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VARIEDADES
Da redação
06/09/2017 06:02
Atualizado
13/12/2018 23:45

"Ainda não caiu a ficha", afirma filho de assentados que cola grau nesta quarta em Medicina na UERN

Caio Fonseca da Silva, de 28 anos, afirma que passou por muitas dificuldades até chegar a esse momento. Diz que sua família, amigos e professores sempre o incentivaram e ajudaram como podiam. Ele recebe o diploma nesta quarta-feira, 6.
Rodrigo Oliveira/UERN
O curso de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) realiza na noite desta quarta-feira (06),  no Teatro Dix-huit Rosado, mais uma colação de grau. Entre os graduandos que se destacam está o estudante Caio da Fonseca da Silva, de 28 anos, do Assentamento Quixaba. 

Filho de assentados, família humilde, Caio afirma que passou por muitas dificuldades até chegar até esse momento. 

"Eu não acreditava que chegaria a esse momento", declarou o estudante. 

Caio explica que viu na educação a alternativa para transformar sua vida e de sua família. 

“Trabalhávamos com meu pai na agricultura, no Projeto de Assentamento Quixaba. Meu irmão (que é formado em Direito, também pela Uern) foi o primeiro da família a se ater para os estudos. Inspirado nele, também decidi trilhar por esse caminho”, relata.

As dificuldades em seguir com os estudos foram muitas, antes mesmo de ingressar na faculdade. Por muitas vezes, ele percorreu de bicicleta 22 quilômetros do assentamento Quixaba até a escola onde cursava o Ensino Médio para não perder aula. 

“Foi então, que decidi vir para Mossoró. Vim morar na Casa do Estudante de Mossoró, onde fiquei por cinco anos”, afirma o discente.


Quando concluiu o Ensino Médio, Caio da Fonseca não prestou vestibular de imediato. 

“Infelizmente, o ensino público deixa muito a desejar e para se tornar competitivo para o curso que eu desejava, tive que estudar por alguns anos para ter base para passar. Estudava em média 16 horas por dia”, lembra Caio. Segundo ele, como estudava bastante, conseguiu uma boa base em disciplinas como química e física, e passou a dar aulas de monitoria em cursinhos da cidade, e em troca, os proprietários dos cursinhos permitiam que ele assistisse aulas em disciplinas que tinha mais dificuldades, como português e redação. “Isso me ajudou muito”, diz.

Em 2010, passou em Medicina. Os seis anos de graduação foram tão difíceis ou mais do que o período do Ensino Médio. 

“Foi difícil, foi muito sofrido. Minha família tinha a maior boa vontade, me incentivava, mas infelizmente, não tinham como me ajudar na questão financeira. Por mais que a Uern seja uma instituição pública, se manter no curso requer muitos gastos, com livros, material, xerox”, declara. Ele lembra que muitos professores da Faculdade de Ciências e Saúde o ajudaram, inclusive financeiramente.

“Como minha família é do assentamento Quixaba, tinha que conseguir moradia aqui em Mossoró. A ideia era ir para a Residência Universitária, mas mesmo na residência ficava pesado para arcar com alimentação e o transporte para ir à Faculdade. Então, uma pessoa da faculdade e pessoas de fora me ajudaram a pagar aluguel em uma residência perto do curso e assim consegui levar. Sinceramente, em algumas situações eu achava que não ia conseguir”, relata o estudante.

Hoje, prestes a receber o diploma em Medicina, Caio da Fonseca Silva relembra com emoção toda sua trajetória.

“Ainda não caiu a ficha, acho que só vou acreditar quando tiver o diploma em mãos. Não existem palavras para descrever a felicidade que eu tenho, principalmente em ver a felicidade dos meus pais em ver mais um filho formado”, diz o graduando. As suas metas agora são trabalhar para estruturar a vida sua e de sua família, e até o final do próximo ano prestar residência para neurocirurgia.

Para ele, a Uern foi um divisor de águas em sua vida.

“Sempre sonhei em estudar na Uern, sempre me via estudando aqui, na FACS. A Faculdade de Medicina me tornou uma outra pessoa. Vivi muitas coisas aqui, e hoje sou uma pessoa mais humana, muito melhor. Devo muito do que eu sou aos meus professores e ao corpo de servidores da instituição. Vou levar a Uern comigo para onde for”, finaliza.

Com informações UERN

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