19 ABR 2024 | ATUALIZADO 16:20
POLÍCIA
Josemário Alves
09/07/2016 07:31
Atualizado
13/07/2016 12:27

Número de jovens assassinados em Mossoró cresce 78% no primeiro semestre

Para o pesquisador e especialista em segurança pública Ivenio Hermes, os dados preocupam e estão relacionados, diretamente, a ineficiência do Estado em promover políticas públicas que funcionem.
Josemário Alves

“Eu tinha um primo que era como um irmão para mim. Ele foi assassinado com um tiro por conta de uma dívida. Estão matando por nada, por motivo banal”. A declaração do agricultor Francisco da Costa* reflete a realidade vivida por muitas famílias mossoroenses, que perderam seus entes queridos, ainda na juventude, para o crime.

Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed) apontam que o número de assassinatos de jovens tem aumentado nos últimos anos em Mossoró.

Somente no primeiro semestre deste ano houve um aumento de 78% no número de jovens mortos com idade entre 12 e 29 anos. Dos 128 assassinatos registrados no município este ano, 84 vitimaram jovens. Em 2014 foram 63 mortes, contra 47 em 2015.

Os números são ainda mais assustadores quando levados a nível estadual. Dos quase mil homicídios já notificados nos seis primeiros meses do ano, mais de 60% foram contra jovens.

Para o pesquisador e especialista em segurança pública Ivenio Hermes, os dados preocupam e estão relacionados, diretamente, a ineficiência do Estado em promover políticas públicas que funcionem.

“O aumento da mortandade da juventude está diretamente ligado às suscetibilidades que as lacunas das políticas públicas deixam. É a inexistência de programas sociais de inclusão dentro da esfera estadual, as escolas com maiores atrativos, o desemprego, as condições de moradia e as drogas”, destacou.

(Foto: Cedida)

Ivenio ressalta que o quesito drogas precisa ter uma atenção maior e ser tratado como uma política de saúde. “A política do combate às drogas é geralmente feita por meio de combate ao tráfico, e cada vez que um traficante é tirado das ruas, dois aparecem para lutar pelo espaço vago, e o resultado é a morte”, frisa.

“O estado e o município deveriam tratar o tráfico como uma política de saúde relacionada à demanda de mercado, ou seja, quanto mais usuários, mais tráfico vai existir. Se houver uma preocupação em tratar o viciado para tirá-lo do vício, teremos menos usuários para demandar as drogas. Erramos em tratar o tráfico como uma guerra, onde a maior vítima é a juventude, vítima direta e indireta desta guerra”, acrescenta o pesquisador.

A escola também tem fundamental importância no combate à criminalidade. Ela deve criar uma interdisciplinaridade entre o assunto das drogas com os conteúdos apresentados em sala de aula.

“É um equívoco falar das drogas e seus efeitos tanto sociais, quanto criminais e quanto de saúde, apenas durante eventos da escola. É assunto para ser comentado e tratado diariamente”, conclui Ivenio Hermes.

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