O Rio Grande do Norte ocupa o primeiro lugar do Nordeste e sétimo do Brasil no ranking elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde que considera os indicadores de detecção do HIV e mortalidade por aids entre 2017 e 2021. Ao todo, 51% dos 1.345 óbitos por aids da última década, foram registrados nos últimos cinco anos. Ainda segundo a pesquisa, no ano de 2020, a região Nordeste registrou 25% dos 32.701 casos de infecção pelo HIV no Brasil.
Atualmente, no RN, cerca de 11 mil pacientes realizam tratamento para HIV/Aids nos 14 Serviços de Assistência Especializada (SAE) distribuídos nos municípios de Natal, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu, Santa Cruz, São Paulo do Potengi, Caicó, Mossoró e Pau dos Ferros.
Nos últimos 10 anos, no Rio Grande do Norte, observa-se um crescimento de 39,5% no registro de casos de aids, de 39,3% nos casos de infecção pelo HIV, de 74% no número de casos de gestantes infectadas pelo HIV e de 19,4% na ocorrência de óbitos por AIDS.
Entre janeiro e outubro de 2022, foram registrados 590 casos de aids e 782 de infecção pelo HIV, revelando um aumento no registro de casos de 29,1% e 42,5%, respectivamente, quando comparado com o mesmo período de 2021.
Para fortalecer as redes de atenção à saúde e discutir formas de prevenção e tratamento para HIV/AIDS, o governo do estado lançou nesta terça-feira (20) no auditório da reitoria da UFRN, o II Seminário Estadual de Combate ao HIV/AIDS. O evento foi promovido pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).
Durante o evento, aconteceu o lançamento da campanha estadual de combate ao HIV/AIDS e fortalecimento das redes de atenção à saúde. Logo em seguida foi exibido o curta metragem "Sinais vermelhos", direção de Vânia Maria e Marcia Lohss. O filme conta a história da própria Vânia, artista que é soropositiva há mais de 20 anos, e busca mostrar sua condição de convivência com o HIV.
De 2020 para 2021, a detecção de HIV caiu de 1122 para 809. Em contrapartida, houve um aumento de 17% nos casos de aids, de 588 em 2020 para 693 em 2021. A paralisação dos serviços de saúde e necessidade de interrupção de atendimentos que deveriam acontecer regularmente, podem ter sido a causa de haver, simultaneamente, uma diminuição na detecção e um aumento do nível grave da infecção.
Para a preceptora infectologista do Instituto Santos Dumont (ISD) Manoella Alves, a pandemia trouxe “inúmeros prejuízos para doenças que possuíam necessidade de cuidado rotineiro”, não apenas no cenário de HIV e aids, mas em pessoas com hipertensão, diabetes e endocrinopatias.
“Houve um prejuízo nos atendimentos de rotina, e isso fez com que novos diagnósticos não fossem feitos. Além disso, as pessoas tiveram dificuldades de chegar aos serviços de saúde. A perspectiva agora é que essas atividades já tenham sido retomadas e que as pessoas estejam sendo cuidadas adequadamente”, complementa a infectologista.
O HIV é o vírus da imunodeficiência humana, que é transmitido mais comumente por meio da relação sexual desprotegida, e age principalmente no enfraquecimento do sistema de defesa do corpo. A aids, por sua vez, é a doença crônica que se origina do agravamento da infecção por HIV, quando as defesas estão em níveis extremamente baixos e o corpo passa a se tornar incapaz de combater outras infecções. Esse agravamento não ocorre imediatamente após a infecção: o vírus do HIV é considerado silencioso, podendo levar anos até o indivíduo infectado manifestar algum sintoma. Por isso, é importante a prevenção e a detecção o mais cedo possível.