23 ABR 2024 | ATUALIZADO 18:23
POLÍCIA
Por Valéria Lima
08/03/2017 08:17
Atualizado
14/12/2018 09:56

"Só volto ao Brasil com Jovane preso", diz professora de inglês vítima de estupro em Assú

Kariene Karla, de 25 anos, resolveu não silenciar diante do crime que sofreu em 28 de abril de 2014. O processo está aguardando veredito da justiça. O acusado é o dentista Jovane Dantas
Reprodução/Facebook
Deixemos o romantismo e falso moralismo de lado neste dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, para tratar um assunto que atinge mais mulheres do que se imagina: o estupro.Kariene Karla, de 25 anos, resolveu não silenciar diante do crime que sofreu. O processo está aguardando veredito da justiça. O acusado é o dentista Jovane Dantas

Hoje você precisa conhecer a história de Kariene Karla Avelino Soares, de 25 anos, de Assú.

Desde 28 de abril de 2014, Kariene Karla Avelino Soares, na época com 22 anos, vive dias difíceis. Com medo de ameaças, a jovem de Assú se mudou para a Inglaterra cerca de um ano depois de ser estuprada na casa da aluna Andréa Dantas, esposa do dentista Jovane Dantas, o acusado.

Denunciado ao Ministério Público, hoje o processo, segundo ela, está parado aguardando veredito da Justiça. Jovane Dantas, que é influente na região de Assú e Natal, até hoje segue em liberdade.



Foi nas redes sociais que a jovem encontrou o caminho para lutar contra a injustiça e a impunidade, que afirma sofrer. Em março de 2014, Kariene criou uma página no Facebook "Assú não aceita o estuprador Jovane Dantas", para denunciar o crime e clamar por justiça.

Diferente de quase 90% das vítimas de estupro, ela escolheu não silenciar diante do que sofreu.

Em seu perfil pessoal no Facebook, a jovem detalha como tudo aconteceu desde o dia do crime e aguarda por justiça. Hoje, ela diz sentir medo e frustração pela forma como as vítimas de estupro são tratadas pelo sistema judiciário.

Kariene conversou com exclusividade com o MOSSORÓ HOJE e deu detalhes sobre o caso. O sentimento é de revolta. Se sente injustiçada porque Jovane Dantas até hoje não foi a julgamento.

Em depoimento à Polícia Civil, a jovem professora de inglês dava aulas particulares a Andréa em sua casa. Ela conta que durante a aula, Andréa sempre a convidava para tomar banho de piscina, e ela sempre recusava. No dia, 28 de abril de 2014, ela resolveu aceitar o convite. Foi quando tudo aconteceu. Ela estava na piscina com Andréa. De repente, Jovane Dantas entrou na piscina, enquanto Andréa saía.

A jovem disse que o ato foi praticado ali. Tudo observado pela esposa do dentista, através de uma janela de vidro do quatro do casal.

O crime foi investigado pelos delegados Carlos Brandão e Helder Carvalhal.
Segundo Brandão, através de depoimentos e laudos técnicos chegou-se a constatação do crime e o dentista e sua esposa foram indiciados por estupro. Ambos foram enquadrados no Art. 213 do Código Penal Brasileiro, como mostra o documento à direita. 

"Ressalta-se que o crime de estupro é configurado mesmo que não haja penetração", destacou Brandão. 

Hoje Kariene sofre as consequências do crime, que segundo ela, são irreversíveis. Desde o ocorrido a jovem tem crises de pânico e ansiedade generalizada. O pai também sofre com problemas de saúde decorrentes do fato.

"Até mesmo meu filho por me ver chorando a maioria do tempo. Meu esposo também foi afetado por me ver chorando o tempo todo e por presenciar minhas crises de pânico. Inclusive meu filho disse mamãe porque tá faltando o 'ar' ? E abriu a janela do carro na minha última crise", relatou a jovem.

Kariene disse que teve medo que o acusado fizesse algo com ela e sua família, por isso, resolveu expor seu caso à sociedade. Até hoje, diz que só volta a morar no Brasil quando o dentista for preso.

"Eu resolvi fazer o contrário por proteção. Jovane tem armas de fogo e eu queria deixar bem claro que se algo acontecesse a mim e minha família ele foi o responsável [...] Só volto ao Brasil com Jovane preso, não estaria segura", disse.

Por se expor, Kariene sabia que assumia um risco: os julgamentos alheios. Muitas vezes, tais julgamentos e preconceitos vinham de quem menos se esperava, das mulheres.

"Sou julgada todos os dias desde que tornei meu estupro público, inclusive, recentemente uma advogada MULHER fez referência ao biquíni que eu estava usando ‘Que era muito pequenininho então eu não era vítima’. Já estou entrando com uma representação contra a mesma", relatou ela.

Kariene afirma que não irá descansar até que o caso seja julgado e o acusado condenado. Seus pais e marido dão total apoio. O pai de Kariene chegou a procurar o Supremo Tribunal Federal, em Brasília, para falar sobre o caso.

Kariene se diz injustiçada. Um dos fatos citados por ela, é que o processo já passou por sete promotores de justiça diferentes. A jovem teme que o dentista saia impune do caso por sua influência.

Em janeiro deste ano, Kariene gravou um vídeo em que chora e pede justiça em seu caso. Veja abaixo: 

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