Ao detalhar como ocorreu a chacina no Baile de Favela, o delegado Rafael Arraes, da Divisão de Homicídios e Defesa da Pessoa de Mossoró, tornou cristalino a guerra entre as facções Sindicato do RN e PCC nas principais cidades do Rio Grande do Norte.
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Que estão se matando entre si, isto já é público. É o que está explícito nos noticiários. O que Rafael Arraes deixou claro foi a organização dos criminosos das duas facções e o alto nível de crueldade e maldade de seus membros. E o fazem como forma de ganhar status na organização.
Para chegar chegando em Mossoró, o PCC tratou de organizar um baile Funk e dá a ele um nome que poderia se transformar facilmente numa festa popular: “Baile de favela”. “Esta festa foi para comemorar a chegada de um líder do PCC na cidade”, diz o delegado.
Há poucos dias, a Polícia Militar localizou, no bairro Belo Horizonte, um assassino frio e cruel, armado com espingarda 12, revólver e rádio na frequência da polícia. Quando perguntado o que fazia em Mossoró, ele respondeu que era só para matar gente mesmo.
Se o PCC assusta, imagina aí o Sindicato do RN. Segundo apurou o delegado Rafael Arraes, o líder desta facção criminosa em Natal designou o seu braço direito, Felipe Martins dos Santos, "Playboy", para “organizar” a casa em Mossoró e “botar moral”, em outras palavras: matar.
Rafael Arraes disse que o natalense Felipe Playboy comandou os outros 4 membros (um menor) na chacina no Baile de Favela. O alvo do bando armado era um: Eduardo Nunes Faria, de 19 anos. Talvez existisse outro nome que fosse alvo, mas isto não ficou comprovado.
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“Eles sabiam que a festa era realizada para membros do PCC, então, o que eles matassem para eles era lucro. O que eles queriam eram diminuir o número de membros do PCC em Mossoró”, relata o delegado Rafael Arraes, que comandou as investigações desde o primeiro dia.
Organização do ataque
Para realizar o ataque, o Sindicato do RN enviou armas de Natal para ser usada em Mossoró e depois retornar para Natal. O transporte das armas, segundo apurou a Polícia Civil, foi feito em um caminhão baú (um alerta aos policiais sobre transporte de armas).
“Abdiel da Silva, o Galadinho, e outro integrante (menor), dirigiram-se para Rua Vicência L. Rodrigues, próximo ao CEMIC ,com todas as armas no interior do caminhão, lá embarcaram no Prisma e se dirigiram para o Baile de Favela, que fica cerca de 300m daquele local”, relata.
Segundo o delegado, a facção não queria correr o risco de ser abordada na rua num Prisma roubado e perder as armas. As armas, para eles, eram bem mais valiosas do que o carro. Para o bandido, arma é ferramenta de trabalho que usa para o que quiser, inclusive matar.
O transporte das armas de Natal para Mossoró, onde a facção tinha 3 casas alugadas somente para dá suporte aos membros da facão, é feito no caminhão porque geralmente a polícia não se preocupa em revistar um caminhão. De fato, raramente isto acontece.
Crescimento dentro da Facção 'Sindicato do RN'
Um ataque desta magnitude, dentro da organização criminosa, promove os executores. Segundo o delegado Rafael Arraes, antes de abrirem fogo no Baile de Favela, matando cinco jovens e deixando outros 10 feridos a tiros, os criminosos se deixaram fotografar exibindo as armas, num ato de pura afirmação dentro da organização criminosa.
Após a chacina no Baile da Favela
Após o ataque, a quadrilha se espalhou pela cidade. O caminhão retornou para Natal levando as armas do crime. Em Mossoró, "Playboy" continuou sua articulação para se fortalecer, colher os brios do ataque no mundo do crime, mas a polícia conseguiu chegar aos autores.
O primeiro a ser preso foi Francisco Josenilson da Silva, o Jhon, no dia 22 de março, com drogas e armas, numa Operação Policial da Divipoe, Defur e a Divisão de Homicidios. No mesmo local estava também Marlon Bruno da Silva Nascimento, “o Shampoo".
Segundo Rafael Arraes, Marlon Bruno conseguiu escapar do cerco policial. Levou uma pistola com ele. Na outra noite, a Divipoe e Delegacia de Homicídios começou apreender 3 coletes, uma doze e 10 quilos de maconha. Este material pertencia a Felipe Playboy.
Dois dias depois, os policiais chegaram a Felipe Playboy, que continuava em Mossoró. Posteriormente, a Força Tática da Polícia Militar localizou e prendeu Marlon Bruno.
Os acusados são:
Felipe Martins dos Santos, "Playboy", preso
Marlon Bruno da Silva Nascimento, conhecido como "Shampoo", preso
Francisco Josenilson da Silva conhecido como "John", preso
Abdiel da Silva Domiciano, conhecido como "Galadim", foragido
Adolescente que não pode ter a identificação revelada.
Dinâmica da Chacina
Felipe Playboy buscou o Prisma (OKB -8453) no matagal nas Barrocas; se dirigiu para o beco do Santo Antônio e pegou Marlon Bruno (Shampoo); sentou no banco de trás, Francisco Josenilson (Jhow); sentou no banco da frente, em seguida dirigiram-se para uma rua próximo ao Baile de Favela (local do fato).
Caminhão baú – Abdiel da Silva (Galadinho) e outro integrante, dirigiram-se para Rua Vicência L. Rodrigues, próximo ao CEMIC com todas as armas no interior do caminhão, lá embarcaram no Prisma e se dirigiram para o Baile de Favela, que fica cerca de 300m daquele local.
Chegando ao local, todos os integrantes, já de armas em punho, desembarcaram do veículo Prisma e começaram a efetuar disparos em direção ao portão do evento, ao chegar no portão continuaram a efetuar disparos em direção as pessoas que estavam na festa.
O bandido e a arma
Playboy (Felipe Martins) – Escopeta Calibre 12
Jhow (Franc. Josenilson) – Metralhadora 9 mm
Shampoo (Marlon Bruno) – Fuzil 762
Galadinho (Abdiel da Silva) – Pistola 380 e um RV 38.
5º integrante – Escopeta Calibre 12
Motivação
O “Sindicato do RN” tinha como objetivo matar Eduardo Nunes Farias, supostamente integrante da facção rival, PCC. A festa Baile de Favela estava ocorrendo para dá boas vindas a um líder do PCC a Mossoró, porém, para os membros do Sindicato do RN, quanto mais matasse gente dentro da Baile da Favela, melhor. O que eles queriam era diminuir o número de membros do PCC em Mossoró.
Por fim, restou configurado a declaração do promotor de Justiça Italo Moreira Martins, no decorrer das investigações, quando ele disse que a guerra entre as duas facções tende a piorar nos próximos meses.
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O delegado Rafael Arraes encerra a entrevista pedindo apoio da população nas investigações, passando informações para os agentes através do Whatsap - 84 9 8855 0177.