28 MAR 2024 | ATUALIZADO 11:37
MOSSORÓ
Da redação
14/04/2017 06:33
Atualizado
14/12/2018 09:07

Por falta de atendimento pediátrico, apendicite quase que mata criança de 7 anos em Mossoró

Criança foi salva por um médico do Hospital Wilson Rosado, o qual recebeu o pedido de socorro dos País depois de passarem pela UPA do Santo Antônio e também pelo Hospital Regional Tarcísio Maia
Apendicite pode matar? Se estiver em Mossoró, o risco de morte é maior. Aliás, é total. Ao menos é o que ficou bem claro num fato que ocorreu durante dia e a noite desta quinta-feira, 13, que começou na UPA, passou pelo HRTM e terminou no Hospital Wilson Rosado.

Everton Andrade Dantas, de 7 anos, foi levada pelos pais (agricultores Evaldo Dantas da Silva, Pirô, e Jackelene Andrade Moura), para a Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Santo Antônio, no início da manhã desta quinta-feira, 13, sentindo fortes dores na barriga.

Não conseguiu atendimento adequado para o quadro apresentado. A médica do UPA pediu exames de ressonância. A família fez o exame, com recursos próprios, numa clínica particular, e confirmou as suspeitas de que realmente se tratava de uma infecção/apendicite.

"Primeiro disseram que não tinha como atender e depois disseram que tinha. Mas não tinha. Aí falaram que iam encaminhar para o Tarcísio Maia, de lá para Natal, mas para isto precisava de um laudo de um pediatra", narra o pai do garoto, o agricultor Pirô.

Sem ter um atendimento pediátrico adequado, os servidores da UPA do Santo Antônio ficaram sem saber o que fazer para encaminhar a criança para o local adequado para receber o tratamento. Precisavam, essencialmente, dos serviços de um cirurgião/pediatra.

O quadro se agravou no final da tarde e a criança foi levada pelos pais para o Hospital Regional Tarcísio Maia, onde os médicos atestaram a urgência de tratar a apendicite. Precisava de cirurgia urgente. Ao invés de fazer a cirurgia, a criança foi encaminhada para Natal.

O médico informou aos pais que não ia fazer a cirurgia no Hospital Tarcísio Maia, pois não era pediatra e podia dá algo errado. Há poucos dias, a direção do HRTM informou que estava desativando a pediatria, pois não havia mais pediatras nos quadros da unidade.

"Vi a mãe estava saindo de dentro do hospital com meu filho chorando, com uns papeis. Era para ir para Natal, mas como, sem ambulância, sem dinheiro e só com o bichim chorando com a dor no pé da barriga, puxando a perna. Aí desesperemos", narra o pai do garoto.

Em desespero, os pais foram ao Hospital Wilson Rosado, para o médico pediatra de lá avaliar o quadro. Era uma saída desesperada, pois não havia mais outra alternativa viável.

O médico pediatra ao ver a criança e os exames não a deixou mais sair. Não havia mais tempo. A levou imediatamente para o Centro Cirúrgico e realizou o procedimento. Na prática, salvou a vida da criança, pois a apendicite estava no limite para estourar.

O custo do hospital foi R$ 2,700,00. Já o trabalho dos médicos ficou em R$ 5 mil. "O médico me chamou num canto e disse que o caso era muito urgente e que não poderia ter ficado esperando tanto tempo para ser resolvido (cirurgiado)", conta Pirô.

Já aliviados do desespero durante o dia de ontem à noite, na manhã desta sexta-feira, 14, os pais confirmaram a história ao MOSSORO HOJE. Inicialmente disseram que não iriam tornar público, para não ter “problemas” futuros, mas um pouco mais tarde, mudaram de ideia.

Pirô é agricultor, de família humilde e reside no abolição V, zona oeste de Mossoró. Ele trabalha plantando cajueiro na Serra do Mel. disse que vai trabalhar muito para pagar pela cirurgia no final no Hospital Wilson Rosado, bem como os exames, algo em torno de R$ 9 mil.
 
A criança se recupera bem da cirurgia. Os país, que são de familia humilde, não sabe como vão pagar a conta. Quem puder e desejar ajudar a esta família, pode transferir ou depositar na conta bancária abaixo.
 
Agência Caixa – 0560
Operação - 013
Conta Corrente - 00029548-2
Nome do titular: Jackelene Andrade Moura (mãe).


Uma série questionamentos são extraídos deste caso:
 
Primeiro: Se o quadro era de emergência e urgência, porque a criança não foi cirurgiada no Hospital Regional Tarcísio Maia? O que faltou para que o atendimento se concretizasse?
 
Segundo: Se deu entrada no Hospital Regional Tarcísio Maia, que é porta SUS, porque não foi feito a cirurgia no Hospital Wilson Rosado pelo SUS, como prevê a legislação?
 
Terceiro: Este quadro altamente perigoso a vida das crianças em Mossoró permanece?


Reabertura da pediatria do HRTM

A direção geral do Hospital Regional Tarcísio Maia informou que a Secretaria Estadual de Saúde já concluiu o processo de contratação da empresa que vai abrir a pediatria da instituição.

O diretor Jarbas Mariano disse que vai pessoalmente na próxima terça-feira, dia 18, entregar a documentação na Assessoria Jurídica do Governo do Estado, para o parecer final e publicação no Diário Oficial do Estado.

Mariano acredita que até o final do mês, o processo vai está concluído e os pediatras trabalhando no Pronto Socorro do HRTM.

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