19 ABR 2024 | ATUALIZADO 22:33
SAÚDE
Da redação
29/07/2017 08:05
Atualizado
14/12/2018 08:22

Diplomata mossoroense é empossado novo imortal da Academia Brasileira de Letras

“A Casa de Machado de Assis ganha, e muito, com a presença de João Almino”, destacou o presidente da ABL, professor Domício Proença Filho
Guido Moreto/Agência O Globo
O embaixador e escritor potiguar João Almino tomou posse na Cadeira 22 da Academia Brasileira de Letras (ABL), nesta sexta-feira, dia 28 de julho, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo Acadêmico foi eleito no dia 8 de março deste ano, na sucessão do Acadêmico e médico Ivo Pitanguy, falecido no dia 6 de agosto de 2016.

Em nome da ABL, a acadêmica e escritora Ana Maria Machado fez o discurso de recepção. Antes, José Almino discursou na tribuna. Em seguida, assinou o livro de posse. Logo após, o presidente da ABL, acadêmico e professor Domício Proença Filho, convidou o acadêmico e professor Arnaldo Niskier (segundo a tradição, o decano presente) para fazer a entrega da espada; o embaixador e historiador Alberto da Costa e Silva para fazer a aposição do colar; e o acadêmico e embaixador Geraldo Holanda Cavalcanti para entregar o diploma. O presidente, então, declarou empossado o novo Acadêmico.

Os ocupantes anteriores da cadeira 22 foram: Medeiros e Albuquerque (fundador) – que escolheu como patrono José Bonifácio, o Moço –, Miguel Osório de Almeida, Luís Viana Filho e Ivo Pitanguy.

“João Almino traz para a Academia a alta representatividade do ficcionista, do poeta, do ensaísta e tradutor, aliada ao saber e à experiência do diplomata de longo curso. A Casa de Machado de Assis ganha, e muito, com a sua presença” afirmou o presidente da ABL, Domício Proença Filho
O novo acadêmico assegurou em seu discurso a preocupação com a literatura, lembrou o inconformismo de seus antecessores e a importância de não se perder de vista o compromisso social ou político.

Confira trecho discurso do novo imortal:

“A literatura, não é feita para apaziguar o espírito, mas para aguçá-lo. Não é feita para opinar, expor demonstrações ou resolver problemas, o que cabe melhor noutras formas de expressão. Os romancistas podem alienar a verdade em troca de uma boa frase quando esta revela a verdade mais profunda da própria ficção. Se o poeta é um fingidor, imagine o ficcionista! Embora nesse trabalho de invenção possam ser incluídos registros e documentos, isso não é o cerne da obra de ficção.

Seu compromisso não é com a conjuntura, dinâmica pela natureza; nem com a verdade factual, mutável com o surgimento de novas informações. É com a história não oficial, alternativa ou subterrânea e deve ir além da verdade e da realidade, sob pena de perder sua dimensão de fantasia, que traz em si forma peculiar de transmissão de conhecimento.

Dois e dois nem sempre são quatro e não só por formarem o número da cadeira que comento. Nem todos os meus antecessores tiveram obra engajada no sentido estrito, mas todos foram inconformistas. Seus trabalhos não perderam de vista o compromisso social ou político, o que não deveria jamais faltar num país com alarmantes índices de educação e de pobreza e com desigualdades sociais, raciais e regionais extremas”.

O NOVO ACADÊMICO

João Almino nasceu em Mossoró, no Rio Grande do Norte, em 1950. É conhecido sobretudo pelos seguintes seis romances, aclamados pela crítica e cujas histórias se passam em Brasília: Ideias para onde passar o fim do mundo (Brasiliense, 1987; editora Record, 2003); Samba-Enredo (Marco Zero, 1994; editora Record, 2012); As cinco estações do amor (editora Record, 2001); O livro das emoções (editora Record, 2008); Cidade Livre (editora Record, 2010) e Enigmas da Primavera (editora Record, 2015).

Todos esses livros, à exceção do segundo, receberam prêmios ou foram finalistas de prêmios literários. Entre os recebidos, incluem-se o Casa de las Américas 2003 (para As Cinco Estações do Amor) e o Zaffari & Bourbon 2011 (para Cidade Livre, que também foi finalista do Jabuti e do Portugal-Telecom).

Parte da obra de ficção está traduzida para o inglês, o francês, o espanhol, o italiano e outras línguas. É também autor de livros de ensaios de filosofia política ou de história, considerados referência para os estudiosos da democracia e do autoritarismo: Os democratas autoritários (Brasiliense, 1980), Era uma vez uma constituinte (Brasiliense, 1985), A Idade do Presente (Tempo Brasileiro, 1985; Fondo de Cultura Económica, México, 1986), O Segredo e a Informação (Brasiliense, 1986) e  Naturezas Mortas (Francisco Alves, 2004).

Entre os ensaios literários incluem-se: Balanço Poético: Brasil-Estados Unidos (Memorial da América Latina, 1996); Escrita em Contraponto (Tempo Brasileiro, 2008; Leviatán, Buenos Aires, 2009) e O Diabrete Angélico e o Pavão (UFMG, 2009).

O diplomata João Almino foi Diretor do Instituto Rio Branco. Medalha de ouro no Curso de Preparação à Carreira Diplomática do Instituto Rio Branco, bacharel em direito pela UERJ e mestre em sociologia pela UNB. Defendeu tese de doutorado em História Comparada das Civilizações Contemporâneas em 1980 pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, de Paris, sob a direção do filósofo Claude Lefort.

Ensinou na UnB, na Universidade Nacional Autônoma do México e nas universidades de Berkeley, Stanford e Chicago.

Com informações da ABL

Notas

Publicidades

Outras Notícias

Deixe seu comentário