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MOSSORÓ
Da redação
19/09/2018 12:19
Atualizado
13/12/2018 10:38

[OPINIÃO] Rosalba inaugura o fake speech, por Bruno Barreto

"O problema é que a prefeita e seus assessores ainda não compreenderam que estamos numa realidade bem diferente dos anos 1990 quando dava para dizer barbaridades nos palanques", disse
O jornalista Bruno Barreto, em seu blog fez um análise da situação em que a prefeita Rosalba Ciarlini insinuou a relação entre a facada do presidenciável Jair Bolsonaro com o Partido dos Trabalhadores, em vídeo gravado durante evento eleitoral na cidade. Rosalba negou que tivesse feito esta insinuação diante do que as imagens mostravam, o que levou  o jornalista a adotar o termo "fake speech".
 
BRUNO BARRETO
Do Blog do Barreto

Ao acusar, sem nenhuma base fática, o PT de estar por trás da facada em Jair Bolsonaro (PSL) a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) não só expôs ao Rio Grande do Norte o desespero com a derrota que se desenha (até aqui) dentro de Mossoró para seu grupo, mas também criou uma nova modalidade de atuação em palanque: o fake speech (“discurso falso” em inglês).

A prefeita poderia ter outros meios para desconstruir a adversária como explorar o antipetismo e a falta de experiência da senadora Fátima Bezerra (PT) em cargos executivos. Além de mais eficiente como propaganda negativa não colocaria a própria credibilidade em xeque.

Mas ela optou por discurso tão falso que ela mesma tratou de se “autodesmentir” discretamente nas redes sociais. O problema é que a prefeita e seus assessores ainda não compreenderam que estamos numa realidade bem diferente dos anos 1990 quando dava para dizer barbaridades nos palanques das periferias da vida sem serem constrangidos por isso.

Lembro bem da campanha de 2012 quando chegavam aos meus ouvidos histórias de que ela aconselhava as pessoas a não votarem em Larissa Rosado por ela ser divorciada numa demonstração ultrapassada de visão de mundo. Faz bem pouco tempo, mas era uma época em que nem todo mundo tinha celulares com câmeras para gravar os discursos. Hoje nada passa em branco. O que parece boato se documenta em vídeo.

A prefeita sempre disse o que quis nos palanques das periferias de Mossoró sem ser incomodada e também a imprensa sozinha não tinha a capilaridade provocada pelo Whatsapp, por exemplo.

No auge da impopularidade como governadora ela declarou em entrevista ao jornalista Márcio Costa (então em O Mossoroense) sem ter base em nenhum estudo ou avaliação de autoridades que a violência estava alta em Mossoró por conta da presença do presídio federal. Policiais, juristas e promotores na época foram unânimes em desmenti-la. Ficou por isso mesmo.

Essa é a mesma Rosalba que na virada do milênio era contra a vinda da adutora para Mossoró, mas foi perdoada nas urnas sem precisar pedir desculpas.
Esses escapismos e declarações absurdas sempre passaram em branco porque eram pouco difundidas e terminavam restritas aos mais antenados com a política. Prevalecia a imagem da boa gestora e o carisma inconfundível da “Rosa”.

Mas os tempos são outros e uma declaração destemperada termina em profundo desgaste ainda mais em tempos em que a popularidade da prefeita vai mal das pernas em Mossoró.

A prefeita segue com métodos no século XX no momento em que já estamos próximos da terceira década do Século XXI. Ela finge que a imprensa não existe e que ainda resolve tudo na força do carisma e na intimidação nos bastidores.

Um pedido de desculpas ao PT e ao portal Mossoró Hoje (a quem acusou de fake news) seria uma boa forma de Rosalba cumprimentar a política do Século XXI que vai muito além do uso sufocante de redes sociais para se comunicar.

Ainda está em tempo, prefeita.

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