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MOSSORÓ
Da redação
23/01/2017 16:33
Atualizado
13/12/2018 23:54

Jorgianny conta como sobreviveu a uma hemorragia pós-parto que lhe deixou em coma por 23 dias

Ela sofreu uma Atonia Uterina, forte hemorragia pós-parto que os médicos clasificam como mortal em quase 100% dos casos quando o atendimento não é rápido e eficiente. Felizmente, Jorgianny superou os momentos difíceis.
A jovem mãe Jorgianny Soares, de 24 anos, recebeu a reportagem do MOSSORO HOJE em sua residência, no final da tarde desta segunda-feira, 23, no bairro Alto da Conceição, em Mossoró-RN, e disse que lhe faltam palavras e formas para agradecer a todos que, de uma forma ou de outra, lhe ajudaram a sobreviver a uma "atonia uterina", tida por vários médicos como mortal na grande maioria dos casos quando o socorro não chega rápido e com eficiência.
 
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Jorgianny mora atualmente com os pais na Rua Eufrásio de Oliveira, no bairro Alto da Conceição. Quando a reportagem chegou na residência, ela dormia com o filho Davi, hoje com dois meses e 21 dias. A mãe de Jorgianny, Jeanne Soares, estava em casa. Jeanne demonstra ser uma fortaleza, baseada na fé e passa isto para as pessoas que se relacionam com ela.

Foi ela que ficou com a filha todo o período de angustia no Hospital Maternidade Almeida Castro, que Jorgianny Soares escolheu para ter seu segundo filho. Ela contou que fez o pré-natal inteiro, sem qualquer intercorrência. "Fui tudo normal. Todos os exames normais. Eu queria ter o filho normal e conversei com o meu médico Alexandre Arruda", diz.

Dentro do cronograma, o obstetra Alexandre Arruda havia programado para ele mesmo fazer o parto de Jorgianny Soares no dia 7 de novembro. Entretanto, na madrugada do dia 2 de novembro, Jorgianny teve um rompimento de bolsa. Foi levada às pressas para a maternidade Almeida Castro. "Fui examinada por Dra. Tanilda", lembra Jorgianny.

Ainda conforme Jorgianny, ela estava com apenas 2 cm de dilatação, muito pouco para ter o beber normal. Era um indicativo claro de que precisava ser feita uma cesárea e deveria ser urgente, porém, não pôde fazer logo. Teve que aguardar, medicada, um pouco. "Eu havia tomado um Todinho antes de sair de casa e não deveria ter comido nada", lembra.

"Fui levada para a cirurgia. Deu tudo certo. Lembro ter visto Davi. Lembro que a enfermeira tentou fazer ele dá a primeira mamada, mas não deu certo. Eu estava anestesiada e não sentia dores. Mas aí comecei a sentir frios, calafrios e o Dr. Camilo me examinou que disse que eu estava em choque. Quando eu abri os olhos, tinha várias pessoas do meu lado", narra.

"Mas aí os médicos começaram os procedimentos e apaguei. Só acordei 23 dias depois e não lembro de nada do que aconteceu neste intervalo de tempo", destaca Jorgianny. A partir deste momento, quem passa a narrar o ocorrido é a mãe de Jorgianny, Jeanne Soares, que com sua fé e jeito calmo de tratar as pessoas, conseguia acalmar a todos da família e amigos.

Quem narra o que aconteceu dentro da Maternidade Almeida Castro é o diretor médico da instituição, o obstetra Inavan Lopes.


Após uma primeira cirurgia com o objetivo de parar a hemorragia pós-parto, que no ramo da medicina se chama "atonia uterina", os médicos fizeram outra cirurgia. Não havia sangue no Hemocentro. Foi um momento de grande desespero na família. Jeanne Soares disse que ligou para duas sobrinhas, fez contato com a igreja pedindo para doarem sangue.

O MOSSORÓ HOJE foi contactado pela sobrinha de Jeanne Soares e entrou na campanha.

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Dezenas de doadores de sangue se ofereceram no Hemocentro. No Hospital Maternidade Almeida Castro os médicos tratavam a questão com muita cautela. Sabiam que o risco de Jorgianny não sobreviver era muito alto, diante da gravidade da hemorragia. No Hemocentro, a mobilização nas redes sociais, igrejas, demais instituições, fez triplicar o número de doares de sangue.

"Teve dia (segunda cirurgia) que Jorgianny Soares tomou 19 bolsas de sangue", revela Jeanne Soares, acrescentando, "o sangue da minha filha foi trocado pelo o sangue dos amigos dela e até desconhecidos, que a salvaram com ajuda de Deus, dos médicos, de todos que fizeram orações por ela. Eu sabia, eu sentia que ela ia resistir, que ela ia acordar".

23 dias depois da internação para ter Davi na Maternidade Almeida Castro, precisamente no dia 25 de novembro, Jorgianny Soares começou a acordar. No início estava muito sonolenta. Ficou uns três dias assim. Ela conta que não conseguia entender nada que os médicos, enfermeiros e a família falavam na UTI e durante as visitas à tarde.

Jeanne Soares disse que começou a perceber nos médicos e enfermeiros um pouco mais de esperança. Já se assemelhava a esperança do coração de mãe. Só que apareceu outro problema: uma bactéria de pele, que não era do Hospital Maternidade Almeida Castro. A medicação para combater esta bactéria veio de Natal.

O tratamento, apesar de doloroso, foi concluído com sucesso. "Eu também lembro que fazer hemodiálise também deixa a gente sem noção. Aliás, lá dentro a gente perde a noção do tempo", diz. Dentro do Hospital Maternidade Almeida Castro, segundo a administradora da UTI adulto, enfermeira Delma Lopes, houve uma grande mobilização de todos.

No dia 5 dezembro, um mês de 3 dias após chegar a maternidade, Jorgianny Soares recebeu alta da UTI. Foi para um apartamento. Dentro da maternidade, médicos, enfermeiros, técnicos e até os servidores da limpeza, nutrição, enfim, todos, já comemoravam Jorgianny Soares ter sobrevivido. "André Régis foi dez, dez e muito mais", diz ela.

Em casa, recuperada, ajudando a mãe na lanchonete em casa, Jorgianny disse que todo dia procura uma maneira de agradecer e não consegue palavras e nem formas. A palavra certa é esta: gratidão. Apesar da timidez na frente da Câmara, Jorgianny gravou um vídeo.

No próximo sábado, dia 28 de janeiro, a família de Jorgianny Soares vai realizar um culto em agradecimento pela graça alcançada. Na ocasião, ela prometeu que vai tentar explicar o que aconteceu e receberá ajuda de uma enfermeira da Maternidade Almeida Castro que esteve ao lado dela o tempo todo. "Quero convidar você e todos que nos ajudaram", diz Jorgianny.

 
O que é Atonia Uterina

A hipotonia/atonia uterina corresponde à ausência de contração uterina efetiva após o delivramento placentário, não havendo formação do Globo de Pinard. Permite que os vasos uterinos fiquem abertos e com perda de sangue materna.
 
É importante lembrar que os vasos uterinos ficam bastante aumentados, numa rede de baixa resistência e alto fluxo, para garantir um bom desenvolvimento fetal. As hemorragias por contração uterina deficiente são, portanto, intensas e colocam em risco a vida da mãe.
 
São fatores de risco para atonia uterina:
1  Multiparidade;
2  Gemelaridade;
3  Polidrâmnio;
4  Malformações fetais;
5  Trabalho de parto prolongado;
6  Idade materna>35 anos.

Em aparecimento de sangramento ativo logo após a saída da placenta, a contração uterina deve ser verificada. Em caso de formação inefetiva do Globo de Pinard, devem ser iniciadas as medidas para contrair o útero. Estas incluem desde massagem uterina até uso de medicamentos para contrair a musculatura uterina e cirurgia.
 

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