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POLÍCIA
Da redação
16/11/2017 13:47
Atualizado
14/12/2018 02:42

Engenheiro com pós doutorado levado a júri popular é absolvido da acusação de homicídio

O julgamento começou às 8h30 da manhã desta quinta-feira, 16. VEJA em video André Herman contando sua versão de como Joabio Antonioni foi assassinado com um tiro na boca em frente de casa

O engenheiro com pós doutorado André Herman Freire Bezerra, de 35 anos, foi absolvido do assassinato do técnico em produção Joabio Antonioni Dantas da Silva, pelo Tribunal do Jùri Popular, realizado no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, em Mossoró-RN.

Joábio, que era amigo de André Herman, foi assassinado com um tiro na boca na madrugada do dia 22 de dezembro de 2010, perto da UPA do Bairro Santo Antônio, zona norte da cidade, quando chegava em casa de carona numa motocicleta pilotada por André Herman.

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A familia da vítima acreditava na culpa de André Herman. Para eles, André Herman teria feito uma articulação para matar Joábio Antonioni por ciúmes da então companheira, a estudante universitária Flávia Barreto. Inclusive prepararam protestos pedindo justiça.

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No julgamento, Flávia Barreto e o réu André Herman, que na época do crime viviam juntos, não negaram ou omitiram o perfil social de Joabio Antonioni. Pelo contrário, reafirmaram e fizeram questão de ressaltar que era uma pessoa de ótimo convívio social.

Na prática, o que ficou configurado é que André Herman saiu da condição de vítima, depois passou pela condição de testemunha e por fim terminou como réu neste processo. Seguindo o que decidiu hoje o Conselho de Sentença, quem matou Joabio Antonioni poderia também matar ele.

No Júri Popular, que teve na presidência do juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros, os depoimentos de Flávia Barreto (em termos de declaração) e do réu foram enfáticos e convicentes. Relataram os fatos com segurança aos sete membros do Conselho de Sentença.

Flávia Barreto narrou que ela e então namorado estavam na comemoração de fim de ano dos estudantes de engenharia da UFERSA, quando receberam o convite para ir para ao aniversário do amigo Rafael, que mora num condomínio no bairro Nova Betânia com a esposa Valéria e uma filha.

Ainda conforme Flávia Barreto, com o concentimento de Rafael e Valéria, ela ligou para Joabio Antonioni e o convidou para o aniversário, que foi regado com cerveja e churrasco em frente a residência do casal. Ela e André Herman chegaram a casa provavelmente às 22h30.

Já Joabio Antonioni chegou de carona com o amigo Bruno, que o deixou no local e seguiu para sua casa. Flávia Barreto disse que após passar cerca de duas horas na casa do casal, bebendo e conversando, pediu a André Hernam para ir deixa-la em casa. Queria fazer trabalhos da faculdade.

Como Joabio Antonioni havia dito que só tinha R$ 10,00 no bolso, André Herman, mesmo não conhecendo bem Mossoró, se ofereceu para ir deixa-lo em casa. "Eu até achei estranho. As ruas foram ficando mais escuras. Como eu não sabia onde era, ele me mostrou o caminho", disse.

Chegando na rua da casa, André Herman disse que Joabio pediu para parar a moto. Neste momento, segundo narrou André Herman, o Fox parou do lado com três pessoas. Joabio entregou o capacete e foi conversar com os ocupantes do carro. Eles queriam comprar drogas.

Depois de alguns instantes conversando, o motorista do veículo, conforme o depoimento de André Hernam, puxou o revólver e atirou na boca de Joabio Antonioni, que caiu e depois se levantou e ainda andou por 15 metros do local que foi baleado.

Após este primeiro disparo, André Herman disse que saiu pilotando a moto fazendo zig zag. Só que a rua que estava era um beco sem saída. Ele falou que ficou dando voltas na rua procurando uma saída para não ser atingido pelos assassinos de Joabio.

Quando os ocupantes do carro fugiram, André Herman disse voltou pela rua, conversou com as pessoas no local da ocorrência e foi para o apartamento onde morava com Flávia Barreto, no bairro Nova Betânia. Flávia contou que André Herman chegou em casa em pânico.

De casa, André Herman ligou para a polícia e narrou os fatos. Como estava com medo, dois carros de polícia passaram em sua casa e o levaram à DP de Plantão, juntamente a Flávia Barreto. Na DP, já estava também a então esposa de Joábio, Gilbênia Rodrigues Vieira.

André Herman disse que foi interrogado três vezes pela polícia. Na primeira vez, ele disse que descreveu com precisão as feições dos dois homens que estavam no carro que, segundo ele, mataram Joábio. "Eu achava que eles fossem fazer um retrato falado, mas não fizeram".

Em vídeo, André Herman narra sua versão de como Joabio Antonioni foi assassinado com um tiro na boca.


Na terceira vez que estava sendo interrogado na policia, André Herman contou que foi quando descobriu que havia saído da condição de testemunha ocular de um homicídio para investigado. Foi quando saiu o resultado do exame de residuograma de chumbo nas mãos dele.

"Eu nunca peguei numa arma", disse o pós doutor em Engenharia. Ainda conforme André Herman, ele trabalhava com produtos químicos na UFERSA e também fuma muito, e tanto o cigarro quanto o isqueiro têm substâncias de chumbo - o que explicaria o chumbo em suas mãos.

Na época do crime, André Herman disse que cursava mestrado na UFERSA. Falou que concluiu e iniciou o doutorado na Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba. Passou um ano na Holanda fazendo as pesquisas de seu doutorado. Depois entrou no pós doutorado e concluiu também na USP, em Piracicaba.

Segundo André Herman, em momento algum negou a chamados da Polícia ou da Justiça para prestar depoimento. Ainda durante seu depoimento, ele enfatizou que a vítima Joabio Antonioni era uma pessoa muito agradável, boa de se conviver. Gostava de ficar conversando com ele no café.

Sobre a história de que ele teria matado a vítima por ciúmes, tanto Flávia Barreto quanto André Hernam negaram. E disseram que essa história surgiu através de um amigo do então casal, de nome Rivelino. "Eu não sei de onde este rapaz tirou essa história", disse.

Por fim, André Herman disse que após concluir o pós doutorado na USP, passou a estudar para concurso. Vai tentar ser professor universitário.

Os debates
O primeiro a falar foi o promotor Carlos Henrique Harper Cox. Ele mostrou em detalhes, atribuindo ao réu a culpa pelo assassinato. Na ótica do MP, o réu teria combinado com os ocupantes do carro para matar Joabio em função do ciúme que sentia da mulher.

Já os advogados de defesa Cleiton César Fernandes Nunes e Régio Rodney Menezes sustentaram a tese de negativa de autoria. Ao concluir os trabalhos, quatro membros do Conselho de Sentença votaram pela absolvição do réu e três pela condenação.

O promotor de Justiça Carlos Henrique Harper Cox entendeu que o resultado não é justo e deixou consignado na ata da sentença absolvitória que vai recorrer ao Tribunal de Justiça do Estado no prazo de 5 dias, conforme previsto em Lei.

 

Notas

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