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Luz Espírita
04/03/2016 13:22
Atualizado
13/12/2018 05:02

A fé pode se aliar à razão?

A fé pode se aliar à razão?
Reprodução/Internet

CARTAS DO CAMINHO

A fé é um vocábulo tão repetidamente utilizado e pronunciado por nós, seres humanos, no entanto, tão pouco compreendido e, principalmente, vivenciado. Costumamos afirmar de maneira veemente quão forte e poderosa é nossa fé, contudo, na primeira dificuldade nos entregamos ao desespero, ao medo e à incredulidade. Será que, de fato, temos fé? Sabemos o que é a fé?

O capítulo XIX do Evangelho Segundo o Espiritismo, codificado pelo francês Allan Kardec, que tem como título “A fé transporta montanhas”, traz valioso e elucidativo conteúdo sobre o seu poder e quanto à indispensável diferenciação a respeito da fé cega e raciocinada, fazendo um primoroso convite ao estudo e ao conhecimento.

Muitos de nós somos induzidos a uma fé cega, que se limita a crer pelo crer, que toma o falso como verdadeiro, que nos conduz ao fanatismo, cuja fundamentação por vezes é imposta por algum dirigente religioso, que tem a sua condição inata de ser humano ignorada, passando a assumir o posto de divindade portadora e possuidora da “verdadeira crença”.

A fé que é cega se choca com a evidência e aumenta cada vez mais o número de incrédulos, que por vezes, utilizam a fragilidade das “verdades” humanas para negar a existência de Deus. A fé que é cega cai por terra na primeira provação de que se acomete o homem, que rapidamente se desfaz da sua confiança no Pai para dar lugar ao desespero, a revolta e a dúvida.

A doutrina espírita retira o manto da ignorância e nos apresenta a fé raciocinada, que contém uma base e se apoia nos fatos e na lógica, porque para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.

Aquele que compreende tem a certeza do que crê e não se vê obrigado a abdicar das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre arbítrio. A fé raciocinada não se impõe e não surge como algo a ser ditado. Ela se adquire, se fortalece e se constrói por aquele que a busca sinceramente. É sempre calma e sabe esperar, pois se fundamenta na inteligência e na compreensão das coisas.

A despeito disso, a fé raciocinada e inabalável não exime o ser humano de passar por suas provas e expiações, já que a lei de causa e efeito a todos alcança, mas afasta as montanhas das dificuldades, das angústias, das paixões orgulhosas que obstam o caminho de quem trabalha pelo progresso da humanidade, além de conferir perseverança, melhorar a energia e dotar o homem dos recursos necessários para que vença seus obstáculos.

Lembremos, ainda, que não se pode confundir fé com presunção, que mais se aproxima do orgulho. Não devemos medir a criação Divina pela nossa régua, que é demasiadamente curta e limitada. Não podemos ter a pretensão de impor a nossa verdade ou julgar o incrédulo, cuja descrença muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. Em todo caso, não percamos de vista que o Universo e seus mistérios estão muito além da mais desenvolvida inteligência humana.

Como seres falhos que somos, podemos afirmar que a nossa fé está em construção, precisando se fortalecer. Para tanto, ela, que é a mãe da esperança e da caridade, deve andar ao lado da racionalidade e não filha da cegueira. Amemos a Deus, mas sabendo porque O amamos. Creiamos nas suas promessas, sabendo porque acreditamos nelas. Preguemos pelo exemplo da fé, pelas nossas obras, e não através de palavras proferidas pelos lábios sem passar pelo coração. E jamais percamos de vista o ensinamento de Kardec, que afirma, com toda a sua propriedade moral e intelectual, que a fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da humanidade.

 

Fernanda Lucena

Casa do Caminho

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