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Retratos do Oeste
15/05/2016 08:03
Atualizado
13/12/2018 17:36

Cadê as panelas ?, pergunta o promotor de Justiça Ítalo Moreira

Mas preferiu o caminho de dizer que tudo é culpa das elites e da mídia golpista. Paga agora o "pato" por isso.

Artigo do promotor de Justiça criminal Ítalo Moreira Martins, de Mossoró, publicado inicialmente no Facebook, perfil do autor. Ele lembra do protesto batendo panelas pelo fim do governo do PT devido a corrupção.

"Cadê as panelas"?

Já se cobra a revolta contra a corrupção que havia com o PT no comando do país, já se afirma que a revolta não era contra a corrupção, era contra o partido. Algumas observações sobre isso.

Que há grupos que não toleram o PT é evidente, e pelo simples fato de ser PT, ou ser de esquerda, algo normal na política no mundo todo, assim como há os que não toleram os de direita.

Mas isso não é coisa nova, sempre houve intolerância ao PT, que diminuiu muito e voltou a crescer muito. Lembro-me bem a visão que muitos tinham de Lula e do PT antes do PT chegar ao poder, cansei de escutar que eram vagabundos, comunistas, baderneiros e que só sabiam fazer greve.

Mas até muitos que não tinham simpatia com o partido chegaram a dar um chance ao PT e votaram no Lula. Depois se arrependeram e voltaram a ser mais intolerantes do que eram antes.

E não foi pela atenção prioritária que o PT acertadamente deu aos mais pobres, a desculpa não cola, essa sempre foi a bandeira petista, quem votou em Lula um dia sabia disso, foi sim porque as práticas no quesito corrupção foram muito diversas do que exaustivamente se pregava antes.

Mas, se o assunto é "panela", voltamos a ela. Lula foi Presidente de 2003 a 2006, houve muitos escândalos de corrupção, entre eles o famoso e explorado mensalão. Bateram-se panelas? Não. Lula foi facilmente reeleito e em meio a um novo grande escândalo, o da compra de dossiês, chamado de "dossiê dos aloprados".

Tem início novo período, 2007/ 2010, novos escândalos de corrupção, e onde estavam as panelas?

Apenas nas cozinhas. Lula consegue a proeza de eleger alguém sem habilidade política alguma, que sem ele não ganharia nem para vereadora. Saiu do governo com altos índices de popularidade.

s pessoas ignoravam, em regra, os escândalos, e o motivo era simples, a economia ia bem, ganhava o mais pobre e ganhava o mais rico, ganhavam os menos favorecidos e ganhava a elite.

Dilma assume em 2010 e até 2013 não teve grandes problemas com popularidade, aí começa a crise (já prevista por especialista e negada por seu governo), aí chega a eleição de 2014, o modelo petista começa a cansar, se mentiu horrores para ser conquistado novo mandato, vitória suada, com toda a máquina na mão, quase não leva.

Fraudes e maquiagens nas contas públicas são descobertas, tudo para enganar o eleitor, enquanto isso a lava jato crescia e mostrava as entranhas de um esquema colossal de corrupção, algo jamais visto.

A Petrobrás foi "privatizada" às avessas, sendo usada de forma absurda para satisfação de interesses pessoais e políticos, e a crise cada vez mais aumentando atingindo a todos.

Além disso, a cada escândalo, petistas procuravam relativizar, não perdiam a chance de dizer que era invenção das elites, não deixavam de tratar como heróis quem estava sendo investigado, preso e condenado, prática essa vinda da época do mensalão, se mostravam incapazes de demonstrar o ínfimo dos rigores, de fazer a mínima crítica aos corruptos do seu partido, algo bem diferente do que faziam ao menor sinal de corrupção dos outros.

Além disso, todos (eu disse todos) os que se propuseram a exercer qualquer protagonismo no combate à corrupção no governo tiveram seus nomes enchovalhados, denegridos, espinhados nas mais sórdidas campanhas, com costumeiras reproduções de mentiras midiáticas, que se tornavam verdades em um passe de mágica nos compartilhamentos das redes sociais.

Tudo isso, entre inúmeras outras coisas, virou uma "bola de neve" que se agigantou e chegamos na intolerância que vemos ao partido atualmente.

O PT teria minimizado muito essa intolerância se tivesse a humildade no período de ter reconhecido de forma clara seus erros, se tivesse pedido desculpas à nação, se tivesse publicamente criticado os companheiros envolvidos até "a tampa" com corrupção, o que não impediria também, por óbvio, de enfatizar seus acertos.

Mas preferiu o caminho de dizer que tudo é culpa das elites e da mídia golpista. Paga agora o "pato" por isso.

As panelas não são símbolo apenas de uma elite intolerante, são também símbolo de um partido que não reconheceu os erros e que transferiu sempre a responsabilidade para os outros.

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