03 MAI 2024 | ATUALIZADO 18:15
MOSSORÓ
Maricelio Almeida
13/03/2017 17:54
Atualizado
12/12/2018 23:27

“Mesmo diante de todos os desafios, a Uern conseguiu avançar”, diz Pedro Fernandes

Reitor e atual candidato à reeleição concedeu entrevista ao MOSSORÓ HOJE, destacando suas propostas para diferentes áreas da universidade e fazendo um balanço do seu mandato
Valéria Lima/MH
Na próxima quarta-feira, 22, alunos, professores e técnicos-administrativos vão às urnas para escolher o reitor e vice-reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern). Com a proximidade do fim do pleito, o MOSSORÓ HOJE publica entrevistas com os dois candidatos ao cargo de reitor.

Por ordem alfabética, o primeiro entrevistado é o professor Pedro Fernandes, atual reitor e candidato à reeleição. Na próxima sexta, 17, será a vez da professora Telma Gurgel ser ouvida pelo MOSSORÓ HOJE.
 
MOSSORÓ HOJE: Quem é Pedro Fernandes e por que o senhor se coloca, mais uma vez, como candidato a reitor na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte?

PEDRO FERNANDES: Pedro Fernandes é professor da Uern, entusiasta pela educação pública, gratuita e de qualidade, que está há 19 anos na universidade, prestando todo o seu trabalho, dedicação. Sou pai, tenho quatro filhos, sou casado com Yáskara, ex-aluna da Uern, sou filho de ex-alunos da Uern e tenho muita dedicação para que a gente consiga sim garantir um ensino superior de qualidade, obviamente que trabalhando essa relação com a educação básica. Não adianta eu falar em ensino superior se eu não consigo fomentar a educação básica. Nós estamos nos colocando mais uma vez à disposição com um projeto coletivo, que a gente vem fazendo há três anos e meio, um projeto com muita criatividade, porque todos nós passamos por esse momento de crise, seja em nível estadual, municipal, nacional, mas a universidade vem se sobressaindo, com reinvenção e muita dedicação, e, dessa forma, um grupo de pessoas, bem grande, achou interessante que a gente continuasse e, como o projeto é coletivo, me coloquei à disposição para mais uma jornada à frente da Uern, com um grande diferencial, que hoje nós temos maturidade e todo o conhecimento para fazer com que a universidade continue seguindo em frente.

MH: Quais são os principais desafios que a Uern enfrenta atualmente?

PF: Financiamento. A universidade precisa fazer com que o seu financeiro coincida com o orçamento. Antes, a gente dizia que a universidade tinha problema de orçamento, hoje a gente conseguiu vencer isso, conseguimos aprovar um orçamento na LOA, Lei Orçamentária Anual, num valor que daria pra gente trabalhar, além das contribuições, das parcerias, convênios e emendas, só que esse orçamento sempre é frustrado em relação ao financeiro, o dinheiro não corresponde ao orçamento planejado, e tudo isso vem a gerar uma certa frustração, sobretudo na assistência estudantil e na infraestrutura. A universidade hoje tem uma solidez acadêmica, atividades de ensino, pesquisa e extensão atuantes, mas precisamos avançar na questão da assistência estudantil e de infraestrutura, uma vez que nossas estruturas chegam a ter 40 anos.

MH: O que pode ser feito então para que esses desafios sejam superados?

PF: Ninguém quer aqui dizer “ah, me dê dinheiro que eu resolvo”. Não.  A gente define um orçamento com base em discussões, demandas, em planejamento. A universidade precisa receber esse dinheiro para poder fazer suas atividades, e isso se dá através da autonomia financeira, que já existe na UEPB, UEG, UDESC, na Universidade de Três Paulistas. O que seria essa autonomia? Seria um repasse mensal para que a universidade arque com seus compromissos, e dentro desse repasse é que ela vai trabalhar.

MH: E o que falta para essa autonomia ser efetivamente implantada na Uern?

PF: Nós tiramos a questão da autonomia financeira dos muros da universidade, um tema que se discute há cerca de 20, 25 anos. Depois da estadualização, todo mundo passou a perseguir essa autonomia, mas essa discussão sempre ficava nos intramuros da universidade. Ao longo da nossa gestão recebemos um documento, ainda da gestão do ex-reitor dr. Milton Marques, documento esse feito por uma representatividade dos três segmentos, em seguida o apreciamos, conversamos e conseguimos inserir essa pauta dentro do PPA, o Plano Plurianual, que vai até 2019, isso é lei. Conseguimos também inserir no Plano Estadual de Educação, que vai até 2025, a universidade já goza de metas que apontam para essa questão da autonomia financeira. Nós temos um documento que também foi atualizado, chamamos um grupo de pessoas que não faz parte da gestão, para fazer a atualização desse documento, quero até agradecer aqui aos professores Galileu, Teixeira e João Batista, e ao técnico Herbert, todos de Caicó. Passamos 2016 todos discutindo o estatuto da Uern e queremos, tão logo termine a campanha, já pautar no CONSUNI esse documento, para que a gente submeta ao Executivo e essa discussão realmente chegue ao Legislativo.

MH: Resumidamente, quais as principais propostas do senhor para as áreas de ensino, pesquisa e extensão?

PF: Nós passamos três anos e meio ajustando muitas coisas que outros gestores vinham tentando ajustar, cada um no seu tempo. Hoje eu reconheço que todos tiveram um desafio muito grande e nós tivemos o nosso. Quando a gente assumiu a universidade, tivemos que rever a questão do reconhecimento dos cursos, pois alguns não estavam com o reconhecimento em dia, praticamente todos, tivemos que rever a questão dos Núcleos Avançados de Educação Superior, que eram 11 municípios que ofertavam cursos de graduação em uma parceria entre universidade e município, essa foi uma discussão do Conselho Estadual de Educação, esses cursos só poderiam acontecer com autorização do Conselho Estadual. Nós tivemos que ver essa questão dos terceirizados, ver esse novo momento que o país passa. Hoje nós conseguimos resolver várias dessas questões, dando uma solidez acadêmica. Também conseguimos avançar na quantidade de doutores. Hoje nós temos mais doutores do que mestres no quadro de professores. Conseguimos fazer concurso público e hoje nossos técnicos também têm a possibilidade de capacitação. Temos bolsas de ensino, pesquisa e extensão, e o que a gente pretende agora? Pegar essa solidez acadêmica e se inserir na sociedade, fazer uma universidade socialmente referenciada. Eu não posso estar fazendo pesquisas que não se liguem com o entorno da nossa instituição. Precisamos pegar um curso, o do Informática, por exemplo, ir no Vingt Rosado e ver como o projeto de pesquisa se insere. O curso de Pedagogia, que é uma referência, temos professores e alunos que poderiam atuar em creches, que hoje faltam professores; o ambulatório do curso de Medicina, que hoje temos atendimentos em mais de 20 especialidades; o Conservatório de Música; o Núcleo de Línguas; a Prática Jurídica, a universidade precisa fazer com que seu aluno, técnico, professor, conheça a realidade onde ela está inserida e que a sociedade conheça bem essa realidade, isso agora será possível porque nessa primeira gestão fizemos o ajuste acadêmica, dando oportunidade ao ensino, pesquisa e extensão.

MH: Em relação à infraestrutura da Uern, qual a avaliação que o senhor faz? E o que pode ser feito para melhorá-la?

PF: Quando assumimos, fomos buscar recursos, não medimos esforços, para isso nós tomamos algumas decisões. Aqui em Mossoró, por exemplo, tínhamos 12 alugueis, tiramos praticamente todas, deixamos só as residências universitárias, que mudaram de endereço, buscando melhores espaços. Fomos atrás de convênios, emendas e de parcerias, e conseguimos avançar na melhoria da estrutura, basta ver os espaços da universidade. Hoje a entrada do campus Central a gente consegue já ter uma acessibilidade. Com essas fortes chuvas, nós também não temos queda de energia, que isso era uma coisa natural, fizemos toda essa parte da rede elétrica. A questão de internet, nós conseguimos avançar em Natal, Mossoró, e aumentamos a capacidade em todos os outros campi, só que ainda é pouco, e por isso fizemos concurso para analista de sistemas. Agora a universidade precisa dar continuidade a esse seu potencial de captar recursos. A gente assegura a folha de pagamento, e temos orçamento, inclusive, para implantar o aumento proposto na última audiência com o governador, de 7,65%, fizemos esse impacto em todos os segmentos. Temos um custeio que temos pago e buscado parcerias também para melhorar essa questão. Agora mesmo, até 24 de março, nós temos que preencher em torno de R$ 2,6 milhões de emendas parlamentares federais. Dos 11 parlamentares federais, conseguimos indicação de emenda de nove, não trabalhamos com um partido, com uma ideologia, ampliamos o leque de diálogo. A nossa diferença para o que estão propondo é que a gente faz. Mesmo diante de todos os desafios, a Uern conseguiu avançar.


 
MH: Quais as propostas do senhor para melhorar a segurança no campus Central?

PF: Nós, no início do ano passado, tínhamos uma parceria com a Polícia Militar para fazer uma ronda na incerta, mas esse problema de segurança é nacional, social. Já falei com o vice-reitor para ver se a gente consegue instalar câmeras do CIOSP nas imediações da universidade, também buscando que a PM faça a ronda ao redor da instituição. Dentro da universidade, vamos buscar orçamento para instalarmos câmeras, também já estamos preparando uma licitação para colocarmos motos para fazer ronda, e aumentar o efetivo de terceirizados, mas não adianta aumentar o quantitativo se não consegue pagar. No ano passado fizemos um redimensionamento dos terceirizados para que eles conseguissem receber o seu dinheiro, agora nós já tivemos de novo dificuldade de pagamento, com essa questão de orçamento fechado, mas estamos pagando.  Pedimos também que os governos, municipal e estadual, contribuam com a universidade, que é uma demanda de todas os municípios, a gente precisa dessas parcerias.

MH: O que diferencia o candidato Pedro Fernandes da candidata Telma Gurgel?

PF: O diálogo. Trajetória. A professora sempre fala na sua trajetória, é muito bom que fale mesmo, porque nós temos uma trajetória de diálogo, de respeito, de trabalho em voga da universidade, e podemos apresentar esses últimos três anos talvez como os mais desafiadores para qualquer gestor público, e a universidade conseguiu avançar, tanto do ponto de vista acadêmico como do ponto de vista administrativo. Queremos fazer mais, porque sabemos que temos toda essa responsabilidade com a nossa instituição. Hoje se fala em paridade, em igualdade de segmento, mas isso se falava há muito tempo também, e todos aqueles que lutavam não conseguiram implementar, nós conseguimos, porque colocamos em pauta no CONSUNI, defendemos. Tivemos o movimento legítimo dos estudantes, o Ocupa Uern, e fomos conversar com os estudantes aqui em Mossoró, Pau dos Ferros e Assú, em alguns momentos a conversa deu certo, em outros tivemos que ter mais de uma. Nós temos hoje todo um diálogo com a Assembleia Legislativa, com o Executivo estadual, o Legislativo federal. Fazemos também parcerias com os municípios. Temos hoje uma preparação, uma maturidade, uma trajetória de diálogo e respeito ao próximo. Nossa prática se assemelha muito ao que a gente fala. É importante que todos analisem isso, porque não adianta nesse período de campanha dizer que vai conseguir resolver tudo, mesmo diante de várias outras oportunidades que teve e não conseguiu. Uma coisa que a gente tem escutado muito é falar sobre as funções gratificadas, e muito me admira, porque a universidade tem as funções gratificadas definidas por lei desde 2012, esses valores são os mesmos desde 2012. Se hoje estão dizendo que é elevado, porque não disseram lá atrás, quando eram beneficiados com essas funções gratificadas? Temos feito uma política de austeridade em todos as rubricas. Temos conseguido executar ações para que a universidade continue avançando, de um ponto de vista livre e democrático. Hoje nossos Conselhos têm uma participação maciça dos alunos, alunos esses que têm um diálogo aberto com o reitor e toda a administração. Os técnicos-administrativos têm um peso na definição para reitor e eu espero que assim continue. Não quero dizer que a universidade está às mil maravilhas, por isso estamos nos propondo para mais quatro anos, porque nós sim temos condições de melhorar ainda mais a nossa instituição.

ASSISTA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:


MH: A proposta de privatização da Uern, feita pelo desembargador Cláudio Santos, gerou polêmica no final do ano passado. Reeleito reitor e o assunto vindo à tona novamente, qual será a posição de Pedro Fernandes?

PF: A mesma que eu já assumi. Na hora que saiu a opinião do desembargador, nós lançamos uma nota repudiando aquela opinião. Também com muita responsabilidade, fui buscar nas instâncias se existia algum documento que evidenciasse essa proposta, não encontrei em lugar nenhum. Hoje a gente vê que o Governo Federal faz um acordo com os estados e aponta como alvo de privatizações as Companhias Hidrelétricas, as de água e os bancos, não se insere universidade. Também não conhecemos nenhum caso no nosso país de instituição de ensino superior pública que foi privatizada, o que me levar a crer que, além da opinião do desembargador, que foi rebatida de imediato, algumas pessoas, como disseram nos debates, que já tinham sido escolhidas pré-candidatos, quiseram tirar proveito disso sem respeitar ninguém, mas conseguimos resolver essa questão, continuaremos defendendo a universidade, não só com coragem, mas com responsabilidade.

MH: Fique à vontade para suas considerações finais.

PF: Quero parabenizar o MOSSORÓ HOJE por essa oportunidade e reafirmar que a nossa universidade carece sim de uma autonomia financeira, já fizemos toda uma política de austeridade, tanto na folha de pagamento, como no custeio e investimento, ampliamos nossa capacidade de captação de recursos, conseguimos aumentar a quantidade de bolsas, que eram 70 e agora são 450 e hoje ainda dizem que é pouco, mas conseguimos fazer diferente daqueles que só reclamam e não fazem. Conseguimos sim dar uma característica, uma propriedade de assistência estudantil, quando priorizamos a Diretoria de Assuntos Estudantis (DAE). Conseguimos ampliar os transportes, hoje nós temos um ônibus e três micro-ônibus adquiridos nesses três anos de muita crise. Não poderia deixar de destacar também a Uern TV, que nós fizemos um trabalho do nada, em parceria com os professores, técnicos e alunos, e hoje nós temos matérias nacionais, os nossos alunos aparecem na televisão em nível nacional já com naturalidade, estamos buscando a FM Universitária, isso mostra toda a nossa democratização. Conseguimos, pela primeira vez, ampliar as residências universidades, não apenas no campus Central, mas em Assú, em Natal, já temos o contrato locado para a residência feminina em Patu e estamos buscando em Caicó e Pau dos Ferros. A Prática Jurídica tinha uma demanda imensa por um espaço adequado e conseguimos trazer para o prédio do Fórum, e lá estamos trabalhando. Não posso deixar de falar também na Empresa Júnior, que o curso de Economia já trabalha, fazendo relações com alguns municípios, é dessa forma que a gente vai trabalhar para os próximos anos, fazendo com que a universidade funda ensino, pesquisa e extensão e chegue no entorno de onde ela está inserida. Me impressiona hoje ver pessoas que têm dificuldade de diálogo dizer que vai fazer parcerias, inclusive conseguindo mesadas dos municípios.
 

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