29 MAR 2024 | ATUALIZADO 18:35
ESTADO
Da redação
13/03/2018 06:08
Atualizado
14/12/2018 08:56

No RN, ex-prefeito e auxiliares são condenados por improbidade administrativa

Ex-prefeito de Bom Jesus, Moacir Amaro de Lima e quatro auxiliares por contratarem serviço de transporte escolar de forma irregular; Eles terão que pagar multas.

O juiz Bruno Montenegro Ribeiro Dantas, integrante do grupo de apoio à Meta 4 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em julgamento de Ação Civil Pública em tramitação na 1ª Vara Cível de Macaíba, condenou o ex-prefeito do Município de Bom Jesus, Moacir Amaro de Lima e mais quatro auxiliares deste pela prática de atos de improbidade administrativa tipificados no artigo 11, caput, da Lei nº. 8.429/92.

Houve contratação irregular de empresa para prestação de serviço de transporte escolar. O ato é considerado prática de improbidade pública. A ação foi promovida pelo Ministério Público Estadual.

Na ação, Moacir Amaro de Lima, Lindinaldo Andrade de Lima, Marcone Teodósio de Melo, Fabiano Galvão Xexéu da Silva e Francisco de Assis Medeiros da Rocha foram condenados às sanções de pagamento de multa civil variando de três a seis vezes o valor da última remuneração percebida, durante o tempo em que ocuparam seus respectivos cargos públicos, acrescidas de juros de mora e de atualização monetária.

Na época dos fatos, Lindinaldo Andrade de Lima ocupava o cargo de diretor do Centro Municipal de Ensino Rural de Bom Jesus; Marcone Teodósio de Melo era secretário de Administração e membro da Comissão Permanente de Licitação; Fabiano Galvão Xexéu da Silva exercia a função comissionada de coordenador administrativo e membro da Comissão Permanente de Licitação e; Francisco de Assis Medeiros da Rocha exercia a função comissionada de presidente da Comissão Permanente de Licitação.

Além da sanção de pagamento de multa, todos foram condenados na proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

Acusações do Ministério Público

Segundo o Ministério Público, foi instaurado o inquérito civil nº 01/2005 com a finalidade de apurar possíveis irregularidades na contratação de serviços de transporte escolar pela Prefeitura Municipal de Bom Jesus, no ano de 2005.

Informou o MP que o secretário Municipal de Educação, Edmundo Aires de Melo, solicitou que o Município de Bom Jesus alugasse 15 veículos para o transporte de estudantes da rede municipal e que o secretário Municipal de Finanças, Marcone Teodósio de Melo, havia informado a existência de dotação orçamentária.

A acusação acrescentou que foi instaurado um procedimento licitatório na modalidade convite, o qual foi realizado de forma irregular, em razão de o Prefeito, Moacir Amaro de Lima, ter escolhido os licitantes que iriam prestar os serviços, com base em interesses pessoais, a saber, laços de amizade ou apoio político.

O órgão ministerial informou que os licitantes começaram a trabalhar antes da realização da reunião para fins de abertura de envelopes e denunciou que o Prefeito substituía as linhas dos transportes de forma unilateral.

Ainda de acordo com o MP, os licitantes não apresentaram propostas na reunião designada, e que as propostas apresentadas foram preenchidas pelos membros da Comissão de Licitação, ou seja, por Fabiano Galvão Xexéu da Silva, por Francisco de Assis Medeiros da Rocha e por Marcone Teodósio de Melo, pelos licitantes, com base nas orientações dadas pelos membros da comissão de licitação ou por Lindinaldo.

Por fim, o MP apontou a violação aos princípios da legalidade, da moralidade e da isonomia, visto que não foi observado o procedimento legal, mais especificamente, o sigilo das propostas e a abertura dos envelopes, destacando que as propostas já teriam sido indicadas de forma prévia, o que prejudicou a escolha da proposta mais vantajosa para a Administração Pública.

Julgamento do caso

Quando julgou o caso, o juiz decretou a revelia dos réus Fabiano Galvão Xexéu da Silva, Marcone Teodósio de Melo e Moacir Amaro de Lima, já que, embora tenham sido citados, deixaram de oferecer contestação. Assim, decretou os efeitos da revelia aos réus que não apresentaram contestação, ainda que tenham se manifestado nos autos em sede de defesa prévia.

O magistrado concluiu, do conjunto probatório, que Moacir, na qualidade de Prefeito do Município de Bom Jesus, com base em interesses pessoais, escolheu as pessoas que iriam fazer o transporte escolar dos alunos da rede municipal, antes mesmo da realização do procedimento licitatório, e que Lindinaldo, conhecido como “Naldinho”, foi responsável por convocar uma parte das pessoas escolhidas pelo prefeito, para que comparecessem à reunião.

Ele explicou que, os termos de declarações, no âmbito do inquérito civil e os depoimentos colhidos na audiência de instrução, realizada em juízo, atestam que Francisco de Assis Medeiros da Rocha, conhecido como “Tico da Rocha”, na condição de Presidente da Comissão Permanente de Licitação, chegou a preencher as propostas no lugar dos licitantes.

Ato contínuo Marcone, Secretário de Administração e membro da Comissão Permanente de Licitação, também teria orientado o preenchimento das propostas pelos licitantes, no decorrer da reunião e o envio de documentação para a colocação de uma pessoa interposta na licitação, Maria da Conceição.

“Observo, senão, que a licitação na modalidade convite de nº 011/2005 não se desenrolou de forma regular, visto que não foi observada a legislação pertinente, sobretudo no que tange ao sigilo das propostas”, anotou.

Ele ressaltou que quase todos os licitantes vencedores declararam, no decorrer da instrução ou no âmbito do inquérito civil, que não reconhecem os algarismos preenchidos nas propostas realizadas, bem como que apenas tinham interesse em realizar o transporte escolar dos alunos em um trecho específico, ou seja, não almejavam prestar o serviço em trechos nos quais foram propostas formuladas de forma simulada.

“O cenário acima apurado revela a montagem de uma licitação forjada, inexistente no mundo dos fatos e idealizada para beneficiar pessoas ligadas ao Prefeito por vínculos de amizade ou por laços político-partidários”, concluiu.

Notas

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