A decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) que determina que médicos não receitem anabolizantes para pessoas que desejam ter ganho estético de massa muscular vem sendo comemorada por especialistas de diferentes áreas da medicina.
A medida se justifica por não existir comprovação científica que legitime o benefício e a segurança desses hormônios, uma vez que forem utilizados para melhora no desempenho esportivo.
Entre os riscos causados pelo uso indiscriminado de anabolizantes – como doenças hepáticas, distúrbios endócrinos e até transtornos mentais e de comportamento – as doenças renais também preocupam especialistas e merecem atenção.
Segundo o médico nefrologista e professor do curso de Medicina da Universidade Potiguar (UnP), Felipe Guedes, o indivíduo pode desenvolver insuficiência renal aguda pelo uso de anabolizantes, devido à agressão medicamentosa.
“A pessoa pode desenvolver doença renal crônica por agressões persistentes em estruturas renais, como em uma região chamada glomérulo em que o anabolizante estimula uma produção de células que normalmente não se multiplicam nessa região, levando a perda de função e proteína na urina. Também são efeitos desses medicamentos a elevação da pressão arterial”, explica Guedes.
Todos esses fatores associados culminam em um processo chamado Insuficiência Renal Crônica, que pode levar o paciente à hemodiálise: método de filtração do sangue por meio de uma máquina que funciona como um rim artificial.
“O grande problema do uso de anabolizantes em pacientes que não possuem insuficiência hormonal está no aumento da mortalidade cardiovascular, precipitando ocorrências, por vezes fatais, como infarto, arritmias ou AVC”, alerta o especialista.
Quem apresenta sinais de danos renais pelo uso de anabolizantes deve ser medicado com uma dieta restrita em proteínas, utilizar medicações que retardam a proteína na urina e evitar novos danos renais. “Tudo isso inclui o uso de medicações agressivas aos rins como os próprios anabolizantes e os anti-inflamatórios”, acrescenta Felipe Guedes.
“Vale lembrar que em alguns casos, o uso dos anabolizantes são recomendados. A indicação clínica para o uso é no tratamento da Insuficiência Gonadal, já que alguns pacientes homens desenvolvem um quadro de baixa produção desse hormônio pelo próprio organismo, o que é chamado no meio médico de Hipogonadismo”, explica o docente do curso de Medicina. A Medicina da UnP faz parte da Inspirali, um dos principais players de educação na área médica do país.