16 ABR 2024 | ATUALIZADO 18:40
MOSSORÓ
Da redação
23/10/2017 07:30
Atualizado
14/12/2018 02:37

"Nos sentimos enganados", desabafa diretora de quadrilha sobre calote da Prefeitura de Mossoró

Quadrilheiros que animaram o festival de quadrilha, no Mossoró Cidade Junina 2017, desabafam. Contam que quadrilha pode não sair em 2018 por conta da dívida da Prefeitura de Mossoró.
Cedida
Hoje o Mossoró Cidade Junina 2017 é uma lembrança amarga para os quadrilheiros que animaram o evento, considerado um dos maiores do país.  Quatro meses após o encerramento dos festejos, a Prefeitura de Mossoró ainda não pagou as quadrilhas juninas que se apresentaram no festival.

“Nos sentimos enganados, pois acreditamos na palavra de alguém que representa a Cultura de Mossoró e que pediu que a gente confiasse nele”, revelou Francinalda Amorim, diretora da quadrilha junina Encanto do Nordeste, do município de Umarizal.

Francinalda cobra os R$ 4 mil prometidos à quadrilha pela Secretaria de Cultura como indenização pelo fiasco ocorrido na competição no dia 17 de junho. O que seria uma noite mágica para as quadrilhas terminou na Delegacia de Plantão.

“Estamos emocionalmente frustrados, estávamos prontos para competir e a falta de organização deles acabou com a magia da noite, voltamos [para casa] desolados”, afirmou.

O festival de quadrilhas juninas interestadual, que integra a programação do MCJ, lota a Arena Deodete Dias todo ano. No entanto, em 2017, a Prefeitura de Mossoró decidiu realizar o evento em uma estrutura montada na Avenida Rio Branco. Entretanto, o serviço foi mal feito e terminou não sendo liberado pelos bombeiros.

Com isso, os quadrilheiros, a maioria vinda de cidades da região, tiveram que se apresentar na quadra da Escola Municipal Manoel Assis, que fica entre os bairros Doze Anos e Boa Vista. Por conta do barulho, moradores acionaram à Polícia Ambiental, que recolheu o som usado no festival. Resumindo: a festa foi cancelada.

“Todas as juninas inscritas já estavam na cidade prontas, com a arena interditada, a competição foi transferida pela organização para a quadra da escola, uma junina já estava em apresentação, daí houve mais uma interdição no local, onde recolheram o som e a competição foi cancelada”, detalhou Francinalda.

A diretora relata que depois de algumas horas esperando providências, o secretário municipal de Cultura, Eduardo Falcão e sua equipe se reuniram com os quadrilheiros e firmaram um compromisso.

“Todas as juninas presentes no festival seriam indenizadas com R$ 4 mil cada uma, para pagar as despesas da viagem perdida que demos, e em contrapartida, nós nos apresentaríamos em uma nova data escolhida por eles, assim fizemos, mas até hoje nada de indenização”, explicou.

Francinalda disse que dias depois, as quadrilhas se apresentaram normalmente na estrutura já liberada pelo Corpo de Bombeiros. A competição, segundo ela, sofreu uma alteração. Apenas o primeiro colocado receberia o prêmio. Pois, as demais receberiam a indenização prometida pelo órgão municipal.

“Fizemos um documento escrito à mão lá, onde eles ditavam e eu escrevi a lápis, era um termo de compromisso onde todos os presidentes (das quadrilhas) assinaram, como o termo foi à mão, na hora estávamos tão atordoados que não pensamos em fazer dois, então esse documento ficou com o secretário”, relatou Francinalda, frisando que o grupo de quadrilhas está articulando para entrar na justiça com o intuito de receber o pagamento.

Francinalda disse que tentaram, por diversos meios, falar com o secretário e sua equipe. Até então, sem sucesso.

Os prejuízos para a quadrilha são muitos, segundo a diretora. “Os alugueis dos ônibus que são caríssimos, combustíveis, maquiagens, carro baú alugado para levar os adereços, o prejuízo foi em dobro porque fomos duas vezes para o festival, acreditando que seríamos ressarcidos”, concluiu. 



O mesmo desabafo é feito por Lailson Dionísio, um dos diretores da quadrilha, Espalha Brasa, do município de Grossos, que ficou em segundo lugar na competição. Como a premiação do segundo e terceiro colocados foram extintas, a quadrilha também deveria receber a indenização de R$ 4 mil.

De acordo com ele, por falta dessa falta de pagamento, a quadrilha acumulou muitas dívidas e a situação põe em risco a participação da quadrilha em 2018.

“Temos que pagar os sanfoneiros, coreógrafo, marcador, devemos gratificações ao nosso marcador reserva, a gente deve o aluguel da nossa sede da quadrilha, material de solda, compensado, é muita coisa, estamos sendo prejudicados e a gente ainda não começou os trabalhos de 2018, esse dinheiro iria livrar todas as contas, o prejuízo maior é o risco da quadrilha não sair em 2018, ainda tem que pagar 2017”, explicou Lailson.

O diretor disse ainda que a diretoria perde a credibilidade junto às empresas do município. “A gente perde credibilidade com os profissionais da cidade porque a gente marca uma data para pagar e chega quase um ano depois, aí a gente fica prejudicado”, revelou.

Lailson afirmou que representantes da quadrilha procuraram a Prefeitura de Mossoró cerca de três vezes, mas até o momento sem respostas. “Nada de dinheiro, só ficam enrolando e a gente fica com muitas contas”, concluiu.

As quadrilhas que devem receber a indenização são: Encanto do Nordeste (Umarizal), Junina São João (Natal), Coração Junino (Umarizal), Napisada do Sertão (Triunfo Potiguar), Tradição Junina (Pau dos Ferros) e Espalha Brasa (Grossos).

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