Os exames positivos para covid-19 em laboratórios privados no Brasil dispararam depois das festas de fim de ano, revela pesquisa repassada com exclusividade ao UOL pela Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), que representa 65% dos laboratórios de diagnóstico do país.
De todos os exames coletados entre 20 e 26 de dezembro de 2021, apenas 7,6% indicavam positividade para o coronavírus, índice que saltou para 40% entre os exames coletados de 3 a 8 de janeiro de 2022.
A suspeita de infecção durante o período das festas praticamente dobrou a procura por exames laboratoriais, que viram os testes para covid passarem de 121 mil para 240 mil no mesmo período.
"Se o ritmo for mantido, a expectativa é que, até o final do mês, os números alcancem os registrados no final de janeiro de 2021, quando foram realizados cerca de 1,5 milhão de exames", afirma a Abramed em nota.
"A ômicron tem uma capacidade de transmissão muito maior do que tudo o que a gente viu até agora na pandemia", afirma Noaldo Lucena, pesquisador e infectologista da Fundação de Medicina Tropical de Manaus.
Especialista em doenças inflamatórias e infecciosas, Flávio Protásio Veras, professor da USP de Ribeirão Preto, lamenta a falta de testes em massa disponibilizados pelo poder público no Brasil, "que servem para encontrar os infectados e orientar isolamento".
Como nem todos podem recorrer ao exame em laboratório privado ou ao teste de farmácia, Veras orienta evitar aglomerações e reforçar o uso de máscaras, de preferência do tipo PFF2/N95, com maior poder de filtragem do ar do que as cirúrgicas ou as de pano.
"A PFF2, sem dúvida nenhuma, é melhor se comparada com a máscara de pano", diz o médico. "Essas máscaras são mais modernas" e se ajustam melhor ao rosto, evitando que o vírus chegue às vias respiratórias.
Ontem, o Ministério da Saúde afirmou que enviará à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) uma nota técnica solicitando a avaliação do autoteste para diagnóstico da covid-19.
Segundo o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, o ministério concluiu que o exame pode ser uma "importante ferramenta de apoio" no combate ao coronavírus.