubano tinha inimigos e foi adversário de 11 presidentes norte-americanos durante o período em que eles ocuparam a Casa Branca.

A rede de televisão CBS News está transmitindo ao vivo a reação de uma multidão de exilados cubanos, que vivem há décadas nos Estados Unidos. Os cubanos estão reunidos em frente ao restaurante Versailles, em Little Havana, um bairro de exilados cubanos que fica em Miami, na Flórida. Eles entoam cânticos de Viva Cuba e acenando com bandeiras cubanas.

De acordo com a emissora MSNBC News, Fidel Castro desafiou os esforços dos Estados Unidos para derrubá-lo por cinco décadas. Segundo a emissora de televisão, Fidel costumava afirmar que sobrevivera a 634 tentativas ou conspirações para assassiná-lo, principalmente comandadas pela Agência Central de Inteligência (CIA) e por organizações de exilados que vivem nos Estados Unidos.

Segundo a emissora, os relatos de Fidel diziam que a tentativas para matá-lo incluíam pílulas de veneno, charuto tóxico, explosões e uma roupa de mergulho quimicamente contaminada.

Perigo de guerra nuclear

O jornal The New York Times deu destaque na primeira página à morte do líder cubano, afirmando que ele foi responsável por levar o mundo à beira da guerra nuclear. O jornal observou que Fidel ficou no poder mais tempo do que qualquer outra personalidade viva, com exceção da rainha Elizabeth II.

O jornal The Washington Post comentou que, embora Fidel Castro fosse amado por uma legião de seguidores, seus detratores o viam como um líder repressivo que transformou Cuba em um gulag (campo de trabalho forçado) de fato.

O jornal Los Angeles Times informou que o ex-presidente, que ostentava como marca uma barba desalinhada, desafiou o capitalismo mundial, mantendo o comunismo vivo no hemisfério ocidental duas décadas após a queda da União Soviética.

O jornal espanhol El País afirmou que Castro foi o último revolucionário mundial, tendo sido  um líder autoritário ou tirano e, ao mesmo tempo, uma legenda internacional contra o capitalismo e a favor da população que nada tem para sobreviver dignamente.

Com informações Agência Brasil 

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