28 MAR 2024 | ATUALIZADO 15:39
POLÍCIA
Da redação
30/05/2018 03:39
Atualizado
14/12/2018 05:31

Mãe e filho vão a júri popular por contratarem pistoleiro por R$ 15 mil para vingar morte do marido

Os dois estão entre os sete réus do processo do caso Manoel Botinha, vereador de Assu que foi morto em abril de 2015; O júri de ontem foi anulado devido a contradição do Conselho de Sentença.
A Justiça Estadual nesta quarta-feira, dia 30 de maio, dá sequência ao julgamento dos sete acusados da execução do vereador assuense Manoel Ferreira Targino, o Manoel Botinha, crime este ocorrido na Tornearia Canaã, às 7h45 do dia 22 de abril de 2015. Na ocasião, também tentaram matar o torneiro mecânico Francisco Adriano Bezerra, o Biano.

Os acusados são:
1 - José Roberto Nascimento da Silva, o Feitosa ou Junior Aleijado, de 39 anos, motorista, natural de Ceara Mirim.
2 - Itamar Veríssimo de Melo, de 43 anos, comerciante, natural de Macau.
3 - Welber Veríssimo de Melo, o Ebinho, de 35 anos, agricultor, natural de Assu.
4 - Jalisson Wagner Veríssimo de Melo, o Jalin, de 26 anos, natural de Macau, agricultor
5 - Valdete Veríssimo de Melo, o Negão, está foragido.
6 - Douglas Daniel Morais de Melo, de 22 anos, estudante, natural de Assu;
7 - Joelma de Morais Ferreira, de 40 anos, comerciante, natural de Ipanguaçu

O primeiro réu desta lista que sentou no banco dos réus é Itamar Veríssimo de Melo, de 43 anos, que seria um dos mandantes do assassinato. O julgamento chegou acontecer, porém, no encerramento dos trabalhos, os jurados entraram em contradição duas vezes e o Conselho de Sentença foi dissolvido. 

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Devido a contradição do Júri, julgamento do acusado de mantar matar Manoel Botinha é anulado


Neste caso, o juiz presidente dos trabalhos, Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros deixou para julga-lo na próxima reunião, possivelmente no final de agosto ou início de setembro com o olho conselho de sentença. Os advogados ainda protestaram e os promotores de justiça apoiaram a decisão do juiz.

E o que teria levado a família Veríssimo a contratar o pistoleiro José Roberto, o Feitosa ou Aleijado, para matar o vereador Manoel Botinha? Esta pergunta foi respondida pela Polícia Civil, em detalhes, na “Operação Abril Despedaçado”, em realizada em dezembro de 2015.

O crime teria sido por vingança.

Itamar Veríssimo teve o irmão Genésio Veríssimo de Melo tempos antes assassinado e estava convicto de que Manoel Botinha e o filho dele, Evanoel Ferreira, eram os mandantes deste assassinato.

Inclusive, antes de morrer, Manoel Botinha disse a várias pessoas de sua família e amigos que se fosse assassinado, Itamar Veríssimo era o responsável. E isto ele falou depois que conversou com o próprio Itamar Verissimo e recebeu dele a palavra que não ia mata-lo, mas que não podia falar pelos irmãos.

Segundo o MPRN, além de Itamar Veríssimo, Joelma de Morais Ferreira, de 40 anos (viúva de Genésio Veríssimo) e o filho dela, Daniel Douglas, também teriam sido mandantes do assassinato de Botinha. ]

Mãe e filho teriam autorizado vender uma F.4000 por R$ 50 mil para financiar o assassinato do vereador Manoel Botinha, vingando assim a morte de Genéssio Veríssimo.

O rastro de sangue pelo Vale do Açu

Toda intriga que terminou com o assassinato de Manoel Botinha e a tentativa de homicídio contra Biano, segundo relata o Ministério Público Estadual, havia começado em 2013, com a inimizade entre Tassio Morais (casado com Cláudia dos Santos) e genro João Batista Ferreira Braz, o Torinho, que é irmão de Manoel Botinha e Claudete Santos. Torinho era padrasto da mulher de Tassio Morais.

Tassio é sobrinho de Joelma Morais Ferreira, casada com Genésio Veríssimo. Naquele ano de 2013, Tassio Morais, após uma discussão, atirou com balins em Torinho e terminou acertando a sogra dele, Claudete Santos.

Por este fato, Torinho teria contratado os pistoleiros Jefferson Lourenço da Fonseca Lemos e Marcelo Pereira de Sousa, o Negão, para matar Tassio Morais.

Tassio terminou executado a tiros na localidade de Arapuá, em Ipanguaçu, no dia 24 de julho de 2014.

Daí a família de Tobias Morais, que é irmão de Joelma, se uniram à família Veríssimo para contratar os pistoleiros Francisco Paulino da Silva Junior, o “Fabinho ou mal de Duzentos” (morto em confronto com a polícia durante a “Operação Abril Despedaçado”), para matar Torinho, como vingança pela morte de Tassio Morais.

Torinho terminou assassinado no dia 28 de setembro de 2014, quando assistia TV em sua residência na localidade de Arapuá, em Ipanguaçu. Depois deste crime, no dia 17 de fevereiro de 2015, Genésio Veríssimo foi assassinado com tiros de doze, em Itajá/RN, onde morava.

Os irmãos Veríssimo passaram a acreditar que Manoel Botinha e o filho Evanoel Ferreira Targino haviam contratado pistoleiros para matar Genésio Veríssimo, como vingança pelo assassinato de Tourinho, tempos antes na localidade de Arapuá, em Ipanguaçu.

É quando Itamar Veríssimo, Valdete Veríssimo de Melo, o Negão, Welber Veríssimo de Melo, o Ebinho; Jalisson Wagner Veríssimo de Melo, o Jalin; Douglas Daniel Morais de Melo e Joelma de Morais Ferreira, teriam passado a planejar o assassinato de Manoel Botinha e Evanoel.

Manoel Botinha foi avisado pelo ex-prefeito de Itajá Licélio Jackson Guimarães, e também por um ex-vereador daquela cidade, Max Blênio Medeiros da Silva, que os irmãos Veríssimo estavam planejando matar ele e o filho, Evanoel Ferreira.

Manoel Botinha, então, se reuniu com Itamar para dizer que não matou Genésio. Desta reunião, Itamar teria dito que da parte dele poderia ficar tranquilo, pois não iria matar ele nem o filho, porém não respondia pelos irmãos.

Após isto, a família Verissimo teria se reunido várias outras vezes com o objetivo de definir como se vingar do assassinato de Genésio Veríssimo, matando Manoel Botinha e o filho dele Evanoel Ferreira.

Diante do que foi decidido, segundo relata o MP/RN, Itamar, Ebinho e Negão, por intermédio do conhecido pistoleiro Sérgio Tavares dos Santos, contrataram, em Natal, o pistoleiro José Roberto Nascimento da Silva, o Feitosa (foto à direita), para consumar a vingança.

Sérgio Tavares teria recebido R$ 2,5 mil por intermediar a contratação do pistoleiro Feitosa, por R$ 15 mil.

Com o pistoleiro contratado começaram a levantar os recursos para custear a vingança.

Joelma e Douglas entregaram o caminhão F.4000 para Ebinho vender, no dia 5 de março de 2015, por R$ 50 mil com a ideia fixa de custear a assassinato de Genésio Veríssimo. 

Após vender o F.4000, Jalin e Negão pagaram os R$ 15 mil a Feitosa, e, juntos, passaram a estudar a melhor forma de matar Manoel Botinha, o que terminou acontecendo no dia 22 de abril de 2015, na Oficina Canaã, tentando ainda contra a vida do mecânico Biano.


O assassinato de Manoel Botinha

Jalin pilotou a moto para Feitosa se aproximar e cometer o crime e depois fugir. Outros dois carros, com os irmãos Veríssimo, teriam sido vistos nos arredores dando cobertura a ação dos pistoleiros, para agir, caso necessário ou acontecesse qualquer eventualidade.

Neste dia, Biano contou que Feitosa chegou e avisou que ia matar Botinha. Apertou o gatilho e a arma não disparou. Ele teria dito: “é brincadeira!!!”. O pistoleiro se virou para ele e abriu fogo. Ele foi baleado e sobreviveu. Depois o pistoleiro virou para Botinha e o matou.

No dia 10 de dezembro de 2015, o caso foi elucidado pela operação “Abril Despedaçado”, e os criminosos presos. A operação foi de forte impacto em todo o Rio Grande do Norte, considerando o número de pessoas envolvidas e de mortes elucidadas.

O pistoleiro Feitosa, inclusive, segundo relata o Ministério Público Estadual, teria ficado muito chateado quando ficou sabendo que havia matado um vereador por apenas R$ 15 mil. Segundo ele, se soubesse que era um vereador, o valor seria muito mais alto.


O Julgamento

Nesta quarta-feira, dia 29, será o julgamento de Joelma de Morais e de Douglas Daniel. Os trabalhos começam às 8h30. Os advogados José Galdino da Costa e Francisco Simone, com escritório em Mossoró, foram contratados para atuar na defesa dos dois réus.

Já os promotores de Justiça Fábio Melo e Fausto França vão atuar representando o Ministério Público Estadual no plenário do Tribunal do Júri Popular para explicar, em detalhes, ao Conselho de Sentença, a participação de Joelma de Morais e Douglas Daniel.

No júri nesta terça-feira, 29, o Júri entrou em contradição e Itamar Veríssimo (foto acima) ficou para ser julgado no final de agosto ou inícío de setembro..

Já na quarta-feira, dia 30, será a vez de sentar no banco dos réus Joelma de Morais Ferreira e Douglas Daniel Morais de Melo. Eles serão defendidos pelos advogados José Galdino da Costa e Francisco Simone, e os promotores de Justiça Fábio Melo e Fausto França vão atuar na acusação.

O juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros, em contato com o MOSSORÓ HOJE, disse que os demais réus deste processo serão levados a julgamento possivelmente no final de agosto ou início de setembro próximo, quando retornar de férias, mesmo período que Itamar Veríssimo volta ao banco dos réus. 

Desaforamento do processo
Os promotores de Justiça que atuam no caso, explicaram que pediram a transferência do julgamento de Assu para Mossoró devido ao medo que a população do Vale do Açu tem dos acusados. Neste caso, como quem julga é a sociedade existe um risco muito grande de haver influência na decisão dos sete membros do Conselho de Sentença durante o julgamento.

Notas

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