23 ABR 2024 | ATUALIZADO 18:23
POLÍTICA
Da redação
25/09/2018 15:27
Atualizado
14/12/2018 08:00

Folha de S. Paulo: Ex-mulher afirmou ter sofrido ameaça de morte de Bolsonaro, diz Itamaraty

Segundo documento de 2011, Ana Cristina afirmou à embaixada brasileira que saiu do Brasil por causa do deputado, diz jornal paulista; Pouco tempo depois da matéria publicada, Ana Cristina publicou VIDEO. Assista-o.
Rubens ValenteMarina Dias
Da Folha de S. Paulo

Ex-mulher do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle afirmou ao Itamaraty em 2011 que foi ameaçada de morte por ele, o que a levou a deixar o Brasil. O relato consta de um telegrama reservado arquivado no órgão, ao qual a Folha teve acesso. Na época Bolsonaro e Ana Cristina travavam uma disputa judicial no Rio de Janeiro sobre a guarda do filho do casal, então com cerca de 12 anos.

​“A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos [em 2009] ‘por ter sido ameaçada de morte’ pelo pai do menor [Bolsonaro]. Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país [Noruega]”, diz o telegrama.

Em outro trecho do documento, Ana Cristina disse considerar que, ao procurá-la, o vice-consulado do Brasil na Noruega “estava agindo em nome do deputado federal Jair Bolsonaro”.

O mesmo telegrama havia sido liberado à Folha pela Lei de Acesso à Informação, porém com esses e outros trechos cobertos por tarja preta. Duas fontes ouvidas pela reportagem e o então embaixador, Carlos Henrique Cardim, que assina os textos, confirmaram a íntegra dos documentos.

Atualmente Ana Cristina, ex-servidora da Câmara Municipal de Resende (RJ), usa o sobrenome “Bolsonaro” e é candidata a deputada federal pelo Podemos. Ela disse apoiar a candidatura do ex-marido ao Planalto e considerou “superado” o episódio na Noruega, apesar de ter admitido ter sido pressionada por ele à época.

Conforme a Folha revelou no domingo (23), Bolsonaro mobilizou o Itamaraty, em 2011, como deputado federal, para que o órgão intercedesse em seu favor depois que Ana Cristina viajou para a Noruega com o filho do casal.

Segundo o site do Itamaraty e resposta enviada à reportagem, o órgão não pode interferir em assuntos pessoais de brasileiros no exterior. No entanto, em 2011 localizou e manteve contato com Ana Cristina a pedido de Bolsonaro.

A afirmação dela sobre a suposta ameaça de morte consta da íntegra de um telegrama de julho de 2011 enviado a Brasília pela Embaixada Brasileira em Oslo e escrito por Cardim a partir de informações prestadas pelo vice-cônsul naquele país.

Procurado pela reportagem, o diplomata, professor do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), disse se recordar do conteúdo do documento. Ele contou que, em julho de 2011, foi acionado por escrito pelo Itamaraty, em Brasília, e também procurado por Bolsonaro, com quem conversou por telefone. Segundo Cardim, Bolsonaro estava contrariado com o fato de sua ex-mulher ter viajado, sem a sua autorização, com o filho para a Noruega.

Depois da conversa com o deputado, o então embaixador recebeu as informações do vice-cônsul do Brasil em Oslo, que havia entrado em contato telefônico com Ana Cristina. Segundo Cardim, o procedimento “segue uma rotina das embaixadas do Brasil”.

“Foi explicada a ela a legislação do Brasil, da Noruega. E aí ela mencionou para o vice-cônsul que estava pensando em pedir asilo. E que teria dito ao vice-cônsul que sofreu uma ameaça de morte do deputado Bolsonaro. E o vice-cônsul me transmitiu isso”, descreveu o ex-embaixador à Folha.

Cardim disse ainda que, com o telegrama, fez apenas “um relato” da situação. “Não estou aqui [no telegrama] julgando se houve ou não essa ameaça. Só estou registrando o fato que ela falou para o vice-cônsul. E ponto. Lá [embaixada] não é delegacia de polícia. Se ela quiser apresentar uma queixa, ela vai a uma delegacia de polícia no Brasil, apresenta, é outro processo, compreende?”, explicou o diplomata.

A conversa de Ana Cristina com o funcionário do Itamaraty, um oficial de chancelaria que exercia a função de vice-cônsul, ocorreu porque Bolsonaro havia procurado, dias antes, a sede do Itamaraty em Brasília para pedir uma intervenção do órgão a respeito do paradeiro de seu filho.

Outro lado
Pouco tempo depois que a matéria foi publicada, a ex mulher de Jair Bolsonaro, gravou um video e divulgou em suas redes sociais atacando a Folha de São Paulo e negando que tivesse sido ameaçada pelo presidenciável.

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