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ESTADO
Maricelio Almeida/MH
24/03/2017 17:10
Atualizado
14/12/2018 01:04

“A Divina Providência me salvou”, afirma procurador-geral de Justiça do RN

Rinaldo Reis detalhou como o atentado aconteceu, revelando que o servidor Guilherme Wanderley, ao apontar a arma em sua direção, disse que aquilo seria uma “recompensa”.
Cláudia Angélica/InterTV Cabugi)
O procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Rinaldo Reis, detalhou como o servidor Guilherme Wanderley entrou em sua sala e efetuou os disparos que atingiram o procurador-geral adjunto, Jovino Pereira e o promotor Wendell Beethoven, que responde pela coordenadoria jurídica e administrativa do MP. Rinaldo conta que foi salvo pela “Divina Providência”.

“Um disparo passou pouco acima da minha cabeça. A Divina Providência me salvou. Dr. Jovino e Dr. Wendell passaram por cirurgias na parte da tarde, estão no processo de recuperação, sob observação, estabilizados, não quer dizer que não haja qualquer risco, nós todos estamos em oração para que eles se reestabeleçam plenamente”, relatou o procurador-geral.

Conforme Rinaldo Reis, o servidor Guilherme (foto à esq.) entrou na sala antes mesmo de ser anunciado, justificando que trazia documentos urgentes da Corregedoria-Geral de Justiça para serem entregues ao procurador. “A secretária ia anunciá-lo, quando apertou o botão para abrir a porta, ele já foi adentrando e passou pra mim dois papeis, eu recebi e indaguei se queria que eu analisasse naquela hora, ele estava por trás dos meus assessores, foi quando puxou uma arma do casaco”, detalhou.

Na sequência, Guilherme, antes de apontar a arma em direção a Rinaldo, afirmou que aquilo era uma “recompensa” por tudo que havia sido feito pelos membros do parque. “Talvez eu tenha sido o único que viu imediatamente a arma, porque eu era o único que estava de frente para ele. Eu, alarmado, primeiro indaguei: ‘o que é isso Guilherme?’. Quando eu vi que ele realmente ia atirar aí dei um grito ‘corram que ele está armado’. Nessa hora houve um pouco de pânico, óbvio. Ele disparou, estava apontando a arma para mim, no que os meus assessores, que estavam na minha frente, se levantaram, então o Dr. Wendell acabou tomando a minha frente e aí a bala pegou nas costas dele, ultrapassou o pulmão e foi se alojar perto do braço”, disse.

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Rinaldo segue o relato dos momentos de terror: “Nós saímos correndo, passei, por uma outra porta, para a sala da chefia de gabinete, o Dr. Jovino atrás de mim, e antes de eu conseguir abrir a porta, Guilherme efetuou mais um disparo, passou pouco acima da minha cabeça, mas consegui abrir a porta e sair rapidamente, o procurador-geral adjunto vinha em fuga, fui a outra sala, a de Dr. Jovino, quando ia abrir a porta que dá para a saída, ouvi quando o meu adjunto estava tentando conter o servidor, segurar a mão dele, mas o servidor efetuou dois disparos contra Dr. Jovino, friamente, atingindo a região abdominal”.

Dr. Jovino: atingido na região do abdômen

Documento mostra que intenção de Guilherme era matar os três

Na sala do procurador-geral de Justiça havia sete pessoas em uma reunião administrativa corriqueira. Dessas, o alvo de Guilherme era o trio formado por Rinaldo Reis, Jovino Pereira e Wendell Beethoven. Dos três, apenas o chefe do MP não foi atingido. “Num desses papeis que ele me entregou havia a informação que o alvo seria nós três. Se a intenção fosse a de atirar a esmo para ferir quem estivesse na sala comigo, ele teria feito isso com extrema facilidade, mas demonstrou que alvos ele queria. Tanto que, após acertar Dr. Wendell, saiu em perseguição a mim e Dr. Jovino”, complementa Rinaldo Reis.

No outro documento entregue ao procurador, Guilherme apresentava uma série de queixas administrativas, entre elas a equiparação salarial entre assessores dos promotores e assessores dos procuradores. O servidor, efetivo, atuava há muitos anos como assessor de um procurador de Justiça. Segundo Rinaldo Reis, não é possível afirmar que esse inconformismo seja a causa do atentado.

Dr. Wendell: primeiro a ser atingido pelo servidor
 
Motivação

O que teria, afinal, motivado Guilherme a praticar a tentativa de homicídio dentro da sede do Ministério Público? O procurador-geral garante que não há justificativa. “Eu não sei a motivação. Esse servidor, que é efetivo, exerce um cargo comissionado aqui há muitos anos. Já exercia quando eu assumi a Procuradoria-Geral e continuava exercendo até hoje. Nunca houve qualquer constrangimento da administração em relação a ele, qualquer ato para tentar interferir no trabalho dele, na vida dele, nunca houve Processo Administrativo, ele nunca esteve afastado e nunca deu entrada de qualquer tipo de atestado por problemas psíquicos. É algo que nos surpreende completamente”, disse.

Rinaldo conta que tratava o servidor pelo nome, mas que Guilherme demonstrava frieza quando era cumprimentado pelo procurador-geral. “Sempre me pareceu um servidor normal. Não demonstrava qualquer perturbação ou animosidade. Nunca discuti, sempre o cumprimentei, e ele, mesmo bastante frio comigo, sempre respondia”, pontua, acrescentando que os servidores que atuam na sede do MP, bem como os promotores e procuradores, não são submetidos a detector de metais. “São servidores de longa data, gozam de nossa confiança”, justifica.

Segurança reforçada

O procurador-geral destaca que o MP já estava adotando medidas para reforçar a segurança em sua sede, mas após o ocorrido, será necessário ampliar esse esquema. “A gente já tem um plano de segurança, que estamos executando aos poucos, contemplando detector de metais tipo scanner, controle de acessos, agora vamos ter que adotar outras medidas”, diz.

Mesmo diante do atentado, Rinaldo garante que o funcionamento do Ministério Público se dará normalmente, inclusive com os plantões desse fim de semana mantidos. “Nada vai alterar a rotina de trabalho do MP. O procurador estará aqui com sua equipe. Estaremos nos nossos postos de trabalho na segunda”, finalizou.
 

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