Coelhos, ovos de chocolate, embalagens multicoloridas. Talvez essas sejam as primeiras palavras que nos vêm à mente quando nos lembramos da Páscoa. E talvez não resida nenhum mal em ver a data “também” com esses olhos. A questão maior é não permitir que isso seja o único aspecto a ser compreendido.
Inicialmente a Páscoa era celebrada pelos judeus em agradecimento à libertação dos 400 anos de escravidão vividos no Egito. Era um momento de profunda imersão espiritual, onde toda a família se reunia em comunhão pela liberdade conquistada.
Posteriormente, para os cristãos, a Páscoa passou a ser associada à ressurreição de Jesus após a sua crucificação. As primeiras celebrações buscavam reafirmar o triunfo do Cristo sobre a morte e pregavam o nosso renascer diário.
Contudo, o passar dos anos fez com que muito desse sentimento cedesse lugar para um feriado comercial. As lojas se enchem de ovos de páscoa e as famílias programam suas viagens, esquecendo-se da reflexão tão necessária.
Se os Judeus comemoram a libertação da escravidão, por que nós não poderíamos nos esforçar para nos libertarmos da escravidão materialista? Por que não aproveitarmos a data para comemorar a libertação da escravidão provocada pelo orgulho ou egoísmo? Ou então, a exemplo dos primeiros cristãos, por que não comemorarmos a oportunidade diária de nascer novamente?
Não se está censurando, em momento algum, comer o chocolate. Contudo, convém reconhecer que recordar o exemplo do Cristo faria qualquer ovo de páscoa ter um sabor bem diferente: do mais amargo ao mais doce, todos teriam gosto de paciência, brandura, amor e caridade. Eis o melhor chocolate.
Maykon Montenegro
Casa do Caminho