28 MAR 2024 | ATUALIZADO 17:59
POLÍCIA
Da redação
05/01/2017 08:20
Atualizado
14/12/2018 02:11

Líder do massacre no AM também coordena 'Sindicato do RN' e esteve preso em Mossoró em 2015

Gelson Lima Carnaúba é apontado como um dos responsáveis pelo massacre no presídio de Manaus. Ele ficou preso em Mossoró no ano de 2015. Atualmente está detido no presídio de Catanduvas, no Paraná.
Divulgação
Um dos traficantes fundadores da Família do Norte, facção que realizou o massacre dentro do Complexo Penitenciário Anísia Jovim, em Manaus, no início desta semana, é também líder do Sindicato do RN, associação criminosa potiguar responsável pelos ataques ocorridos ano passado em diferentes cidades do estado. 

Trata-se de Gelson Lima Carnaúba, que inclusive, já esteve preso no presídio federal de Mossoró, em abril de 2015. Atualmente, ele está detido no presídio de Catanduvas, no Paraná. 

De acordo com ofício que consta no site do Tribunal de Justiça do RN, em outubro do ano passado foi solicitado o retorno de Carnaúba ao Rio Grande do Norte. 

No entanto, a vinda do preso ao RN foi vetada pela juíza Maria Nivalda Neco Torquato Lopes, com o argumento de que Carnaúba não poderia voltar ao estado porque ele é um dos líderes da facção Sindicado do RN, e o sistema penitenciário vive momento difícil, com recorrentes fugas e fragilidade em suas unidades prisionais. 

“Cabe destacar que o reeducando é apontado como um dos líderes do Sindicato do RN, facção criminosa que atua atualmente no Estado do Rio Grande do Norte, segregando presos em unidades prisionais, executando membros rivais das facções, e comandado crimes dentro e fora do sistema prisional”, diz a magistrada no processo.

Gelson Carnaúba ou Mano G, estava foragido do sistema prisional do Amazonas, quando foi preso no Aeroporto Internacional Aluízio Alves, em janeiro de 2015. Junto com Francinildo dos Santos Silva, que é conhecido como "Cinta Larga", Carnaúba portava documentos falsos. 

Ele foi detido pela Polícia Federal e encaminhado à Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, onde permaneceu por quase um mês. Depois disso, a pedido da PF, Carnaúba foi transferido para a Penitenciária Federal de Mossoró, por ser considerado um detento de alta periculosidade.
 
Em julho do mesmo ano foi levado para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Meses mais tarde, em novembro de 2015, a Polícia Federal deflagrou no Amazonas a Operação La Muralla, com o objetivo de desarticular uma facção transnacional especializada no tráfico internacional de drogas: a Família do Norte – FDN.
 
Nesta ocasião, foi expedido um mandado de prisão para Gelson Carnaúba, apontado como um dos cabeças da facção. O mandado foi endereçado ao Rio Grande do Norte, pois a Justiça do Amazonas ainda não sabia da transferência do traficante para o estado paranaense.
 
Segundo o inquérito da PF que investigou a atuação da FDN, a organização criminosa tentou negociar o retorno de Mano G para Manaus quando ele ainda estava em Mossoró, através de um esquema de corrupção que envolvia um desembargador, um juiz e um delegado de polícia. 
 
A Polícia Federal afirma no documento que as apurações apontam para um acordo de pagamento de R$ 150 mil para as autoridades e mais R$ 50 mil para os dois advogados (um homem e uma mulher) que intermediariam o esquema. Estes seriam os “advogados oficiais da facção”, ainda segundo o inquérito da PF.
 
Advogada do Sindicato do RN atua na defesa de Mano G
 
O site de consultas processuais da Justiça Estadual indica que há dois processos contra Gelson Lima Carnaúba tramitando no RN. Um deles trata de um homicídio simples, pelo qual Mano G é acusado de ser o autor.
 
No outro, ainda em trâmite na segunda instância, trata da acusação de falsidade ideológica. Este é o processo resultado da prisão de Gelson no Aeroporto Internacional Aluízio Alves, em janeiro de 2015.
 
O sistema informacional do TJ informa que a advogada de Gelson Carnaúba para ambas as causas é Paloma Gurgel de Oliveira Cerqueira. Foi ela também que impetrou, em abril de 2016, um habeas corpus em favor do cliente líder da Família do Norte.
 
Paloma Gurgel foi citada na Operação Medellín, deflagrada em setembro pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte. De acordo com as investigações do MP, a advogada integrava um dos núcleos criminosos do Sindicato do RN desarticulados durante a ação.
 
Este grupo seria liderado, segundo o MP, por João Maria Santos de Oliveira, o João Mago, preso em agosto do ano passado no condomínio Parque Morumbi, em Parnamirim. Na ocasião ele portava R$ 300 mil em dinheiro, além de droga e diversos aparelhos celulares.
 
Ainda segundo as investigações do Ministério Público do RN, há indícios de que Paloma Gurgel infringiu normas penais, ultrapassando a função de advogada e “passou a atuar no sentido oposto do que determina o Código de Ética da OAB”.
 
Ela, inclusive, foi alvo de um atentado ocorrido em dezembro de 2015. Na ocasião, a advogada foi atingida por três disparos de arma de fogo.O atentado aconteceu no cruzamento das avenidas das Alagoas e Ayrton Senna, no bairro de Neópolis, na Zona Sul de Natal. Dois homens em uma motocicleta dispararam contra Paloma Gurgel, que chegou a ser hospitalizada, porém se recuperou bem dos ferimentos. 
 
Família do Norte
 

O massacre no Complexo Penitenciário em Manaus é mais um capítulo da disputa de poder entre as maiores facções criminosas do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), e revela como o tráfico transnacional de drogas transformou-se em uma atividade organizada por facções.
 
Responsável pelas mortes, a Família do Norte (FDN) é um dos grupos que surgiram nos estados para conter o PCC. A FDN é apontada pela PF como a terceira maior organização criminosa do país.
 
A Família é resultado da união de dois grandes traficantes: Gelson Lima Carnaúba, o Mano G, e José Roberto Fernandes Barbosa, o Pertuba. Segundo a PF, após passarem uma temporada cumprindo pena em presídios federais, os dois retornaram para Manaus, em 2006, determinados a se estruturarem como uma facção criminosa.
 
O resultado é o grupo que foi alvo da operação La Muralla, em 2015, flagrado movimentando milhões por mês com o domínio da “rota Solimões”, usada para escoar a cocaína produzida na Bolívia e no Peru por meio dos rios da região amazônica.
 
Embora seja aliada do CV, a FDN nunca aceitou ser subordinada a nenhuma outra organização. No inquérito que deu origem à La Muralla, os investigadores perceberam que o PCC estava “batizando” criminosos amazonenses de modo a aumentar a presença no Estado. Essa ação desagradou a FDN, que ordenou a morte de três traficantes ligados à facção paulista.
 
À época, CV e PCC eram aliados e mantinham negócios juntos, e a FDN estava fragilizada pela Operação La Muralla. Cerca de um ano após iniciar a perseguição ao PCC, e agora com o apoio do CV, a FDN pôs em prática o plano de acabar com a facção paulista no Amazonas.
 
O Sindicato do RN é uma facção potiguar que atua no tráfico de entorpecentes e em crimes ligados a essa prática criminosa, como assaltos e assassinatos. Com atuação no Rio Grande do Norte, nas terras potiguares o Sindicato também se opõe ao PCC na disputa por espaço na comercialização de entorpecentes.

Fonte: Novo Jornal

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