Os moradores da favela do Forno Velho, na zona oeste de Mossoró, revoltados com o número elevado de acidentes, inclusive com mortes, fecharam os dois sentidos da BR 405, na saída de Mossoró para o município de Apodi, no final da manhã desta segunda-feira, 1, de junho de 2015.
Antônio Franscinaldo, morador há 15 anos do Forno Velho, disse que os veículos trafegando no sentido Mossoró/Apodi passam no trecho com mais de 100 km por hora e não respeita ninguém. “Não dá tempo parar, atropela e mata. Passam aqui sem respeitar ninguém”, diz o morador.
Uma das vítimas da imprudência dos motoristas no trecho foi a jovem Ákila, de 14 anos, em 2014. O pai dela contou que os veículos passam no local em alta velocidade, pois não tem sinalização adequada, nem iluminação e nem acostamento. “Minha filha morreu bem ali”, conta o morador.
Moradores mostram em video locais que as pessoas morreram
Semana passada, a vítima foi o senhor Valtemir Melo de Medeiros, conhecido no bairro por Negão. Ele estava tentando atravessar a pista, quando um menor numa moto Broz o atropelou. Foi socorrido, mas não resistiu. Morreu no Hospital Regional Tarcísio Maia.
Para reduzir os acidentes, os moradores informaram ao policial da Rodoviária Federal Medeiros Rocha que é preciso instalar lombadas eletrônicas, iluminar o trecho, fazer o acostamento e pintar faixa de pedestre em frente as duas escolas no local. "A gente passa horas esperando para poder passar", diz.
O morador Francisco Teixeira disse que o tráfego na BR 405 já é intenso e agora que os veículos que vem da cidade de Baraúna por um desvio estão tornando ainda mais intenso e perigoso, pois eles fazem um desvio pelo Forno Velho para evitar fazer o retorno na BR 304 e seguir para o Centro de Mossoró.
“Este viaduto está é causando mais acidentes. Há poucos dias um amigo nosso ia de bicicleta e, como não tem por onde passar, foi disputar espaço com carros e morreu atropelado”, conta Francisco Teixeira, apontando o local do atropelamento perto do viaduto.
O filho de Valtemir Melo de Medeiros, Paulo Roberto de Lima de Medeiros, disse que as mortes que estão acontecendo no local são responsabilidades do Governo Federal, especificamente do Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transporte (DNIT), que deveria sinalizar e colocar redutores de velocidade.
O patrulheiro Medeiros Rocha, em vídeo, confirma a palavra de Paulo Roberto.
O morador Antônio Franscinaldo disse que se o DNIT não responder os ofícios resolvendo a questão, vão fechar as quatro entradas (BR 405, RN 117, RN 015 e BR 304) e o dia todo, até que as providências sejam tomadas. “Vamos queimar pneu até resolver. Vamos queimar até resolver”, diz.
“A gente vai esperar o prazo que ele (patrulheiro da PRF) pediu, se não resolver, vamos fechar tudo pela manhã e não abrimos mais até chegar a hora que vai vir alguém aqui resolver”, diz Antônio Franscinaldo, perguntando "quantos pais e família vão terão que morrer aqui?"
O trecho da BR 405 foi fechado pelos moradores por volta das 11h30 e só foi liberado após a PRF acordar com os moradores parar de jogar pneus no fogo para que seja enviado um ofício ao DNIT e a chegada do Corpo de Bombeiros para apagar o fogo e retirar os entulhos, por volta das 13h.
Os motoristas de caminhões e carros pequenos que precisavam passar pelo trecho para seguir viagem, reclamaram da falta de atenção do Estado com os moradores. “Este pessoal não deveria nem está morando na margem de uma rodovia federal”, diz Jessé Freire, que estava com caminhão carregado de sal.
Outro motorista reclamou da demora das autoridades para atender o que os moradores querem e concordou com o protesto. Observe que tem duas escolas aqui e quem mora do lado de cá precisa passar para o outro lado para estudar e vice-versa. Isto faz acontecer acidentes também. Precisa de uma passarela. "Reduzir velocidade não resolve totalmente", destaca.