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POLÍTICA
Da redação
21/07/2017 16:13
Atualizado
13/12/2018 08:09

“Daí eu não me senti a vontade para continuar”, diz Jarbas Mariano se despedindo do HRTM

Jarbas Mariano confirma que pediu exoneração do cargo de diretor geral do HRTM depois que sua diretora administrativa (Lúcia Bessa) foi exonerada por razões políticas nesta sexta-feira, 21.
O portal MOSSORÓ HOJE entrevistou na tarde desta sexta-feira, 21, o ainda diretor geral do Hospital Regional Tarcísio de Vasconcelos Maia, o cirurgião Jarbas Mariano.

Mariano aponta, entre outros fatos, nesta entrevista exclusiva, que pediu exoneração do cargo depois que a diretora administrativa Lúcia Bessa foi exonerada, segundo ele, por motivação política.

“Daí eu não me sentir a vontade para continuar”, diz Jarbas Mariano
 
Segue-a,

MOSSORÓ HOJE - Para começar, gostaria que o senhor fizesse um avaliação destes 2 anos e 4 meses a frente do Hospital Regional Tarcísio Maia, responsável pelo atendimento de emergência urgência para uma população estimada em mais de 800 mil habitantes.

Jarbas Mariano - Positiva, Cezar Alves. Muito positiva. E digo isto mesmo diante de todas as dificuldades enfrentadas ao longo deste período. Ressalte-se que não se trata de dificuldades no sistema de saúde existentes só aqui no Rio Grande do Norte, em Mossoró. Na verdade este um dificuldade enorme no sistema de saúde no Brasil. Mesmo com estas dificuldades, caminhamos bem, prestamos o serviço que a nós competia.
 
MOSSORÓ HOJE - Então, Dr. Jarbas Mariano. O senhor fala que mesmo diante de enormes dificuldades impostas pelo próprio sistema de saúde nacional, o Hospital Região Tarcísio Maia prestou seu dever. Porém, existem muitas reclamações de pacientes nos corredores, superlotação, quase sempre as macas do SAMU ficam serviço de cama hospitalar. O que ocorre?
 
Jarbas Mariano – Cézar, hoje estamos com todos os serviços do HRTM em pleno funcionamento. Não existe reclamação do serviço que prestamos. E temos todos os serviços de imagens e laboratório dando suporte a urgência e emergência do Pronto Socorro. Gostaria aqui de enfatizar bem, que o HRTM é de urgência e emergência. O Hospital Tarcísio Maia recebe o paciente com risco de morte, estabiliza o quadro e o entrega para o tratamento eletivo, que é de responsabilidade dos municípios de origem. Como os municípios não prestam assistência ao seu cidadão, este é obrigado a entrar numa fila do Sistema de Regulação estadual, para conseguir o tratamento complementar, quase sempre uma cirurgia. Como demora muito a este serviço ser concretizado, o paciente sofre no Hospital Tarcísio Maia.
 
MOSSORÓ HOJE - Quanto às reclamações por falta de médicos, especialmente ortopedistas e pediatras?

Jarbas Mariano – Há algum tempo não temos reclamações com relação à urgência de Ortopedia. Temos três de plantão acompanhando com dois anestesiologistas. Ainda com relação ao sistema eletivo, que fiz referência na outra resposta, quero complementar dizendo que o paciente que não recebe os devidos cuidados de sua terra natal, termina sofrendo dentro do HRTM. Passa por um desgaste terrível, além de representar um gasto enorme para o Estado e gerar dificuldades ao HRTM. De fato existem reclamações, mas não se trata de um problema gerado pelos profissionais do Hospital Tarcísio Maia e, sim, pelos gestores das cidades de origem destas pessoas. Enfrentando um ano difícil, quando estava sem tomógrafo. Mas hoje o quadro é diferente. Temos um tomógrafo moderno que atende Mossoró e toda a região Oeste com tranquilidade e eficiência. Sou ciente que procurei fazer todo que havia ao meu alcance para garantir todos os serviços funcionando. Torço e rogo a Deus que venha um novo diretor com mais capacidade que a minha para ampliar os serviços que já temos.
 
MOSSORÓ HOJE - O que realmente motivou o seu pedido de exoneração?

Jarbas Mariano - Desde que assumir o HRTM, deixei claro que não era politico. Pedi que a política não interferisse no nosso trabalho. Tinha 18 anos de HRTM e sabia como funcionava. Sabia que política não combinava. Atrapalhava. Durante estes 2 anos e 4 meses, eu não tive interferência politica aqui. Mas no próprio instante que me deparo com o Diário Oficial do Estado com a exoneração de uma diretora (Lúcia Bessa) que vestiu a camisa do hospital, agiu com zelo, responsabilidade, honradez... fico sem clima para continuar. Não tem como continuar, especialmente porque a motivação foi política. Daí eu não me sentir a vontade para continuar.
 
MOSSORÓ HOJE - Nesta quinta-feira, 20, o secretário Estadual de Saúde, George Antunes esteve Mossoró, e obviamente se reuniu com o senhor. Demostrava está tudo bem. Ele sabia desta exoneração?
 
Jarbas Mariano - Primeiro o secretário ficou surpreso, assim como eu fiquei surpreso com a exoneração da minha diretora administrativa. É tanto que ontem o secretário realmente esteve aqui comigo e havia várias coisas em andamento. Conversamos sobre como dá andamento estes projetos para o Hospital Tarcísio Maia. Ele já sabia que acontecendo o que aconteceu, eu iria sair. Não teria como continuar. Ele ficou surpreso e pediu que repensasse e tal, mas não havia mais clima. Já estava decidido.
 
MOSSORÓ HOJE - É conhecimento público que a remuneração para quem ocupa o cargo de diretor do Hospital Regional no Rio Grande do Norte é muito baixa. Talvez seja bem menos do que o senhor já ganharia naturalmente como cirurgião. O senhor, como já disse, sabia das dificuldades de administrar este hospital, que tem mais de mil servidores e mesmo assim é pequeno para o tamanho da população da região. O que motivou o senhor a assumir este posto?
 
Jarbas Mariano - Cada um de nós tem um período e nossa vida que precisa ser dedicado a um feito. Esse foi nosso entendimento na época que eu encarei esta missão de administrar o Hospital Tarcísio Maia. Quanto à motivação financeira, não existe remuneração diferente do que eu já recebia. O que eu não recebia como plantonista é praticamente a mesma coisa que recebi como diretor. Então, o que realmente motiva é o desejo de procurar fazer o bem ao próximo.
 
MOSSORÓ HOJE - Qual o seu próximo desafio?

Jarbas Mariano - Vou retornar a escala normal do Hospital Tarcísio Maia, como cirurgião que sou.

MOSSORÓ HOJE - O seu expediente encerrou no Hospital Tarcísio Maia ou ainda vai aguardar o aceite do governo, publicação da Portaria de exoneração, próximo diretor?
 
Jarbas Mariano - Vou aguardar o próximo diretor trabalhando todos os dias com o mesmo entusiasmo do dia 1º de abril de 2015, quando assumir esta missão. Eu entendo que o serviço não pode sofrer descontinuidade. É essencial a vida.
 
MOSSORÓ HOJE - Qual o sentimento do senhor ao deixar o cargo de diretor e concluímos com uma mensagem aos servidores do Hospital Regional Tarcísio Maia...
 
Jarbas Mariano - Gratidão. O meu sentimento é de gratidão. Só tenho a agradecer a todas as pessoas que ajudaram ao HRTM, desde as pessoas do nível central ao servidor mais humilde deste hospital. Não encontrei portas fechadas. Sempre que solicitei algo a mais dos servidores, fui prontamente atendido. Serei eternamente grato os colegas de trabalho. Os servidores do HRTM são verdadeiros guerreiros. Nos dias mais difíceis, eles estão lá na labuta. E foi graças a esta determinação de fazer o bem de todos que aqui trabalham que deu tudo certo e avançamos, inclusive até com ampliação da estrutura. Enfim, desejo que meu sucessor alcance tudo aquilo que não conseguir em melhoria que eu não consegui, porque a população precisa de forma mais rápida e dinâmica. Um abraço! 

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