19 ABR 2024 | ATUALIZADO 22:33
MOSSORÓ
Da redação
03/09/2018 13:06
Atualizado
14/12/2018 07:56

Nosso futuro já chegou. Qual o legado da Mossoró pós-petróleo?

Jornalista William Robson escreve sobre os que acreditavam que petróleo seria algo interminável e que, por isso, não há um único legado para garantir a sobrevivência digna dos mossoroenses após o ciclo
WILLIAM ROBSON
Especial para o MOSSORÓ HOJE

O jornalista Fernando Gabeira fez um documentário há mais ou menos dois anos na Globonews sobre as cidades que enriqueceram à base da exploração de petróleo e que hoje vivem cenários aterradores, quase um aspecto de pós-guerra. Quem consegue identificar Mossoró nesta história, não está errado, embora a ênfase do material tenha sido uma cidade do mesmo porte e com dependência econômica equivalente, Macaé.

No entanto, as semelhanças são a perder de vista. Uma cidade próspera e considerada do "futuro" percebeu que o tal futuro chegou e não aconteceu com muitos imaginavam. O cenário é desalento e de indignação, de pessoas que estão à mercê da própria sorte, onde tudo é culpa da falta de um planejamento  de mundo pós-petróleo.
Mossoró, como colocado, se insere nestas cidades que viveram o apogeu dos royalties, mas que por culpa de uma coleção de administradores incompetentes e sem a capacidade de enxergar um palmo a frente do nariz, não imaginavam que este dia chegaria. O dia em que a violência impera, onde o desemprego é um fantasma real, onde mossoroenses são submetidos a simulacro de reação em período eleitoral e levados a se acotovelarem em filas imensas para entregar apenas um currículo, quando a internet resolveria facilmente o processo.

Trataram o petróleo como algo interminável, com petrodólares que abarrotavam os cofres da prefeitura, mas que não há sequer um único legado que pudesse garantir a sobrevivência digna dos mossoroenses após o fim deste ciclo.

Qual o legado do petróleo em Mossoró? Não estamos falando das praças, das ruas inúmeras vezes recapeadas, nem do teatro municipal. Não estamos falando das festas juninas, da festa do bode, das milionárias bandas de forró que fizeram a alegria dos mossoroenses e aumentaram os lucros de quem viram nos camarotes uma grande oportunidade de negócios.

Hoje sentimos uma queda brusca da arrecadação que atinge todas as cidades brasileiras, porém Mossoró tem um prejuízo a mais. Não tem mais royalties, nem petróleo, e substituiu seus empregos de alto nível e economia forte, por subempregos, de baixos salários como vemos nestas empresas de telemarketing.

Muitos mossoroenses esperam de Mossoró a mesma condição do passado, em que governantes rasgavam dinheiro, mas que nenhum centavo tenha servido para preparar a cidade para este momento aterrador. Uma cidade tomada pela violência e sem condições de se manter com os recursos que tem.

Não estamos falando de governante A ou B, mas naqueles que tiveram a oportunidade de perceber isso e, por alguma razão, acharam que o dinheiro que vinha do petróleo dava em árvore e que jamais acabaria.

Mossoró paga o preço e muito dificilmente terá este potencial de riqueza novamente. Se estavam preparando um futuro para Mossoró, não é difícil imaginar que estamos mais para Tegucigalpa do que para Genebra.
 
E quando você voltar a ver a fila quilômétrica de desempregados de cruzar quarteirões ou duas pessoas numa traxx  se voltando até você, lembre-se que a Mossoró do futuro já chegou.

Notas

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