28 MAR 2024 | ATUALIZADO 09:07
POLÍTICA
Da redação
29/10/2018 13:42
Atualizado
13/12/2018 14:06

Entre ciúmes e disputas, o clã Bolsonaro no comando do Brasil

Jair Bolsonaro e os filhos Flávio e Eduardo estarão na Presidência da República, na Câmara e no Senado
É tradição da política brasileira que clãs familiares tenham protagonismo no jogo eleitoral dos estados. Foi assim nas últimas décadas, por exemplo, com os Sarney no Maranhão, os Magalhães na Bahia, os Barbalho no Pará e os Calheiros em Alagoas. A partir de 1º de janeiro de 2019, os Bolsonaro desembarcarão em Brasília em um patamar inédito.

Sem nunca ter tido experiência no Executivo e com passagens apagadas pelo Legislativo, a família colocará três representantes em posições chave em Brasília.
O pai Jair Bolsonaro chegará ao Planalto respaldado por mais de 57 milhões de eleitores. O filho mais novo, Eduardo , de 34 anos, assumirá mais um mandato como deputado federal, desta vez com a maior votação de um parlamentar em todos os tempos. O mais velho, Flávio , 37, estreará no Senado, escolhido por 4 milhões de fluminenses.

- Não há parâmetros no passado. Os clãs tradicionais conseguiram votos a partir de cargos, secretarias e ministérios. Sem essa estrutura, os Bolsonaro apostaram em ser uma grife midiática com a narrativa para o momento em que a opinião pública está "azeda" e sem paciência - analisa o cientista político da USP, Rubens Figueiredo.

A construção de imagem da família passou pelo filho do meio, Carlos , de 35 anos, vereador em quinto mandato no Rio. Foi ele um dos principais responsáveis por criar a estratégia digital de Jair Bolsonaro nos últimos três anos, quando a candidatura presidencial começou a ser construída. Só no Facebook, os quatro Bolsonaro acumulam quase 12 milhões de seguidores.

De estilo excêntrico (não gosta de dar entrevistas e coleciona facas), Carlos abastece as redes sociais da família e produz, de forma amadora, com um celular na mão, as transmissões ao vivo do pai na internet. O atentado em Juiz de Fora aproximou ainda mais os dois - era o vereador que estava ao lado de Bolsonaro no momento da facada e que ajudou a estancar o seu sangue no trajeto para o hospital.

- Jair evita magoar o Carlos. É o filho com quem mais tem preocupação - diz um interlocutor da campanha.

É de Carlos também a ideia de atacar mais ferozmente adversários de esquerda e a imprensa. A conduta causou conflito entre os que sempre defenderam uma estratégia mais moderada para Bolsonaro.

Por ter a senha do pai nas redes, foi possível ver durante a campanha o então presidenciável pregando a liberdade de imprensa um dia e chamando os jornais de 'lixo' 24 horas depois.

Outro episódio que causou desconforto na campanha foi quando Carlos compartilhou em seu Instagram uma foto publicada por um artista simulando uma tortura por asfixia, usando a hashtag #Elenão. Ao replicar a imagem, o vereador escreveu: "sobre pais que choram no chuveiro."

Flávio se incomoda muito com os rompantes de Carlos nas redes. Deputado estadual no Rio desde 2002, tem estilo mais moderado (é possível vê-lo na Assembleia Legislativa do Rio conversando amigavelmente com Marcelo Freixo, do PSOL).

A rivalidade entre Carlos e Flávio surgiu há dois anos, quando o senador eleito se candidatou a prefeito do Rio. Com ciúmes da escolha, Carlos, que na época tentava se eleger pela quarta vez para a Câmara dos Vereadores, se recusou a distribuir material de campanha nas ruas em conjunto com o irmão.
 
Com informações da Agência O Globo

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