29 MAR 2024 | ATUALIZADO 18:35
MOSSORÓ
Da redação
04/07/2018 13:49
Atualizado
14/12/2018 08:44

"Por causa da violência o céu está se enchendo de anjos"

Everton, Fabrício, Francisco, Katiuscia Lopes, José Gomes, Idivanilson e Maria Francineide. Todos foram mortos por assaltantes em 2018 em Mossoró. Nenhum caso foi totalmente solucionado pela Polícia Civil
Cezar Alves
"Por causa da violência o céu está se enchendo de anjos". A frase foi escrita como forma de intervenção urbana pelo artista plástico Miclovio Malone em um muro em frente à Escola Estadual Eliseu Ventania, no bairro Nova Betânia, em Mossoró, no Oeste potiguar. O local é próximo onde no dia 14 de maio deste ano, Everton "Ton ton", que é retratado no desenho, foi assassinado por assaltantes - mais um que entrou para a infeliz estatística de latrocínio (roubo seguido de morte) no município.

Assim como Everton Tomaz, também perderam sua vida para a violência: doméstica Katiuscia Lopes da Silva, de 32 anos, o aposentado Francisco Augusto Cavalcante, 84 anos; o engenheiro civil Fabrício Mendonça Costa, 22 anos; o comerciante José Gomes de Melo, 75 anos, o servente de pedreiro Francisco Idivanilson Alves, 41 anos; e a cozinheira Maria Francineide Carlos, de 59 anos. Hoje famílias ainda choram a dor de terem mãe, pai ou filho assassinados durante assalto. Resta-nos a sensação de que poderia ter sido com qualquer um de nós, inclusive, eu e você.



Confere as datas

03/07/2018         MARIA FRANCINEIDE CARLOS
24/06/2018         JOSE GOMES DE MELO
14/05/2018         EVERTON PINTO TOMAZ
23/04/2018         FABRICIO DE MENDONÇA COSTA
09/04/2018         FRANCISCO AUGUSTO CAVALCANTE
24/02/2018         CARLOS RYAN SOARES DE ARAUJO
31/01/2018         KATIUSCIA LOPES DA SILVA (foto a esq.).

De 1º de janeiro a 30 de junho de 2018, o município de Mossoró registrou 6 latrocínios. Um aumento de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Observatório da Violência do Rio Grande do Norte (OBVIO-RN). Nesta terça-feira, 3, outro crime do tipo foi registrado na cidade.

Ainda de acordo com o levantamento, ao todo, 125 pessoas foram assassinadas em Mossoró de janeiro a junho. Os crimes contra a vida são divididos da seguinte forma: 107 homicídios, 6 latrocínios, 6 ações típicas de estado (confronto com polícia) e 6 lesões corporais seguidas de morte (quando a vítima é baleada e morre no hospital). O município não registrou nenhum feminicídio este ano - morte de mulheres por questões de gênero.

Os dados do Observatório da Violência apontam para uma redução de 2,3% dos crimes contra a vida em Mossoró neste ano se comparado ao mesmo período do ano de 2017. Porém, o aumento da violência é visível quando compamos os dados de 2018 e 2015: há um aumento de 73,6% dos crimes contra a vida em apenas três anos no município.

Todas os latrocínios ocorridos em Mossoró são investigados pela Delegacia Especializada de Furtos e Roubos (DEFUR), que tem a frente o delegado Luiz Fernando. Os crimes ocorridos este ano ainda estão sendo apurados. O que está mais próximo de ser solucionado é o do consultor financeiro Everton Tomaz. No mês passado, o delegado informou que já identificou os autores do crime após o veículo usado na tentativa de assalto ser apreendido na cidade.

Mortes no RN
De janeiro a junho de 2018, foram registrados 1.031 crimes contra a vida no Estado do Rio Grande do Norte, uma redução de 14,3% dos crimes em relação ao mesmo período do ano passado. Este ano foram 787 homicídios, 114 lesões corporais seguidas de morte, 65 ações típica de estado, 45 latrocínios, 18 feminicídios, e 2 na categoria outros. Os dados também são do OBVIO-RN.

Se comparado ao ano de 2015, quando ocorreram 708 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), em 2018 houve um aumento de 45% dos crimes contra a vida em todo o Estado.

Gráfico do Observatório da Violência

Notas

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