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MOSSORÓ
Da redação
04/07/2017 11:03
Atualizado
14/12/2018 06:39

Sociedade mossoroense julga réus envolvidos na Operação Laços de Sangue

A vítima é o comerciante Francisco Valdemes de Lima, o Galego de Bastião, executado com tiros nas costas no dia 5 de novembro de 2015, na praça da Saúde, no Centro cidade. O motivo do crime, segundo o promotor de Justiça Romero Marinho
Cézar Alves/MH
O homicídio que o Tribunal do Júri Popular está julgando hoje na Comarca de Mossoró é o que a Polícia sabia que a vítima ia ser assassinada, sabia o nome dos assassinos e não conseguiu evitar. A ocorrência transcorreu no município de Lucrécia, região Oeste do RN. Trata-se de mais um caso de homicídio da operação Laços de Sangue.

A vítima é o comerciante Francisco Valdemes de Lima, o Galego de Bastião, executado com tiros nas costas no dia 5 de novembro de 2015, na praça da Saúde, no Centro cidade. O motivo do crime, segundo o promotor de Justiça Lúcio Romero Marinho Pereira, é um mistério.

Os réus são:
Antônio Romário da Silva, de 25 anos.
Ezequias Agostinho da Silva, o Galego Feio, de 31 anos
Marcelo Oliveira da Silva, o Padre, 24 anos
Humberto Patrick Cavalcante de Oliveira, o Gordo, de 33 anos

A trama toda estava sendo monitorada há várias semanas antes da vítima ser executada, via telefones, pelo Serviço de Inteligência da Policia Civil da Paraíba. No caso, o alvo da investigação da Polícia paraibana era Marcelo Oliveira da Silva, o "Padre".

Padre está preso há 4 anos e 9 meses por ter matado uma pessoa e ter sido condenado a 17 anos de prisão. Este crime, segundo a Polícia de Catolé do Rocha, faz referência a Operação Laços de Sangue, da Polícia Federal, para coibir a guerra entre famílias na região.

Para evitar novos crimes nesta guerra entre famílias, a Inteligência da Polícia paraibana estava monitorando tudo que o ''Padre'' fazia na prisão, inclusive escutando as conversas que ele tinha com familiares e os envolvidos no assassinato de Galego de Bastião, em Lucrécia.

Segundo o promotor que acompanhou o caso na época, Baltazar Patrício Marinho Figueiredo, Padre organizou tudo para que o assassinato de Galego de Bastião ocorresse. Primeiro ele ordenou que a arma fosse comprada na cidade de Umarizal e entregue ao atirador.

Escolheu também o melhor dia para executar a vítima. Calculou o tempo de fuga e escolheu a rodovia. Definiu tudo com precisão. Sabendo das intenções do preso Marcelo Oliveira, o Padre, os policiais de Frutuoso Gomes ficaram aguardando os atiradores em Lucrécia.

Entretanto, segundo o sargento PM Gilliarde, ele passou 2 dias seguidos aguardando os pistoleiros, mas eles não vieram e ele foi descansar em casa, na cidade de Patu. De lá recebeu a ligação de que dois homens haviam matado Galego de Bastião, em Lucrécia.

Como já sabia quem eram os contratados para o crime, a polícia prendeu Antônio Romário; Humberto Patrick, o Gordo; Ezequias Agostinho, o Galego Feio; e deu voz de prisão ao preso de justiça Marcelo Oliveira, dentro do Presídio Regional de Catolé do Rocha.

Segundo a investigação, Ezequias Agostinho ficou encarregado de monitorar e definir o melhor momento para os pistoleiros Romário e Gordo atacarem. Quando o sargento Gilliarde se afastou para descansar, os dois foram lá e e mataram Galego de Bastião.
 
Desaforamento
Este caso deveria ter sido levado a julgamento popular no Comarca de Almino Afonso, entretanto, por falta de segurança na cidade e o possibilidade real dos jurados serem influenciados, o Ministério Público Estadual pediu desaforamento para Mossoró.
 
Em Mossoró, o Tribunal do Júri Popular nesta terça-feira, 4, começou de 8 horas com o sorteio dos 7 membros do Conselho de Sentença. O juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros, preside os trabalhos. Ele advertiu defesa e acusação para só enfatizar o que está presente no processo.
 
Depoimentos
Foram ouvidos no plenário as testemunhas Cristalino Bezerra Neto, que afirmou ter visto os assassinos no dia do crime e que não são os réus que hoje estão sendo julgados e também a mulher de Romário, Raissa dos Santos Pereira, que afirma que o marido estava com ela.
 
Todos os réus negaram em plenário ter participado do crime. Romário disse que estava dormindo na casa da sogra com a mulher na zona rural de Frutuoso Gomes e que não sabe quem teria matado Galego numa lanchonete no Centro de Lucrécia.
 
Marcelo Oliveira disse que estava preso e não tem informação nenhuma sobre o caso. Disse que está preso em Catolé do Rocha há 4 anos e 9 meses por um crime que ele cometeu e que havia sido condenado a 17 anos de prisão. Confirmou que é de Antônio Martins.
 
O Galego Feio disse também que era inocente e que não entendia porque estava sendo acusado. No final do depoimento, em juízo, ele afirmou ter ouvido os familiares da vítima afirmar que quem havia matado Galego de Bastião havia sido o sargento Giliarde.
 
Já Patric Gordo, não está sendo julgado nesta terça-feira, 4. Ele é considerado foragido de Justiça.
 
Acusação
O promotor de Justiça Romero Marinho, que está atuando no Tribunal do Júri Popular, pediu a condenação dos réus por homicídio qualificado. Chamou a atenção da frieza como se decide tirar a vida de uma pessoa e o executa com detalhes milimetricamente planejado.
 
Defesa
Já os advogados de defesa estão trabalhando a tese de negativa de autoria, ou seja os réus são injustamente acusados do homicídio. O advogado Félix Gomes Neto destacou que o seu cliente Romário pode ter sido confundido com outro Romário, que tem na região.
 
Os outros advogados que estão atuando na defesa dos réus são: Falcone Samuelson Dantas Carlos, José Wellinton de Melo, Wallace Rocha Barreto, Rafael Nunes e José Venâncio de Paula Neto. Todos estão trabalhando a tese de negativa de autoria.
 

Notas

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