05 MAI 2024 | ATUALIZADO 10:43
POLÍCIA
Cezar Alves
10/09/2016 10:40
Atualizado
12/12/2018 23:48

Mossoró registra queda de 34,2% nos homicídios nos meses de julho e agosto em relação a maio e junho

Queda nos homicídios de julho e agosto é com relação aos meses de maio e junho deste ano. Dados são do Observatório da Violência do Rio Grande do Norte que acompanha caso a caso
Cezar Alves
Os primeiros oito meses de 2016 foram os mais violentos da história do Rio Grande do Norte, em consequência, principalmente, da falta de investimento no sistema prisional, polícia judiciária e a falta de continuidade do uso do mapeamento prospectivo da violência pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social.

Os dados são do Observatório da Violência do Rio Grande do Norte (OBVIO), que documenta com precisão as Condutas Violentas, Letais e Intencionais (CVLI) no RN, acompanhando caso a caso, determinando o perfil da vítima, localização e etc. A ideia é ampliar o debate sobre o trabalho de implantação de políticas públicas de segurança no Estado.

Nos primeiros oito meses deste ano, foram registrados 1.307 CVLIs no RN. Deste total, 154 em Mossoró e 399 em Natal. Um dado interessante é que nos meses de março, maio, junho e julho a capital do RN registrou o mesmo número de CVLIs: 56.

Veja quadro:



Com relação a Mossoró, os primeiros meses de 2016 foram assustadores. Os meses de janeiro e fevereiro registraram 27 CVLIs cada, seguido de 21 em março. Os números continuaram assustando até o mês de junho, quando começou a cair. Ou seja, os meses de julho e agosto registraram 25 CLVIs contra 38 registrados nos meses de maio e junho, o equivalente a uma queda de 34,2%.

Veja quadro:



Para o delegado Regional de Mossoró, Denis Carvalho da Ponte, o sobe e desce no número de homicídios mês a mês durante o ano em Mossoró pode ter relação com alguns eventos. Destaca o final do ano, quando o cidadão naturalmente reflete o que vivenciou durante o ano e reage. Isto explicaria os homicídios planejados por vingança.

O especialista em segurança pública e coordenador do OBVIO, Ivenio Hermes, lista alguns fatores para o crescimento no número de homicídios, que se combatidos, consegue-se reduzir o número de ocorrências de Condutas Violentas, Letais e Intencionais.

Para Ivenio Hermes, “o caos do sistema penitenciário era anunciado pela falta de capacidade de gerir recursos da administração de Rosalba Ciarlini, deixando retornar aos cofres da União recursos para construir presídios em Mossoró, Macau, Lajes, Ceará-Mirim e Parnamirim. Amenizaria o caso. Porém negligenciou e atolou o RN em três grandes buracos”:

1 - Não proveu condições das penitenciárias funcionarem bem;
2 - Não construiu novas instalações, superlotando as existentes;
3 – Não investiu na ampliação da estrutura de polícia judiciária/perícia forense e menos ainda para ampliar o contingente de policiais civis na mesma proporção ou mais dos crimes que estavam acontecendo na época e já dava sinais de que se não investisse, o quadro pioraria”;

O governador Robinson Faria recebeu o que se pode chamar de “bomba” para administrar nos presídios e também nas ruas. O caos nos presídios já havia se estendido às ruas e começava a fazer efeitos.  “Mas este governo também errou, quando não permitiu a continuidade do uso do mapeamento prospectivo da violência pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social para enfrentar o crime no RN com mais precisão”, disse.

O quadro de condutas violentas, letais e intencionais, conforme Ivenio Hermes, só vai se reverter quando o Estado (Município, Estado e União) unir forças para adotar meios de formação dos jovens de forma que ele não fique exposto aos marginais e sim, num ambiente educacional sadio, que possa estudar, aprender uma profissão, praticar esportes e atividades culturais com a participação direta dos pais.

Ainda conforme Ivenio Hermes, além de cuidar da formação do cidadão, o Estado precisa superar as questões estruturais das forças policiais para enfrentar o crime organizado nas suas mais diversas esferas, com policiamento ostensivo, policiamente investigativo, Ministério Público e Justiça funcionando bem e principalmente presídios com capacidade mínima de ressocialização e não de transformação de presos em monstros.
 

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