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ESTADO
Da redação
14/08/2016 05:25
Atualizado
14/12/2018 08:53

Seca força produtores de caju a buscar alternativas de sobrevivência na Serra do Mel

Município, que é o maior produtor de caju do RN, teve perda de 95% da produção em um ano. Prefeitura e Emater incentivam criação de animais e plantio de outras frutas.
Josemário ALves
O quinto ano de estiagem consecutivo tem deixado rastros desastrosos na economia do Rio Grande do Norte, especialmente na cultura do caju. Embora resistente, o cajueiro tem sofrido desgaste e forte ameaça na região Oeste do Estado.

A Serra do Mel, principal produtor do Estado, chegou a perder 95% em sua produção este ano – 5% a mais do que em 2015. Pelo menos 70% da copa do cajueiro morreram em consequência da seca e também em função da idade e pragas como a mosca branca.

Rico em vitamina C e excelente como fonte de proteínas e minerais, o pêndulo do caju faz sucos variados e a parte sólida é aprovada na fabricação de alimento bovino. É famoso também pelo sabor da castanha assada - principal produto de comercialização. 

O secretário de Agricultura e Pecuária de Serra do Mel, o agrônomo Braz Lino de Oliveira, afirma que o município tem perdido bastante em produção de caju. “Cerca de 70% dos dois milhões de pés plantados na década de 70 morreram”, contou ele ao jornal MOSSORÓ HOJE. Atualmente o município tem 35.880 hectares. 

Braz Lino destaca que a perda se torna maior porque o município de Serra do Mel tem uma economia essencialmente baseada na produção agrícola, com uma forte dependência das riquezas geradas pela produção de caju para sucos e castanha para exportação.

"Por conta disso, muitos pequenos produtores pararam de processar a castanha em suas ‘fabriquetas’ caseiras. Alguns ainda conseguem comprar a castanha de outros Estados como o Maranhão, Piauí e Ceará", informou o secretário.

Por conta da grande perda, o município, em parceria com outros órgãos, tem buscado a revitalização da copa do cajueiro, e outras alternativas para os pequenos produtores como criação de gado na região sul do município e produção de melancia na região norte.

Segundo o engenheiro agrônomo Eduardo Soares, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do RN (Emater/RN), a grande perda na produção de caju devido à estiagem prolongada tem gerado a migração do homem do campo para os centros urbanos da região, entre outros efeitos. 

Diante disso, a ideia é atuar para a revitalização da cultura do caju associado a outras alternativas para os produtores. 

“O município tem uma economia essencialmente agrícola. Tudo gira em torno disso. Com essa perda por conta da seca, há a migração do homem para os centros urbanos. Isso afeta a economia de forma incalculável”, enfatiza Eduardo Soares. 

“A perda dos cajueiros diminui a renda que circula no município e a arrecadação cai”, destacou o agrônomo, informando que muitas das ‘fabriquetas’ que processam castanha de caju estão tendo que importar castanha da África. 

O plano de revitalização da cajucultura consiste em criar novas áreas para criação de cajueiros. Outra aposta da Emater, Prefeitura de Serra do Mel e demais órgãos auxiliadores no projeto é mostrar aos produtores rurais novas formas de economia, como a produção de melancia, e pomares com reutilização da água de casa.

“Estamos auxiliando 320 colonos, cada um com três hectares. Também estamos trabalhando com 55 famílias com o plantio de pomares e criação de animais”, disse Eduardo Soares. Segundo ele, o plano está sendo desenvolvido na medida do possível, de acordo com os recursos.

 Serra do Mel

O município de Serra do Mel foi projetado na década de 1970 pelo então governador José Cortez Pereira para ser o principal vetor de desenvolvimento da região Oeste do Estado. São 22 vilas rurais e uma administrativa (Brasília), onde inicialmente foram assentadas pouco mais de mil famílias, e hoje têm pouco mais de 10 mil habitantes.
 
 

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