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Retratos do Oeste
28/04/2016 09:30
Atualizado
14/12/2018 01:30

Os idiotas úteis

Após afastar Dilma com apoio de muitos trabalhadores, Temer coloca em prática plano da FIESP que tira os direitos dos trabalhadores

Encontrei seis pessoas (contei um a um) no supermercado assustados nesta quinta-feira, 28, com as propostas que estão no nome de Michel Temer, mas que na verdade são da Federação das Indústrias de São Paulo, para supostamente retirar o País da crise.

Em tese, o plano da FIESP, que Temer assumiu, vai descontar nas costelas do trabalhador o que precisa para permitir a sobrevivência financeira do País. Aí está indexação do salário mínimo (covardia), retirar obrigatoriedade com os recursos do SUS e por aí vai.

E o Temer, com a ânsia de tomar o governo através de um golpe parlamentar, liderado pelo correligionário partidário e corrupto Eduardo Cunha, declarou aos empresários:

“Ah, mas Cezar Alves, espere aí, peraí, entre as pessoas que estão defendendo o impeachment de Dilma tem muitos trabalhadores”, disse o jovem do açougue (pediu para não citar seu nome), enquanto cortava um pedaço de carne de sol (colchão mole – R$ 26,00 o kg).

Antes que explicasse a ele, o professor de história da Escola Estadual Abel Coelho Freire, residente no Abolição II, abriu o verbo: “Você foi apenas um ‘idiota útil’ naquele momento”, destacou o professor João Bosco, acrescentando que teme o pior de agora em diante.

Não tenho dúvidas de que o professor João Bosco tem razão. Ele certamente leu “Uma Ponte Para o Futuro”, que a FIESP fez e Temer assumiu como dele, no mês de outubro de 2015, quando já articulava (conspirar/trair) para derrubar o governo Dilma.

E isto ficou claro no grampo no senador Hélio José, do PMDB/DF

A articulação para derrubar o governo Dilma começou antes. Foi logo quando ela venceu as eleições de 2014. O então perdedor da campanha Aécio Neves/PSDB, denunciado na Lava Jato, não reconheceu a derrota, acionou a Justiça e instigou o ódio em seus eleitores.

Nasceu aí o cenário contrário ao governo Dilma. No Congresso, veio a disputa pela presidência da Câmara e do Senado. O PMDB saiu na frente com os denunciados por corrupção Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Dizem que venceram na base da chantagem.

Política, na prática, é o que menos se pratica no Congresso.

Logo em seguida veio a Lava Jato a Jato para cima de Eduardo Cunha. Foram descobertos processos que estavam com Joaquim Barbosa desde 2006 no Supremo Tribunal Federal. Cunha tinha contas milionárias na Suíça, confirmadas pelos procuradores suíços.

Cunha, acostumado a chantagens, cobrou do governo Federal apoio da bancada para não ser processado no Conselho de Ética. O Governo negou. Na época, Dilma disse que “não ia ficar pedra sobre pedra”, despertando a ira de Cunha. Aí veio a vingança, o golpe.

Cunha colocou, o que no Congresso se chama da “pauta bomba” em votação. As medidas propostas pelo Governo para reduzir o impacto da crise financeira internacional no Brasil, foram deixadas de lado e votadas outras que agravasse ainda mais a crise no Brasil.

Uma das bombas de Cunha contra o Governo Dilma foi aprovar reajuste de 78% para os servidores do Judiciário. Dilma vetou por causa do impacto nas contas públicas, que aumentaria os gastos em R$ 5,3 bilhões em 2016 e R$ 36,2 bilhões até 2019.

Aprovando aumento do salário dos ministros do STF, pro exemplo, tem efeito cascata em todas as outras camadas, levando um verdadeiro rombo gigante nas contas públicas do governo Federal e dos Estados.

Na edição desta terça-feira, 26, do Valor Econômico, matéria levanta deixa a entender que o STF deixou Cunha/Temer golpear Dilma para o Congresso depois derrubar o veto de Dilma e eles terem o aumento de 78%. A Notícia recebe reforço do Portal Brasil. Veja AQUI.

Soma aí boicote dos legisladores (corruptos) a queda da Petrobras em função do valor do barril de petróleo ter saído da casa dos 121 dólares para apenas 30 na bolsa de Nova Yorque. A grande mídia disse que a Petrobras quebrou devido aos roubos descobertos pela Lava Jato.

As consequências destas irresponsabilidades absurdas de Cunha na Câmara e a queda da Petrobras foram sentidas nas ruas. A grande mídia informou que a culpa por tudo de ruim que estava acontecendo era do governo corrupto do PT e o açougueiro que encontrei no supermercado acreditou.

Ele e milhões de outros incautos tiveram as mentes dominadas no país pelas notícias seletivas da grande mídia. Era o cenário perfeito para o corrupto do Cunha colocar seus aliados corruptos, para aprovar o impeachment de Dilma, mesmo ela não tendo sido se quer investigada por qualquer crime.

A votação na Câmara ocorreu como a transmissão de jogo de copa do mundo. De um lado, uma parte da população gritando a favor da democracia. Do outro, um grupo gritando para derrubar o governo Dilma. Os deputados protagonizaram um espetáculo de horror (mostraram quem de fato são), que virou chacota no mundo inteiro.

O Jornal El País estampou

Com a aprovação da abertura do impeachment de Dilma na Câmara para ser levado a cabo no Senado, Eduardo Cunha, que tem dezenas de processos dormem no STF, foi mais além contra o País. Declarou que só chama a ordem do dia na Câmara quando Dilma for colocada para fora.

Entre as preposições do Governo Federal que precisam de aprovação urgente, está a revisão da meta de superávit fiscal. Estas propostas não sendo aprovadas nos próximos 10 dias, a União não terá como custar saúde, educação, segurança e etc.

E a denúncia é da senadora Lúcia Vania, do PSB/GO. Também endossa Rose de Freiras, do PMDB/ES, partido do Eduardo Cunha e Michel Temer. Ela reclamou que se não votaram a meta fiscal nos próximos dez dias, a situação será ainda mais caótica.

Rose de Freitas lançou duras critica a chantagem de Eduardo Cunha ao Congresso. Isto a grande imprensa não mostrou. Deu ao vivo na transmissão da TV Senado. Fora isto, nada mais. 95% da população, inclusive o açougueiro que encontrei hoje, não viu. Não sabe.

O golpista do Eduardo Cunha, que o STF há quase 150 dias recebeu o pedido do procurador geral da República Rodrigo Janot com 11 razões fortes para afasta-lo da Câmara, não dá qualquer sinal que vai votar as mudanças necessárias para o País sair da crise.  

O que significa que Cunha/Temer quer o caos no País para responsabilizar o PT e assim conseguir as mudanças na legislação (CLT) contra os trabalhadores. Cunha não só boicotou, golpeou o governo Dilma, como continua a fazê-lo, graças aos “idiotas úteis”.

Como Temer e a FIESP não combinaram o golpe com os trabalhadores, eis as consequencias.

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