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MOSSORÓ
Da redação
30/10/2018 12:41
Atualizado
14/12/2018 00:29

Criadores de abelhas perdem até 80% da produção devido circulação do carro fumacê em Mossoró

Criadores explicam que o veneno está matando muitas abelhas e prejudicando a produção de mel; Eles reclamam da aplicação indiscriminada do carro fumacê nos bairros da cidade
Cezar Alves/Mossoró Hoje
Cerca de 100 meliponicultores (criadores de abelhas), que atuam dentro da cidade de Mossoró, passam por sérias dificuldades provocadas pela circulação do carro fumacê, da Prefeitura de Mossoró e Secretaria do Estado de Saúde Pública (Sesap). O veneno está matando os animais – e consequentemente, fazendo com que os criadores percam de 50% a 80% da produção de mel.

A situação se agravou mais ainda porque a Prefeitura de Mossoró não informava quando o carro fumacê iria circular pelas ruas da cidade e acabava pegando os criadores de surpresa. A partir desta semana, o órgão começou a avisar dois ou três dias antes. No entanto, a matança das abelhas continua. É o que relatou ao MOSSORÓ HOJE o criador de abelhas José Cilineudo.

De acordo com o profissional, os criadores estão "a mercê" diante do problema. "Agora eles estão avisando uns dois ou três dias antes e a gente solta as abelhas 24 horas antes, mesmo assim muitas são mortas", relatou.

José Cilineudo e os demais criadores de abelhas questionam a real necessidade do carro fumacê atualmente em Mossoró. Ele relata que essa medida é utilizada geralmente quando há epidemia de dengue – que não é o caso. Explicou ainda que nem prefeitura nem a secretaria estadual de saúde justificam a necessidade desta medida. E o que é pior: O carro fumacê passa com principalmente nos bairros que mais têm criadores de abelhas, no Doze Anos, Alto de São Manoel, Abolições e Três Vinténs.
"Cadê a epidemia? Eu mesmo já pensei em sair nos postos de saúde e perguntar se está tendo dengue, mas onde a gente vai não tem ninguém com a doença nos últimos meses na cidade, é muito melhor a prevenção do que usar o carro fumacê", ressaltou o criador de abelhas.

O criador de abelhas vai além. Ele sugere que equipe de agentes endemias serão contratados para visitar as residências e orientar a população para prevenir o foco do mosquito Aedes aegypti. "Além do veneno matar as abelhas, matam os mosquitos, mas não matam os ovos, vamos prevenir, a gente anda pelas ruas de Mossoró e só vê lixo por cima de lixo, a gente começa a produção, solta as abelhas, e o veneno acaba matando as abelhas operárias, aí tem que começar o processo de novo em 40/50 dias,", explicou Cilineudo destacando que o veneno não prejudica apenas os criadores que perdem a produção, mas o próprio meio ambiente (morte das abelhas) e à população que precisa dos alimentos.

José Cilineudo fala sobre criação de abelhas e cuidados devido à circulação do carro fumacê:



Diante da situação, a Associação de Meliponicultores e Meliponicultoras Potiguar (AMEP) ingressou com representação e pedido de medidas urgentes junto ao Ministério Público, de Mossoró. No documento, a associação destaca que as abelhas nativas são responsáveis por 90% do trabalho de polinização da flora, especialmente na caatinga brasileira. Relatou que neste ano ocorreram três aplicações do veneno em Mossoró – em abril, agosto e agora em outubro, conforme anunciado pela Prefeitura Municipal no site da instituição esta semana.

A associação pede, de forma urgente, à promotoria de Meio Ambiente, que seja instaurado um inquérito civil para apurar as possíveis aplicações indiscriminadas do carro fumacê em Mossoró e ainda uma audiência com os criadores para explicação sobre os prejuízos aos mesmos.

Um dos fundadores da AMEP, Victor Hugo Dias, fala sobre funcionamento da associação:

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