A Frente Nusra, ligada à Al Qaeda, rejeitou nesta sexta-feira (26) a cessação de hostilidades que está prevista para ter início à meia-noite na Síria, e instou insurgentes a intensificarem os ataques contra o presidente Bashar al-Assad e seus aliados.
A Rússia e os EUA anunciaram na segunda-feira um acordo de cessar-fogo na Síria, que entrará em vigor neste sábado (27) à 0h de Damasco (23h do dia 26 no horário de Brasília). No entanto, o grupo Estado Islâmico (EI) e a Frente Al-Nosra, que controlam grande parte do território sírio, não participaram do acordo.
"Soldados de Sham (Síria), Deus os honrou com uma grande jihad em terra abençoada... portanto reforcem sua determinação e intensifiquem seus ataques, e não deixem os aviões deles e grandes números (de tropas) assustá-los", disse o líder da Frente Nusra, Abu Mohamad al-Golani, em uma mensagem de áudio veiculada pela Orient News TV.
O líder também afirmou que se a guerra na Síria não for resolvida, suas consequências vão se espalhar para muçulmanos sunitas em outras partes da região.
Golani afirmou que o plano de trégua era uma trama que sinalizava o início de um processo político que iria manter o governo Assad no poder.
Novos ataques
Ataques aéreos intensos foram registrados em áreas controladas por rebeldes a leste de Damasco, à medida que os combates continuaram em grande parte do oeste da Síria nesta sexta-feira horas antes da entrada em vigor de um plano formulado por Estados Unidos e Rússia para interromper a violência.
A organização de monitoramento Observatório Sírio para os Direitos Humanos registrou ao menos 10 operações aéreas e disparos de artilharia contra a cidade de Douma, em Ghouta Oriental, perto de Damasco.
Equipes de resgate na região controlada por rebeldes, em relatos via Twitter, disseram que havia mortes confirmadas de civis, mas não disseram quantas. As Forças Armadas da Síria não puderam ser contactadas de imediato para comentar.
O acordo de "cessação de hostilidades" está previsto para entrar em vigor à meia-noite (19h em Brasília).
O governo sírio concordou com o plano. A principal aliança de oposição, que tem reservas profundas sobre os termos, tem dito que está pronta a cumprir uma trégua de duas semanas para testar as intenções do governo e de seus apoiadores Rússia e Irã.