Mariana Ceci
Repórter
Unidades da Polícia Militar deram apoio a mudança do sargento que recebeu ordem de expulsão por parte de bandidos do bairro de Mãe Luiza, zona Leste de Natal. Três policiais se alternavam em turnos para garantir a segurança da família que teve que deixar a casa dois dias depois do PM ter sido agredido e ameaçado por criminosos.
A Polícia Civil conseguiu realizar na manhã desta quarta-feira (15) a prisão em flagrante do homem que teria agredido e roubado a pistola do PM. Identificado como José Lucas Pereira da Silva, conhecido como "Peitinho", o homem de 21 anos confessou estar envolvido na ameaça e foi preso com uma arma e drogas.
Isso, no entanto, não foi suficiente para que a família do policial permanecesse no bairro. Com medo de represálias por parte da facção criminosa que ordenou a expulsão do Policial, a família se mudou já na manhã desta quarta-feira.
Por volta das 14h, a mudança já estava parcialmente concluída e a família direta do Sargento já havia sido removida para um novo endereço sigiloso, para evitar possíveis ameaças.
Policiais do Bope fazem operação em Mãe Luíza
Quatro famílias encerraram ontem (15) uma história de mais de 30 anos de vida na rua Camaragibe, localizada no bairro de Mãe Luiza, zona Leste de Natal. Acompanhados por uma unidade da Polícia Militar, os últimos membros da família do sargento da Polícia Militar que foi agredido, teve sua arma roubada e recebeu 'ordem' de sair do bairro dada por criminosos, na última segunda-feira (13), deixaram o imóvel e despediram-se dos amigos.
Preso ontem, em Pedro Velho, José Lucas Pereira da Silva, conhecido como "Peitinho", de 21 anos, confessou ser o autor das agressões e portador da 'mensagem', que seria da facção criminosa que 'domina' o tráfico de drogas no bairro e da qual ele faz parte. A mensagem era clara: o soldado e a família deveriam deixar o bairro no qual passaram a maior parte de suas vidas no prazo de um dia ou “tudo seria queimado com eles dentro”.
'Peitinho' foi preso em flagrante na manhã de ontem (15) pela Polícia Civil. Ele portava drogas e uma arma e confessou estar envolvido na agressão ao sargento e que a ação teria sido ordenada pela facção criminosa da qual faz parte. A polícia investiga os motivos da ameaça ao policial militar. Para a família, no entanto, o motivo estava diretamente ligado à profissão. “Aqui não tem outra: se eles descobrem que tem polícia na família, manda 'vazar'”, disse uma familiar que preferiu não se identificar.
O sargento expulso da comunidade, de acordo com policiais militares que montavam guarda na casa e não quiseram se identificar, não é um caso isolado: a facção criminosa que ordenou a expulsão do policial já teria feito o mesmo com outros PMs que moravam na comunidade ao longo do último ano. A TRIBUNA DO NORTE questionou a Assessoria do Comando da Polícia Militiar sobre os outros casos. Segundo o assessor de imprensa da PM, Major Franco, a polícia desconhece oficialmente esta informação e acrescentou: “estamos ouvindo isso pela primeira vez”.
Patrulhamento
Paralelamente à mudança, a poucas ruas de distância da casa do sargento, policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), portando armas de grosso calibre e com os rostos cobertos ocupavam vielas do bairro. A assessoria da PM informou se tratar de um “patrulhamento”, parte da Operação Saturação, que busca aumentar o policiamento em alguns locais estratégicos da cidade, definidos com base nas estatísticas de ocorrências da Coordenadoria de Informática da Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social do RN (Sesed).
Questionados pela TRIBUNA DO NORTE sobre o trabalho no bairro, a PM alegou que “a população se sente mais segura ao ver os policiais patrulhando a pé nas ruas” e que o procedimento faz parte dos moldes da operação. Os PMs que se encontravam no local disseram que a operação não estava diretamente relacionada com o ataque ao sargento, apesar da PM estar fazendo buscas pelos responsáveis desde o dia da agressão.
Com poucas pessoas circulando nas ruas ocupadas, o clima de apreensão não se restringia à casa da família do sargento ameaçado. Um vendedor que preferiu não se identificar e observava a operação da Polícia Militar ao longe disse temer a situação. “Temos medo, mas aqui é melhor não achar nada”, afirmou.
Suspeito de roubar e agredir PM em Mãe Luiza é preso em Pedro Velho
Um homem suspeito de roubar a arma e agredir um sargento da Polícia Militar foi preso na manhã desta quarta-feira (15) no município de Pedro Velho, distante 78 quilômetros de Natal. Os crimes aconteceram na tarde de segunda-feira (13) no bairro de Mãe Luiza, zona leste de Natal.
O sargento agredido e sua família estão sob proteção da Polícia Militar desde o ocorrido. Segundo relatos, os criminosos, após as agressões, deram um prazo de 24 horas para que o PM retirasse seus pertences da casa e deixasse o bairro com a família ou tudo seria incendiado.
O suspeito foi preso em flagrante e identificado como José Lucas Pereira da Silva, conhecido como "Peitinho", de 21 anos. Ele estava com arma e drogas e confessou estar envolvido no caso.
De acordo com a Polícia Civil, José Lucas e outros bandidos receberam ordens da facção criminosa Sindicato do RN para expulsar o PM do bairro. Nas investigações, a polícia descobriu que ele iria se esconder em Pedro Velho e montou uma barreira policial para prendê-lo.
No momento da prisão, José Lucas estava com um revólver calibre 38, além de várias trouxinhas de maconha. Ele foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas.
Durante todo o dia de ontem, a PM fez operações dentro de Mãe Luiza para localizar e prender os suspeitos.
Sargento agredido em Mãe Luíza está sob proteção da PM
O policial militar espancado e roubado, por criminosos armados, no bairro de Mãe Luíza, na zona Leste de Natal, e sua família, estão sob a proteção da Polícia Militar, segundo informou a corporação. A agressão ocorreu dentro da casa do sargento, na noite da última segunda-feira (13).
De acordo com relatos de policiais militares, os criminosos, após as agressões, deram prazo de 24 horas para que o policial “retirasse seus pertences da residência e deixasse o bairro com toda a família “ou tudo seria queimado”. Não há, contudo, a confirmação sobre o motivo pelo qual o sargento estaria sendo expulso da região.
Durante todo o dia de ontem e, até o início da noite, a Polícia Militar fez operações dentro de Mãe Luíza para localizar e prender os suspeitos. No início da noite, segundo fonte da PM, houve troca de tiros com criminosos que moram na comunidade. “Estamos dentro de Mãe Luíza, e só vamos sair de lá quando esses criminosos forem pegos. Mãe Luíza é destinada a pessoas de bem. Não é terra de bandido”, informou a corporação.
Dois suspeitos de participação no crime foram identificados, mas seguem foragidos. A arma do policial, que foi roubada, ainda não foi encontrada. O sargento nasceu e constituiu família no bairro de Mãe Luíza, segundo informações de policiais militares.