O Brasil viveu nesta quarta, 12 de maio de 2016, um dos episódios mais marcantes de sua história. Pela segunda vez, um presidente foi afastado do cargo no exercício do mandato.
Ao longo do dia, duas, entre tantas cenas que já inesquecíveis, se destacaram. Pela manhã, cercada de fiéis escudeiros, a presidente Dilma Rousseff se pronuncia sobre a decisão do Senado. Um discurso forte, direto, apontado por muitos como “irretocável”.
Dilma chegou a se emocionar e emocionar certamente uma boa parcela dos telespectadores, ao lembrar que foi vítima da tortura, venceu um câncer, mas que agora está sofrendo a “dor inominável da injustiça”. Não havia espaço para sorrisos.
Cenário bem diferente do registrado no final da tarde, quando o agora presidente em exercício, Michel Temer, empossou os ministros do seu Governo (já criticados por setores da sociedade, pela falta de diversidade. A equipe não contempla nenhuma mulher, por exemplo).
O que seu viu, nesse caso, foi uma verdadeira celebração. Até fogos foram acionados com a chegada de Temer ao Palácio do Planalto.
O presidente tinha ao seu lado também fiéis escudeiros, além de nomes como o senador Aécio Neves, um dos principais defensores do impeachment desde que perdeu, nas urnas, as eleições de 2014.
Os contrastes do Poder mostram que o país continua e continuará dividido. Mesmo que Temer proponha um Governo de “salvação nacional”, as feridas desse processo doloroso não cicatrizarão na mesma velocidade em que lágrimas deram lugar a sorrisos esfuziantes na capital federal.