25 ABR 2024 | ATUALIZADO 18:39
MOSSORÓ
Da redação
12/06/2017 16:28
Atualizado
14/12/2018 02:06

Drama em Mossoró: para comprar insulina, filho pede para mãe vender vídeo game e violão

“Tenho certeza de que a senhora sabe de que nada dói mais na gente do que vermos o sofrimento de um filho”, desabafa mãe de paciente em depoimento direcionado à prefeita Rosalba Ciarlini
Secom/PMM
O drama dos pacientes diabéticos que precisam diariamente de doses de insulina em Mossoró continua. Nesta segunda-feira, 12, cansada de esperar pelo Poder Público, Márcia Fonseca, mãe de um adolescente que deveria estar recebendo o medicamento gratuitamente da Prefeitura, fez um longo relato (abaixo, na íntegra) sobre as dificuldades que sua família tem enfrentado.

Segundo Márcia, a situação chegou ao ponto do filho pedir para vender o próprio vídeo game e um violão para que a compra da insulina seja viabilizada. Nas redes sociais, Márcia postou um desabafo direcionado à prefeita Rosalba Ciarlini, onde afirma que tem sido dolorido garantir o direito à vida do seu filho diante do quadro atual.

“... Há alguns anos realizamos o desejo de nosso filho que era de ganhar um vídeo game, desses conhecidos. As coisas estavam difíceis, mas mesmo assim fizemos um esforço e adquirimos o objeto, bom filho, estudioso, nunca repetiu de ano... enfim, merecedor. Nunca esquecerei da alegria e do brilho no olhar dele quando recebeu o que tanto nos pedia há tempos. Do mesmo jeito, foi quando ganhou seu primeiro violão, já mais crescidinho, interessou-se por aprender a tocar, sendo assim do meu conhecimento os dois presentes favoritos de sua vida. Mas hoje, caríssima senhora, o nosso filho vendo nosso aperto para comprar o medicamento que é sua sobrevivência insiste que tem que se desfazer desses itens que tanto o alegram”, detalhou Márcia.

O depoimento segue: “...Aqui já me desfiz de celular recém comprado, tv que eu tanto trabalhei para chamar de minha e muitas coisas que sinceramente, até perdi as contas de quantas vezes já fui nos grupos de venda oferecer para garantir doses de vida diária para meu filho. Mas nada me dói mais do que isso, a gente já não poder sair de casa, ir ao cinema, ir à praça de alimentação de um shopping, frequentar um shopping aos fins de semana, pois nunca nos sobra, por isso, investimos em lazer em casa”.

Márcia acrescenta que não está “querendo aparecer”, mas sim lutando pelo direito do filho: “Olha, senhora, tenho certeza de que a senhora sabe de que nada dói mais na gente do que vermos o sofrimento de um filho. Mas parece que depois que o poder de quem entra na vida pública sobe à cabeça, nem isso lembra mais. Eu não estou aqui expondo minhas dificuldades querendo aparecer, não. Eu estou aqui porque estou lutando pelo que é do meu filho por direito e que vocês estão tomando”.

“Já imaginou, senhora prefeita, um filho seu morrer por falta de um medicamento que é de direito dele ser ceifado assim, sem explicação? Já não basta para o meu filho, assim como vários outros diagnosticados aqui na cidade, conviver desde criança com essa doença que não tem cura? Já não basta não ser convidado pra aniversários e festinhas de colegas, pois ninguém quer se responsabilizar pelo menino ‘doente’? Já não basta ser furado de 10 a 15 vezes por dia entre aplicação de insulina e testes de glicose? Já não basta??”, pontua Márcia.
 
Prazo

O MOSSORÓ HOJE enviou mensagem diretamente à secretária de Comunicação Social solicitando informações sobre quando a insulina voltará a ser distribuída na cidade, mas até o momento não obteve retorno.

A Prefeitura conseguiu na Justiça o direito de adquirir dois tipos diferentes do medicamento, mais baratos, segundo o próprio Município. O contrato com a empresa D-HOSP DIST. HOSPITALAR IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, responsável pelo fornecimento das insulinas tipo Degludeca e Asparte, já foi, inclusive, assinado, pelo valor global de R$ R$ 3.615.300,00, com duração de 12 meses, mas ainda não se sabe quando os pacientes voltarão a receber suas doses diárias.
 
 

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