01 NOV 2024 | ATUALIZADO 08:30
NACIONAL
Da redação / G1/ UOL
25/04/2016 11:38
Atualizado
14/12/2018 03:16

Governo avalia antecipação de eleições, mesmo vencendo no Senado

De acordo com o Ibope, 62% dos brasileiros defendem que a melhor saída para superar a crise seria o afastamento de Dilma e Temer e realização de novas eleições ainda este ano
Mark Lennihan / Associated Press

A presidente Dilma Rousseff, em conversa com aliados próximo, reconhe que, caso vença o julgamento final do impeachment no Senado, poderá ser obrigada a abraçar a proposta de antecipação da eleição presidencial para este ano. A cúpula nacional do PT tem pressionado o Palácio do Planalto a apoiar a iniciativa após o eventual afastamento temporário da presidente do cargo.

Esse é o desejo de 62% da população brasileira, que considera a realização de novas pesquisas como a melhor forma de superar essa crise, segundo a última pesquisa divulgada pelo Ibope, na manhã desta segunda-feira (25). De acordo com o instituto, o levantamento foi feito entre os dias 14 a 18 de abril e foram ouvidas 2.022 pessoas em 142 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Os números apresentados pelo Ibope são: 62% - Dilma e Michel Temer saírem do governo e ocorrerem novas eleições para presidente; 25% - Dilma continuar seu mandato com um novo pacto entre governo e oposição; 8% - Dilma sofrer impeachment e o vice-presidente Michel Temer assumir a presidência; 3% - Não sabe/não respondeu e outros 2% - Nenhuma dessas/outra.

Em conversas reservadas, a presidente admite que, após ficar até 180 dias afastada e ser substituída por Michel Temer, suas condições de governabilidade se tornariam "as piores possíveis". Na avaliação de interlocutores do Planalto, ela só teria uma "mínima chance" de voltar ao cargo após o afastamento caso o vice-presidente se revele um fracasso no período de interinidade.

Para não constranger a presidente, o comando petista decidiu paralisar neste momento, antes da votação de admissibilidade do impeachment, a defesa da proposta. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito a aliados e assessores que a decisão de pregar a tese antes da primeira votação deve partir de Dilma, não dele.

O comando petista prega, porém, que o partido abrace a alternativa logo após Temer assumir, o que pode acontecer a partir da segunda quinzena de maio. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pretende realizar no dia 15 de maio a votação em plenário sobre o afastamento temporário de Dilma.

O objetivo seria reforçar o discurso de que Temer não tem legitimidade para assumir o cargo e que, portanto, seria necessária a realização de uma nova eleição presidencial. Além de manter o vie sob pressão, a defesa da proposta tentaria enfraquecer sua administração interina.

A avaliação do partido é que a iniciativa possa atrair o apoio inclusive de parte do PSDB que não concorda na participação da sigla no governo peemedebista. Para dirigentes petistas, o partido acabou relegado a um papel de coadjuvante do processo político diante do protagonismo do PMDB.

Na última terça-feira (19), senadores do PT, PSB, Rede e PPS apresentaram uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para que as eleições presidenciais sejam realizadas simultaneamente com as eleições municipais que ocorrerão em outubro deste ano.

A iniciativa teve o apoio de 30 senadores e foi protocolada na Secretaria-Geral. Ela será analisada pelas comissões temáticas e terá que ser aprovada em dois turnos pelo Senado e pela Câmara. Os próprios defensores da tese avaliam que é muito difícil deputados e senadores chegarem a um consenso sobra a proposta.

Como reação à ideia, Temer iniciou ofensiva para esvaziar o apoio à proposta, sobretudo na Câmara, uma vez que ela conta com a simpatia de Renan, adversário do vice-presidente dentro do PMDB.

Outros números
O Ibope também perguntou com qual das frases o entrevistado está mais de acordo: 40% - A democracia é preferível a qualquer outra forma de governo; 34% - Para as pessoas em geral, dá na mesma se um regime é democrático ou não; 15% - Em algumas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a um governo democrático; 11% - Não sabe/não respondeu.

Questionados sobre o grau de satisfação em relação ao funcionamento da democracia no Brasil, os resultados foram os seguintes: 49% - Nada satisfeito; 34% - Pouco satisfeito; 12% - Satisfeito; 3% - Não sabe/não respondeu; 2% - Muito satisfeito.

Segundo o Ibope, as perguntas cujas somas das porcentagens não totalizam 100% são decorrentes de arredondamentos ou de múltiplas respostas. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.

Mínima chance
Em encontros com ministros peemedebistas, a presidente recebeu o diagnóstico de que precisa se preparar para se ausentar do cargo, uma vez que são altas as chances do Senado aprovar seu afastamento temporário.

Ela foi aconselhada a "esquecer" a primeira fase do processo, que já estaria perdida, e se concentrar no julgamento final do processo.

Em resposta, Dilma ressaltou que, apesar do cenário desfavorável, ainda acredita ter chances de reverter a perda do mandato na fase final.

Para auxiliares tanto petistas como peemedebistas, no entanto, a opinião da presidente seria um "otimismo irrealista" da presidente.

De acordo com o último levantamento do Jornal Folha de São Paulo, atualizado na noite deste domingo (24), 50 senadores já se declaram favoráveis a admissibilidade do processo de impeachment, 20 são contrários, 7 não declararam seus votos, 2 se dizem indecisos e 1 senador não respondeu.

Processo de impeachment
O plenário do Senado elege nesta segunda-feira (25) os 21 membros titulares e 21 suplentes da comissão especial que analisará as acusações contra a presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment.

A partir desse momento, o relator terá 10 dias úteis para elaborar um parecer pela admissibilidade ou não do processo de impeachment. O relatório é votado na comissão e depois submetido ao plenário. A oposição quer concluir a votação no plenário entre os dias 11 e 15 de maio.

Se houver voto favorável da maioria – 41 dos 81 senadores, o processo é instaurado e Dilma é afastada temporariamente do cargo. Se isso ocorrer, inicia-se a fase de coleta de provas. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, assumirá a condução do processo e Dilma terá direito de apresentar defesa.

Para cassar o mandato da presidente, o quórum exigido é maior – dois terços, ou 54 dos 81 senadores.

Notas

Publicidades

Outras Notícias

Deixe seu comentário