29 MAR 2024 | ATUALIZADO 18:35
MOSSORÓ
Da redação
17/10/2017 13:23
Atualizado
14/12/2018 08:54

Documentário conta história de mães que tiveram filhos assassinados em Mossoró

Projeto experimental foi idealizado pelo formando Jorge Amâncio, do curso de Jornalismo da UERN. Inicialmente, o documentário será veiculado na UERN TV, informou o estudante.
Reprodução do Doc. Mater Doloroso | Cézar Alves
É impossível mensurar a dor de uma mãe ao perder seu filho. Tal sentimento parece se tornar maior quando o filho é vítima da violência que atinge as grandes cidades e região periféricas, como é o caso de Mossoró.

De 1º de janeiro de 2014 até semana passada, 763 foram assassinadas em Mossoró, segundo o Mapa da Violência do Rio Grande do Norte. Este ano, o municípío já registra 188 mortes violentas. Um caminho que parece sem volta. A violência bate à porta de todos!

E para cada morte: mães, pais, filhos, tios, irmãs - todos sofrendo a dor da perda de um familiar de forma brutal.

O assunto foi abordado em documentário produzido pelo estudante de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Jorge Lucas Vieira Amâncio.

Jorge Amâncio afirmou que sua inspiração veio através da sugestão do professor Esdras Marchezan, em discutir a realidade vivenciada no município. 

No documento "Mater Doloroso", o formando apresenta relatos de mães que tiveram filhos vítimas da violência. Seis mães contaram como perderam seus filhos e relataram o que sentem diante da situação. Todos os casos abordados no trabalho ocorreram este ano.

"Teve mães que quando começaram a falar dos filhos ficaram emocionadas e começaram a chorar, teve uma [Lúcia] que estava mais calma, percebi que ela tinha, de certa forma, aceitado mais a morte do filho, mas ao mesmo tempo, ela permanecia com tudo que era dele, todas as coisas dele, o quarto está tudo lá intacto. Só uma [Dona Toinha], que ela parecia ter aceitado totalmente a morte (do filho), como se pensasse, que não tinha o que fazer, o jeito era aceitar tudo aquilo e entregar nas mãos de Deus", relatou Jorge Amâncio. 

Para o professor e jornalista Esdras Marchezan, orientador do projeto, é de suma importância a academia discutir os problemas sociais - e a violência tem sido um tema agravante no município. 

"A universidade tem pesquisadores trabalhando em cima disso, seja através de um trabalho extensivo, com ações onde o Estado não chega, muitas vezes a universidade é o único braço do Estado que chega a algumas periferias, através de projetos de extensão envolvendo música e educação nas escolas, e também com pesquisadores se debruçando sobre esses problemas, discutindo estratégias para tentar buscar uma solução", afirmou Esdras.

Ainda segundo o professor, a academia, nesse sentido o curso de Jornalismo, tem o papel de mostrar os fatos por ângulos que não estão sendo abordados pela grande parte da mídia.

"Aqui no curso de Comunicação, a gente tenta fazer trabalhos que revelem ao público o impacto dessa tragédia social, seja contando outro lado dessas histórias, porque na grande parte da mídia, costuma-se absorver o discurso estatal, seja da polícia ou seja um discurso que fica reverberando em outros setores. A gente sabe que uma história não tem apenas um viés, então a gente tem que contar as histórias das mães, se aquelas pessoas eram criminosas e sobre aquele discurso de bandido bom é bandido morto, muitas pessoas inocentes têm morrido, então a universidade tem também esse papel de mostrar os outros lados que não estão sendo contados em grande parte da mídia", completou.



O documentário, produzido pelo aluno Jorge Amâncio, será disponibilizado inicialmente na UERN TV. O formando afirma que buscará parcerias para que o trabalho seja publicado em outros veículos. Ele também planeja disponibilizar o documentário nas mídias digitais.

Fizeram parte da Banca os professores Marco Escobar e Izaíra Thalita. 


(Foto: Esdras Marchezan, Jorge Amâncio, Marco Escobar e Izaíra Thalita)

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