28 ABR 2024 | ATUALIZADO 14:28
POLÍCIA
Cezar Alves, Da redação
24/08/2016 05:52
Atualizado
14/12/2018 08:13

Vítimas do estelionatário o chamam de 'covarde' e pretendem visitá-lo na prisão

Felipe Calixto ostentava riqueza e usou nomes de pessoas influentes da igreja, do judiciário e da polícia para se aproximar das vítimas e roubar seu patrimônio em Mossoró/RN
O MOSSORÓ HOJE conversou com as vítimas do estelionatário Felipe Fernandes Calixto, de 24 anos, que foi preso nesta segunda-feira, 22, em frente ao Restaurante Dunas, no bairro de Capim Macio, em Natal. "É no mínimo covarde", diz o empresário José Garcia de Moura, proprietário do Salão Garcia, que funciona no prédio da Câmara Municipal de Mossoró, que perdeu mais de R$ 100 mil.

Além de José Garcia de Moura, MOSSORÓ HOJE também conversou com outras vítimas de Felipe Fernandes Calixto em Mossoró/RN. Ao contrário de Garcia, estas outras pessoas pediram para ficarem no anonimato, não por medo, mas por que ainda querem, por incrível que pareça, conversar e tem até quem quer ajudá-lo na prisão. Garcia, inclusive, pretende visitá-lo.

Felipe Calixto (foto à esquerda), para se aproximar das vítimas, ostentou riqueza e usou nomes de pessoas importantes da igreja, do judiciário e da polícia. "Ele chegou como cliente, dizendo que foi indicado pelo dr. Cícero, que é juiz de direito e meu cliente de muitos anos. Também por pessoas da igreja, onde vi ele como coroinha, até se comentando que ia fazer seminário para ser padre", conta.

Garcia acrescenta que Felipe Calixto só andava com pessoas da sociedade e confirmou que realmente ele ostentava riqueza que não tinha. Sobre esta riqueza, o delegado José Vieira, que o investigou na época do golpe em 2013, informou que Felipe Calixto chegou a contratar uma empresa de publicidade de Mossoró para cuidar da imagem pessoal dele.

Felipe exigiu que esta agência alugasse um helicóptero para ele ir para o Assú Folia de 2013 e, se não conseguisse, teria que ser uma Ferrari. Também fez questão que agência contratasse a panicat Juju, para lhe fazer companhia durante a micareta em Assú. A ideia, conforme apurou o delegado, era demonstrar poder com a ostentação para atrair mais vítimas.

O golpe era aplicado através da empresa de fachada de nome Fernandes Construções. Segundo José Vieira, Felipe Calixto é um cara muito observador. Ele pega os pontos fracos da pessoa em todos os sentidos e usa para conseguir arrancar dinheiro. "Teve uma senhora que entregou R$ 50 mil a ele, pensando que era para ajudar a um projeto da igreja", diz.

Já o empresário José Garcia de Moura (foto abaixo) disse que nem queria comprar uma casa, mas para ajudá-lo, autorizou ele fechar o negócio. Assim foi feito. Garcia disse que se desfez do carro, de um pouco de dinheiro que tinha e juntou cerca de R$ 90 mil e colocou na mão de Felipe Calixto, confiando que iria adquirir uma casa boa como investimento em Mossoró.



A casa não tinha escritura particular. Felipe Calixto dizia que assim que o negócio fosse concretizado ele providenciaria a escritura particular. Ao dono desta casa, Felipe Calixto também enganou. Comprou e não pagou. Felipe Calixto também tentou vender uma casa de Garcia em Tibau e só não conseguiu porque esta estava no nome da filha da vítima.

Somando tudo, o prejuízo do empresário Garcia ficou em aproximadamente R$ 120 mil. Assim como Garcia, as outras vítimas também perderam valores altos, confiando que teriam retorno no investimento imobiliário através da empresa Fernandes Construções. "Ele contratava pedreiros e botava para trabalhar nas casas e assim conseguia mais confiança", diz o delegado José Vieira (foto à direita).

Felipe Calixto chegou em Mossoró, preso, no início da tarde desta terça-feira, 23. Ele disse que não queria dá declaração à imprensa. Disse que não iria pedir desculpas às vítimas, mas falou que queria falar com elas.  Durante o tempo que ficou na sala de investigação, ficou o tempo todo olhando para os monitores de câmeras de segurança da delegacia.

Após ter conversado com o advogado, a serviço de um escritório em Alagoas, foi levado para a Cadeia Pública de Mossoró. Ele acredita que o escritório de advocacia de Alagoas e o de Mossoró que ele contratou vai conseguir uma liminar para responder os crimes, que ele não nega, em liberdade. Disse é a primeira vez que termina preso em função do que faz.

Para Garcia, Felipe é "uma pessoa no mínimo covarde. Uma pessoa que conquista sua amizade e você chega a fazer negócio, não por estar precisando, e sim por querer ajudar esta pessoa, e aí esta pessoa lhe trai, está entendendo? Passa uma rasteira. Eu fiquei sem o dinheiro e sem a casa. Uma pessoa desta é, no mínimo, ou poderia chamá-lo, de covarde", diz.

Apesar de classificaálo como uma pessoa covarde, o empresário José Garcia disse que pretende visitá-lo na prisão. Ele explica isto em vídeo.


Delegado fala em sentimento e dever cumprido

O delegado José Vieira, que investigou o caso em 2013, informou que concluiu a investigação indiciando Felipe Calixto sete vezes por crime de estelionato e três de falsidade ideológica, e declarou que o sentimento da equipe da Delegacia de Defraudações de Mossoró é de dever cumprido. Vieira iniciou a investigação, encontrou as provas, conseguiu a ordem de prisão preventiva na Justiça, realizou diligências em vários estados procurando o suspeito, finalizando com a prisão em Natal nesta segunda-feira. "Agora é com a Justiça", destaca o delegado, elogiando o empenho dos policiais que trabalharam nas investigações com Felipe.

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