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Atualizado
13/12/2018 20:20

Escrivão conta a história do agente civil Brasil condenado por duplo homicidio e lesão corporal

Marcílio Laurentino classifica como injusta a condenação pelo Tribunal do Júri Popular e apresenta as razões
FOTO Novo Jornal

O escrivão Marcílio Laurentino escreveu artigo batendo forte na decisão do Tribunal do Júri Popular que condenou nesta quinta-feira, 1 de outubro, os cinco policiais que, por engano, mataram o prefeito de Grossos, e o motorista dele, tendo deixado ferido ainda o contador, no dia 23 de junho de 2005.

Para compreender o que classificou como injusto e desmotivador a Policia Civil, Marcilio conta a história de um dos policiais civis condenados: Newton Brasil de Araújo Junior.

Segue o artigo

A HISTÓRIA DE BRASIL

 Para aqueles que não assistiram ao júri popular de policiais civis na data de ontem, vou resumir em poucas palavras a história de um jovem, cujo sobrenome é BRASIL, um rapaz estudioso que foi aprovado em dois concursos públicos Bombeiro e Polícia Civil, sendo chamado primeiramente para ser Bombeiro, e em seguida resolveu largar essa honrosa profissão de defesa social para assumir uma outra tão arriscada quanto à primeira, ser policial civil, assumir o múnus público de combater o crime e buscar a verdade real existente por trás de cada crime.

 Fez uma Academia de Polícia em 45 dias, com aulas desgastantes manhã, tarde e noite, onde o normal seriam 5 (cinco) meses de curso, ou seja, no linguajar vulgar, foi um policial “feito nas coxas”, o Estado queria apenas dar satisfação à sociedade e publicizar uma pseudo sensação de segurança.

 No dia 20 de junho de 2005 BRASIL assumiu o cargo de Agente de Polícia Civil, sendo lotado na Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de veículos, onde no quarto dia de serviço, sem ter tido o treinamento adequado, sem possuir arma curta fornecida pelo Estado, foi convocado de imediato para compor uma equipe para uma operação, onde não sabia do que se tratava, tendo advertido os superiores que não tinha arma, ocasião em que mandaram pegar um fuzil que estava no armário, partindo para uma diligência com a cara e a coragem.

Após as instruções passadas pelo superior, ficou com dois colegas em uma viatura aguardando a passagem dos meliantes com um veículo roubado na BR-304, o qual estava sendo monitorado em escuta telefônica, e, como era o mais novo permaneceu no banco de trás, quando em determinado momento passa uma camioneta e outra viatura passa a abordá-la, onde instantes depois seus colegas que estavam na viatura gritaram “tiro, tiro, se protejam”, tendo ficado deitado no piso do veículo com uma arma enorme, e diante daquela situação efetuou três disparos para o alto, atingindo a parte superior de sua própria viatura, como forma de se defender de um perigo que ele desconhecia, ou seja, era um cego no meio de um tiroteio.

Após perseguição dos outros policiais ao veículo suspeito, saíram em busca de uma ambulância para atender aos feridos, não tendo em momento algum efetuado disparos contra o carro dos supostos criminosos, que depois ficou sabendo que o veículo não era o dos bandidos e sim o de um prefeito do interior, que desobedeceu a ordem de parada e arrancou em fuga, vindo a óbito, juntamente com o motorista, culpa de uma falta de conscientização de que avistando polícia pare e aguarde ser abordado, e mesmo que fossem bandidos, não adiantaria fugir, morreriam do mesmo jeito.

Resultado disso BRASIL foi preso e passou 9 (nove) meses na cadeia, e após 10 anos foi colocado no banco dos réus no tribunal do juri, onde na data de ontem foi sabatinado pelo Parquet e assistência, os quais a todo momento ironizavam sua conduta, inclusive o seu despreparo, como se este fosse o culpado por uma operação que deu errado, esquecendo o promotor de responsabilizar o Estado do Rio Grande do Norte e o Secretário de Segurança da época, um promotor de justiça da Paraíba, tanto pela falta de investimento e treinamento, quanto à própria ordem da operação, que partiu de cima, pois as vítimas dessas quadrilhas eram autoridades influentes e precisava dar um basta nisso.

Hoje saiu sua sentença, foi condenado junto com os demais policiais à pena de 17 anos e meio de prisão em regime inicialmente fechado e perda do cargo, e enquanto outro colega seu que estava na mesma situação, também havia assumido no mesmo dia o cargo e a lotação, por não ter atirado foi excluído do processo, agora me pergunto quem fez essa investigação não tinha como comparar os disparos para saber a culpabilidade de cada agente, através de quesitos aos peritos, mas isso não foi feito, inclusive por isso que querem acabar com a polícia civil, muitas autoridade só querem salário, e fazer uma investigação buscando a verdade real dos fatos, com reconstituições e perícias pertinentes, isso dá muito trabalho não é mesmo doutores.

O julgamento da mesma forma, não houve uma individualização da pena de cada agente, todos foram condenados à mesma pena, mesmo os que não contribuíram para a morte dos envolvidos, isso é justo? isso é justiça? é esse o país que queremos, onde os bons estão e ficarão presos e os bandidos e traficantes internacionais são condenados a lerem livros didáticos? Agora só resta ao colega BRASIL, que leva o nome de um país belíssimo com suas paisagens encantadoras, mas infelizmente contaminado por políticos corruptos e autoridades com o rei na barriga, apelar pra justiça de Deus. NÃO VAMOS DEIXAR QUE A JUSTIÇA CONDENE BRASIL, POR UM CRIME QUE ELE NÃO COMETEU, COMPARTILHE ESTA MENSAGEM.

Marcílio Laurentino.

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