27 SET 2024 | ATUALIZADO 18:31
SAÚDE
Da redação / Com informações da Agência Brasil
07/11/2015 08:34
Atualizado
13/12/2018 06:11

Onda de lama de barragens deve chegar ao Espírito Santo na segunda-feira

Localizadas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, as barragens de Fundão e Santarém se romperam na tarde de quinta-feira (6), inundando a região com lama, rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração.
Agência Brasil

O boletim de monitoramento informa que a previsão é que a onda de cheia atinja Colatina na tarde de segunda-feira e Linhares, na noite de segunda para terça-feira (10), ambas no Espírito Santo. O Serviço Geológico do Brasil informa que a onda de cheia não vai causar, necessariamente, enchentes nos municípios.

Localizadas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, as barragens de Fundão e Santarém se romperam na tarde de quinta-feira (6), inundando a região com lama, rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração. O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou que há pelo menos 13 desaparecidos e que uma pessoa morreu.

O Serviço Geológico do Brasil monitora continuamente o Sistema de Alerta da Bacia do Rio Doce que abrange o leste de Minas Gerais e do Espírito Santo. O objetivo é alertar 15 municípios da bacia quanto ao risco de ocorrência de enchentes. Os municípios são: Ponte Nova, Nova Era, Antônio Dias, Coronel Fabriciano, Timóteo, Ipatinga, Governador Valadares, Tumiritinga, Resplendor, Galileia, Conselheiro Pena e Aimorés, no estado de Minas Gerais, e Baixo Guandu, Colatina e Linhares no Espírito Santo.

A prefeitura de Linhares divulgou um comunicado em que não menciona o risco de enchentes. Segundo a nota, não há risco de contaminação da bacia que abastece de água a cidade.

A prefeitura de Colatina informou que está monitorando a situação e a previsão é que ao longo da cidade o nível do Rio Doce seja elevado em cerca de 1,5 metros. Em nota, a prefeitura diz que não há razão para alardes sobre inundações no município.

A prefeitura de Governador Valadares, município que tem previsão de ser atingido pela onda de cheia na madrugada do domingo (8), também divulgou comunicado informando que a lama deverá passar pela calha do Rio Doce. A Defesa Civil local prevê que o rio permanecerá no seu leito, sem provocar inundação.

O último boletim de monitoramento foi divulgado no fim da tarde de ontem (6), e as informações serão atualizadas ao longo deste sábado (7).

Governo vai liberar saque de FGTS para vítimas de acidente em Mariana, diz Dilma


A presidenta Dilma Rousseff disse que é preciso apurar com rigor as causas e responsáveis pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, que danificou grande parte do distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana (MG).

Por meio do Twitter, ela solidarizou-se com as vítimas e familiares do acidente e disse que o governo federal vai reconhecer o estado de emergência da cidade para permitir que as pessoas atingidas possam sacar o FGTS. "Presto minha solidariedade às vítimas e a seus familiares. É preciso apurar com rigor as causas e responsabilidades do acidente", disse.

De acordo com o diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, a mineradora ainda não sabe as causas do rompimento das barragens. Segundo ele, atualmente 13 pessoas estão desaparecidas e uma pessoa morreu após sofrer um ataque cardíaco.

Dilma lembrou que o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, sobrevoou a região atingida nesta manhã e disse que telefonou ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, colocando a estrutura do governo federal à disposição do estado.

"As Forças Armadas, em especial Exército, e a Defesa Civil Nacional estão também em contato com o governo de Minas Gerais para auxiliar nas necessidades locais. Saúdo o espírito de solidariedade do povo brasileiro, que tem enviado mantimentos e roupas aos desabrigados", escreveu Dilma na rede social.

Após as postagens, o Palácio do Planalto divulgou uma nota em que reafirma a atuação das forças federais em conjunto com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil mineiros no recebimento de mantimentos e roupas aos desabrigados. A nota também destacou o "espírito de solidariedade e cooperação" do povo brasileiro. "É notável também o trabalho de voluntários que estão atuando na região. Este é um momento de ajudar e confortar as vítimas e seus familiares", diz a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).

Segundo a manifestação oficial da Secom, a Caixa Econômica Federal está na cidade para prestar atendimentos à população.


Rompimento liberou 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos, diz mineradora

Um dia após o rompimento de duas barragens de contenção de resíduos de mineração no município de Mariana, em Minas Gerais, na tarde dessa quinta-feira, diretores da empresa responsável pelas barragens, a mineradora Samarco, disseram hoje (6), em entrevista à imprensa, que cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram liberados no meio ambiente, o suficiente para encher 24.800 piscinas olímpicas.

A barragem de Fundão foi a primeira a romper, por volta das 15h. A estrutura passava por uma obra e, por isso, estava operando com 55 milhões de metros cúbicos dos 60 milhões da capacidade total, mas segundo a Samarco a obra não tem relação com o ocorrido. A barragem de Santarém estava no limite da sua capacidade de 7 milhões de metros cúbicos.

O presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, afirmou que os rejeitos liberados pelas barragens não são tóxicos e não devem ter nenhuma consequência além da destruição física que a onda de lama está causando desde ontem no distrito de Bento Rodrigues. Segundo a Samarco, a lama é composta basicamente por sílica e água.

O especialista em análise de risco e analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama em Minas Gerais, André Naime, disse que ainda é cedo para estimar o impacto ambiental do desastre na região, pois até o momento não se tem o conhecimento preciso da composição química do rejeito. “O rejeito do minério de ferro é normalmente considerado de baixo potencial poluidor e a sílica é inerte e realmente não representa dano à saúde humana”.

De acordo com Naime, descargas descontroladas de substâncias, como ocorreu ontem, comprometem a qualidade do meio ambiente. “O vazamento acarretou soterramento de vegetação, áreas de mananciais e carreamento de sedimentos e assoreamento de corpos hídricos, além dos prejuízos às populações afetadas, impactos evidentes até mesmo pelas imagens”, afirmou.

Com relação a possíveis impactos nos lençóis freáticos da região, de onde é retirada água para abastecimento da população de Belo Horizonte, o especialista disse que sozinha a sílica não seria uma ameaça. “Mas caso exista algum contaminante solúvel ou solubilizados a água no rejeito é possível haver a contaminação dos lençóis.”

A classificação das duas barragens de rejeitos na Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), responsável pelo licenciamento das estruturas, é classe 3, o que significa que apresentam “alto potencial de dano ambiental”. A classificação é feita de acordo com a altura do maciço, volume do reservatório, interesse ambiental na área à jusante (sentido em que descem as águas de uma corrente fluvial) da barragem e ocupação humana do local, entre outros parâmetros.

De acordo com a assessoria de imprensa da Feam, os esforços no momento estão concentrados no atendimento às vítimas, mas que o próximo passo é avaliar o impacto ambiental. “As consequências para o meio ambiente serão identificadas assim que a Defesa Civil liberar o local para averiguações".

A fundação informou também que estão sendo feitas coletas de amostras de água e sedimentos nos corpos de água próximos ao local do acidente, incluindo os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce. “Esses pontos de coleta contemplarão, também, os locais de captação de água para abastecimento público das cidades localizadas ao longo dos rios citados.”  De acordo com a Feam, os custos  com a recuperação ambiental das áreas atingidas serão de responsabilidade da Samarco.

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