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VARIEDADES
Da redação
29/12/2016 13:42
Atualizado
13/12/2018 17:37

"Ficha ainda não caiu", diz pataxó graduada em medicina pela UFMG

Amaynara Silva, de 27 anos, teve que superar a distância do seu povo e da família para se estudar. Ela conta que principal objetivo é ajudar seu povo
Emocionada com o recente feito de se tornar médica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Amayara Silva Souza, de 27 anos, indígena da etnia pataxó, disse que a "ficha ainda não caiu", referindo-se ao fato de vivenciar um momento tido por ela como um dos mais importantes de sua vida. O plano agora é poder ajudar comunidades como a sua. 

"Meus pais e uma liderança da minha comunidade participaram da minha colação e festejaram esse momento comigo. Foi emocionante receber o meu diploma entregue por uma liderança", disse, relembrando a cerimônia, que ocorreu no dia 23 deste mês, em Belo Horizonte. Ela era uma aluna entre os 130 formandos do curso. 

Amaynara não é a única. Seu colega de turma, Vazigton Oliveira, 27, também de pataxó, também alcançou o feito. Os dois revelaram ao UOL os sentimentos que experimentaram e a expectativa para a sequência da carreira. 

Em comum, eles externaram o desejo de, agora, adquirir experiência para assistirem comunidades indígenas, descritas por eles como grupos ainda desemparados na área da saúde.

Amaynara e Zig, como é mais chamado, entraram na universidade em 2011 através do Programa de Vagas Suplementares para Estudantes Indígenas. 

Além da medicina, o programa ofertou vagas remanescentes em outros cursos e a participação era aberta a comunidades indígenas de todo o país. Esses alunos são colocados juntos em imóvel alugado pela universidade.

A jovem disse que a paixão pela medicina surgiu como uma forma de poder ajudar seu povo. "Comecei a refletir sobre como poderia contribuir com isso e, como eu sempre gostei da área da saúde, pensei que como médica poderia contribuir com a luta na saúde indígena", relembrou.

Vazigton também disse ter sido despertado pelo desejo de se tornar alguém que pudesse começar a mudar o cenário de pouca atenção à saúde indígena.

"A falta de médico fixo em nossa região é um problema constante. Realmente, a rotatividade de médicos na comunidade sempre se fez presente – o que sempre resultou no não acompanhamento longitudinal da saúde. Pensei que alguém tinha que começar a mudar a história da saúde de nosso povo e que aquele alguém poderia ser eu. Sempre gostei da área biológica e esse poderia ser o meu papel", afirmou.

A distância do seu povo, família e costumes diferentes não foram grandes obstáculos para os jovens. Mas, sim foram encarados como boa experiência e fusão de conhecimentos. 

Os dois buscam em se especializar em Saúde da Família. "Quando pensei em fazer medicina foi pensando na saúde indígena e me formei com o mesmo objetivo, seja meu povo ou outros povos indígenas. Inicialmente quero ter mais experiência e penso que a residência em Medicina de Família e Comunidade vai me ajudar muito nisso", vislumbra Amaynara.

Informações UOL.com
 

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