20 ABR 2024 | ATUALIZADO 22:33
NACIONAL
Da redação
23/11/2017 13:02
Atualizado
14/12/2018 08:57

Pesquisador mossoroense apresenta palestra na USP sobre música em Angola

Carlos Guerra Júnior, conhecido como "Mossoró", irá ministrar palestra no auditório do Centro de Estudos Africamos, da, Universidade de São Paulo, na próxima quinta-feira, dia 30 de novembro.
O pesquisador mossoroense Carlos Guerra Júnior vai ministrar palestra na Universidade de São Paulo (USP) na próxima quinta-feira (30), para falar da música como forma de resistência política em Angola.

Carlos Guerra é jornalista e doutorando em Ciências da Comunicação, mas também atua com RAPentista, em Coimbra (Portugal), utilizando "Mossoró" como nome artístico.  Na palestra da USP, a alcunha Mossoró também está sendo divulgada.

"Mossoró tem um significado identitário para mim muito forte. Desde as primeiras vezes que saí do Nordeste, eu percebi a xenofobia interna que se vive no Brasil, já vivi tentativas de me inferiorizar, então resolvi reverter isso valorizando ainda mais minhas raízes. Com isso, não canto rap e sim rapente, que é a mistura de rap com repente e também me apresento artisticamente como Mossoró. Todavia, no âmbito acadêmico, só utilizo o nome próprio. Quando recebi o cartaz com o nome próprio e também o artístico, fiquei muito feliz", ressaltou Carlos Guerra Júnior.

O pesquisador ressalta que o contato com o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos fez com que ele começasse a ver a possibilidade de integração prática do rap com o mundo acadêmico, com dois universos de conhecimento legítimos.

"Eu praticamente separava o que Carlos Guerra fazia e o que Mossoró fazia. Até que pude participar de um evento de rap, em junho do ano passado, promovido na Universidade de Coimbra e recebi muita abertura do Centro de Estudos Sociais, que é referência a nível mundial. Logo conheci a teoria da ecologia dos saberes de Boaventura de Sousa Santos, que ressalta sobre a combinação entre as diferentes formas de saber. Então, pude perceber que poderia ser artista na academia e levar os dados que colhi nas pesquisas para a música", salientou.

O jornalista está realizando pesquisa de doutorado na Universidade de Coimbra, no âmbito do rap como forma de ativismo político no espaço lusófono, estabelecendo um comparativo entre o rap de intervenção Portugal, Moçambique, Angola e Brasil, que são os quatro maiores países falantes da língua portuguesa.

Carlos Guerra já apresentou trabalhos sobre o rap em cinco universidades portuguesas, bem como é coordenador de comunicação da Associação dos Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb/Coimbra), realizando vários eventos acadêmicos e culturais. Foi justamente em um evento promovido pela Apeb que surgiu a ocasião de conceder uma palestra na USP.

"No ano passado, convidei o rapper e ativista político Luaty Beirão para Coimbra e falei sobre a música de intervenção em Angola, enquanto o rapper falou da experiência dele, de ter sido preso, junto com um grupo de mais 14 ativistas, por estar lendo um livro de caráter revolucionário. A vice-presidente do Centro de Estudos Africanos, professora Tânia Macedo, estava na plateia e fez o convite para uma ocasião futura. Logo nos aproximamos, para agregar com a minha pesquisa na USP. Já enviei um artigo científico e agora irei conceder essa palestra. Espero que seja apenas o início de uma grande parceria com a USP", comentou o jornalista, que também irá realizar pesquisa de campo, entrevistando vários rappers.

Artisticamente, Mossoró lançou o seu primeiro clipe como RAPentista recentemente. O vídeo pode ser conferido em:
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